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Volvo Cars. Os desafios a ultrapassar em direção à eletrificação total

A Volvo Cars reportou um 2022 positivo e revelou as suas elevadas ambições para os próximos anos como os desafios a superar para as atingir.

Volvo EX90 frente
© Volvo

Durante a apresentação online a que assistimos dos resultados financeiros da Volvo Cars ficámos a saber bem mais do que só sobre os números de 2022.

Ficámos sobretudo com uma noção clara dos desafios que o construtor sueco enfrentou e terá de continuar a enfrentar para se tornar uma marca totalmente elétrica em 2030 — desafios partilhados por toda a indústria.

Os números de 2022

O ano de 2022 foi marcado na indústria automóvel pela escassez de componentes como os semicondutores; os confinamentos na China devido à pandemia; e pela guerra na Ucrânia que está a ter um impacto substancial na economia, aumentando e muito os custos energéticos, logísticos e materiais, dando mais força à inflação crescente que já se fazia sentir.

Volvo C40 vista dianteira 3/4
© Volvo As vendas de elétricos aumentaram e muito na Volvo. Não só devido ao primeiro ano completo de vendas do C40 Recharge, como pelo aumento de vendas do XC40 Recharge.

Apesar de tudo isto, a Volvo Cars teve um 2022 positivo, reportando um aumento da faturação em 17% (29,43 mil milhões de euros) e dos lucros em 10% (1,988 mil milhões de euros) face a 2021. Contudo, as vendas globais contraíram em 12% (615 100 unidades), assim como a margem operacional que diminuiu de 7,2% (2021) para 6,8% (2022).

Os números de vendas podem estar mais baixos, mas quando os esmiuçamos, constatamos que as vendas dos elétricos da marca, os XC40 Recharge e C40 Recharge, estão a subir, representando 11% do total das vendas, um salto substancial dos 4% conseguidos em 2021. Se juntarmos os híbridos plug-in às contas, a quota dos modelos de ligar à tomada na Volvo foi de 33%.

Uma tendência que continuará em 2023 — como já pudemos constatar nas vendas de janeiro da marca em Portugal e do mundo, onde mais de 40% das vendas foram só de modelos 100% elétricos — e que será acelerada no último trimestre do ano com a chegada de novos modelos exclusivamente elétricos.

Os desafios para 2023 e anos seguintes

A Volvo Cars prevê um 2023 melhor que 2022, tendo em consideração não só o alívio das restrições na China (o maior mercado individual da Volvo) devido ao Covid-19, como também ao alívio da crise dos chips. Isto vai permitir satisfazer muitas encomendas feitas ainda em 2022.

Porém, os desafios a ultrapassar nos próximos anos são grandes face aos objetivos muito ambiciosos da Volvo, sejam ao nível da eletrificação (objetivo de 50% das vendas serem de elétricos até ao final de 2025), como do crescimento das vendas (1,2 milhões de unidades por ano no mesmo período de tempo, quase duas vezes mais do que em 2022).

O maior desafio está no preço das matérias-primas para fazer veículos elétricos, que está muito alto e assim deverá continuar em 2023 — o custo do kWh aumentou em 2022.

Um dos problemas reside na escassez de lítio (e outras matérias-primas), que deverá agravar-se nos próximos anos, mantendo o preço em níveis elevados. Tudo porque a procura está a crescer muito mais depressa que a oferta (extração e processamento).

Jim Rowan, diretor executivo da Volvo Cars, reconhece o problema “agora”, mas prevê que nos próximos anos este diminua. Sobre o preço do lítio, por exemplo, Rowan previu que deverá começar a baixar já a partir do segundo semestre do corrente ano.

Jim Rowan, CEO of Volvo Cars
© Volvo Jim Rowan, diretor executivo da Volvo Cars.

Avançou que até espera atingir a paridade de custo entre os veículos elétricos e o de veículos com motor de combustão interna tão cedo como o meio da década. Mas reconhece que parte dessa paridade acontecerá não só pela redução dos custos dos veículos elétricos, como pelo aumento dos custos dos veículos a combustão, que têm novas normas, como a Euro 7, para cumprir.

Dito isto, os números da Volvo Cars mostram como ainda há uma diferença considerável em rentabilidade entre os dois tipos de veículos: a margem (bruta) nos seus veículos elétricos foi de 8,2%, mas nos seus outros veículos foi de 21,4%.

Volvo EX90 e EX30 teaser
© Volvo O EX30 (esq.) será a par do EX90 (dir.) as duas grandes novidades da Volvo para este ano

Mais modelos para duplicar as vendas

Para conseguir (praticamente) duplicar as vendas até ao final de 2025, Rowan replica que tal será possível graças ao lançamento do EX30, um SUV elétrico compacto, mais pequeno que o XC40, que vamos conhecer no decorrer de 2023 e que será lançado no último trimestre deste ano.

Ao que se juntará o novo EX90 na mesma altura, o seu maior SUV elétrico já revelado no final do ano passado e que já tivemos oportunidade de o conhecer ao vivo, em Estocolmo, Suécia:

Além destas duas novidades absolutas, Jim Rowan avançou mais quatro a cinco novidades até meio da década para atingir os objetivos impostos, pelo que a Volvo Cars vai ter as «mãos cheias» nos próximos tempos.