Volvo já não vai ser 100% elétrica até 2030 por dois motivos

A eletrificação da gama Volvo vai continuar mas o ritmo da transição será mais lento. A construtora nórdica justifica esta decisão por duas razões: “alterações nas condições de mercado e exigências dos clientes”.

O objetivo definido no início da década apontava noutro sentido: eletrificação total até 2030. Para contexto, recordamos a entrevista da Razão Automóvel a Susanne Hägglund — à epoca, Managing Director da Volvo Car Portugal e atualmente Head of Global Offer da Volvo Cars.

Nessa altura, as metas de futuro da marca para todos os mercados estavam definidas: até 2025, metade das vendas da Volvo seriam carros elétricos, e em 2030 acabariam definitivamente os motores de combustão.

No entanto, o abrandamento na procura dos 100% elétricos — que continua a aumentar mas não ao ritmo esperado — fez com que muitos construtores tivessem de ajustar a estratégia. A Volvo não foi exceção.

“Quando se passa por uma transição tão complexa, o pragmatismo vence. Na Volvo Cars não somos dogmáticos quanto às nossas ambições para 2030. O mais importante é fornecermos os produtos que os nossos clientes desejam.”

Jim Rowan – CEO da Volvo Cars

“Estaremos prontos para nos tornarmos totalmente elétricos nesta década, mas se a infraestrutura de mercado e a aceitação do cliente ainda não estiverem concluídas, podemos permitir que isso demore mais alguns anos”, explicou o «patrão» da Volvo.

Durante a apresentação do novo Volvo XC90, Jim Rowan explicou os motivos desta redefinição de planos: “A transição para a eletrificação não será linear, uma vez que os clientes e os mercados estão a evoluir a velocidades diferentes”.

Desde 37 894 euros

Conduzimos o Volvo EX30. Um elétrico à medida dos portugueses

8.5/10

Um SUV 100% elétrico premium, bem equipado, com um preço base de 37 894 euros. É isso que o Volvo EX30 promete. Mas será que chega?

Miguel Dias

Por esse motivo, o CEO da marca acrescentou ainda que “continuaremos a investir nos nossos híbridos para que, independentemente da fase em que a condução elétrica se encontre, exista sempre um Volvo adequado a todas as situações e necessidades”.

Elétricos e híbridos

Desta forma, uma das alterações mais claras foi a que nos foi apresentada ontem. A ideia inicial seria o Volvo EX90 substituir totalmente o XC90. São ambos SUV topo de gama, com sete lugares a bordo, que encaixam perfeitamente em diversos mercados.

No entanto, e uma vez que poderá ser “demasiado cedo” para existirem apenas versões 100% elétricas disponíveis, o Volvo XC90 ganhou uma nova geração e, com ela, mais uns anos de vida. Recebeu uma atualização no visual e uma ligeira otimização do sistema híbrido plug-in, tecnologia em que a Volvo vai continuar a apostar.

As metas continuam a ser ambiciosas

Agora, a ambição da Volvo é que em 2030, entre 90 e 100% das suas vendas globais sejam de modelos eletrificados (elétricos e híbridos plug-in). Os restantes 0-10% são referentes a versões equipadas com motor de combustão interna, sempre a gasolina, em conjunto com um sistema híbrido simples, ou mild-hybrid.

A viagem da Volvo para uma gama 100% eletrificada, no entanto, continua em andamento. No final da apresentação de ontem tivemos direito a um teaser do modelo que dará continuidade à renovação da gama elétrica (depois do EX30 e do EX90): o Volvo ES90.

E entretanto já surgiram os primeiros rumores sobre o futuro Volvo EX60, previsto para 2026, que será construído sobre uma nova plataforma que, segundo vários rumores, será o primeiro a recorrer à tecnologia de «mega casting» na sua produção.

Relativamente ao compromisso de descarbonização da sua atividade industrial, mantém-se tudo como estava planeado. O objetivo da Volvo Cars é ser neutra em carbono até 2040. A primeira fábrica a atingir este objetivo foi a fábrica de Torslanda (Suécia) em 2021, seguindo-se a fábrica de Taizhou (China) em 2024. Em 2026 será a vez da nova fábrica de Kosice (Eslováquia).

André Mendes

Jornalista automóvel desde o final dos anos 90. Assistiu às grandes transformações do setor e acredita que o melhor ainda está para vir.

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