China e elétricos no vermelho. Mercedes já tem plano para virar o jogo

Depois de um 2024 particularmente difícil, marcado por uma queda na venda de elétricos e também no segmento de luxo — especialmente na China —, a Mercedes-Benz decidiu rever toda a sua estratégia.

O novo plano será revelado amanhã, dia 20 de fevereiro, durante a apresentação dos resultados financeiros de 2024.

Apelidado de “Mastering Transformation”, neste novo plano, Ola Källenius, o diretor-executivo da Mercedes-Benz, vai apresentar novas medidas para contenção de custos, assim como uma nova estratégia para o mercado chinês e para os elétricos.

Os números que estão a preocupar a Mercedes

No ano passado, a Mercedes-Benz vendeu 2 389 000 unidades a nível global, uma redução de 4% face a 2023. Destes, apenas 9% (204 600 unidades) eram elétricos, refletindo uma queda acentuada de 22% em relação ao ano anterior.

Foram registadas quedas nos principais mercados da marca, com descidas de 7% na China, o seu maior mercado individual e de 3% na Europa, enquanto na Alemanha (mercado doméstico) as vendas recuaram 9%.

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Por outro lado, as vendas cresceram na América do Norte (EUA, Canadá e México) e no resto do mundo, 8% e 4%, respetivamente.

Segmento de luxo em dificuldades

Quando partimos as vendas por segmento, constata-se que é nos extremos onde estão os problemas. No segmento “Top-end” (luxo), apesar do último trimestre de 2024 ter sido muito positivo (+34%), no acumulado do ano as vendas recuaram 14% em 2024 para as 281 500 unidades.

Estes são os carros que dão as melhores margens de lucro ao construtor, mas são vários os que estão em dificuldades, como, por exemplo, o elétrico EQS. A queda deste segmento é justificada também pela performance no mercado chinês.

No extremo oposto, no segmento “Entry” (entrada), a queda foi idêntica: 14%, tendo vendido 534 800 unidades. É aqui que encontramos modelos como os Classe A, Classe B ou os GLA e EQB.

As boas notícias vêm do segmento “Core” (principal), que é também aquele que gera mais volume na Mercedes-Benz. As vendas subiram 6%, para as 1 167 100 unidades, consequência da boa performance de modelos como o Classe E e o GLC.

Apesar do aumento, este foi insuficiente para compensar as perdas registadas nos outros dois, tornando urgente a adoção de novas medidas.

Medidas já tomadas

Recordamos que, em 2022, o plano da Mercedes-Benz — chamado de “The Economics Desire” — era o de se concentrar mais nos segmentos mais altos, reduzindo a aposta e dependência nos modelos de entrada, mesmo que isso sacrifique algum volume.

Nesse plano, a expetativa era de atingir margens de 14% e até as superou ainda nesse ano de 2022, ao terem sido de 16,4%. Em 2023 a margem baixou para 12,6% e as previsões para 2024 são mais pessimistas: deverão rondar apenas os 8%.

Face a esta contração de resultados, ainda no final de 2024, a Mercedes-Benz já tinha anunciado várias medidas, como redução dos custos em larga escala e apostar na personalização — sobretudo nos carros de luxo —, elevando a receita e margem gerada por cada veículo.

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Além disso, vai lançar novos modelos, destacando-se a nova geração do CLA, que estreia uma nova plataforma e cadeia cinemática elétrica, que promete níveis referenciais de eficiência.

Fonte: Automotive News Europe

Fernando Gomes

Entrou no universo dos automóveis através do design, hoje expressa a sua paixão pelo automóvel na escrita.

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