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Carros estão cada vez mais largos mas as ruas não. Conheça os números

De acordo com a T&E, os carros novos vendidos na Europa estão a ficar mais largos de ano para ano e a tendência não mostra sinais de abrandar.

Ford Ranger Raptor estacionada entre dois carros
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

De acordo com a Transport and Environment (T&E), os carros novos em circulação na Europa estão a ficar cada vez largos e a tendência é a de ficarem ainda mais.

A T&E comparou a largura dos 100 carros mais vendidos em 2018 com os 100 carros mais vendidos em 2023 e constatou que a largura média subiu dos 177,8 cm para os 180,3 cm. Isto significa que a largura média dos carros aumentou um centímetro mais ou menos cada dois anos.

A reforçar esse argumento, o ICCT (International Council on Clean Transportation) também constatou a evolução da largura média dos carros entre 2001 e 2020 e a tendência é clara: subiu de 170,5 cm para 180,2 cm, respetivamente.

Land Rover Defender P400e PHEV frente
© Sofia Teixeira / Razão Automóvel — editado por Thomas V. Esveld SUV de grandes dimensões como o Land Rover Defender estão entre os modelos que mais contribuem para a largura crescente dos automóveis. No caso do Defender fica a milímetros dos dois metros de largura, o mesmo acontecendo com outros modelos do seu segmento.

«Mais centímetro, menos centímetro»

Um dos problemas deste alargamento está relacionado com as infraestruturas concebidas para automóveis — parques de estacionamento, por exemplo —, que não acompanharam este aumento de dimensões. Os lugares de estacionamento e até as ruas começam a ser demasiado pequenas.

“A tendência verificada de veículos cada vez mais largos está a reduzir o espaço rodoviário disponível para outros veículos e ciclistas, ao mesmo tempo que os automóveis estacionados estão a invadir cada vez mais os passeios.”

European Federation for Transport and Environment (T&E)

O aumento da largura média é transversal a todo o tipo de automóveis, mas o apetite do mercado por SUV nas últimas duas décadas acelerou esta tendência.

Como exemplifica a T&E, a largura mínima para um lugar de estacionamento em muitas cidades europeias é de 180 cm, mas já são muitos os SUV com praticamente 200 cm de largura (sem contar com os retrovisores), deixando de caber nestes locais. Aliás, 52% dos 100 modelos mais vendidos em 2023 têm uma largura de 180 cm ou mais.

© Transport & Environment

Para além de os carros estarem mais largos e as ruas estarem a (parecer) ficar mais apertadas, isto dificulta também as manobras e aumenta o risco de segurança para os restantes utilizadores, como peões e ciclistas, reduzindo o espaço disponível para a sua circulação.

Além disso, o aumento da largura permite que os carros cresçam em altura e isto aumenta o perigo para os peões e ciclistas, como refere a T&E: “um aumento de 10 cm na altura da frente dos veículos aumenta em 30% o risco de fatalidade em caso de colisão com um peão ou um ciclista”.

Há solução?

A T&E sugere que a União Europeia (UE) reveja a largura máxima que os novos veículos podem ter. Efetivamente, já existe um limite de 255 cm, mas apesar de nada o indicar na lei, foi estabelecido sobretudo para impor um limite aos veículos pesados de passageiros (autocarros) e mercadorias (camiões).

as cinco gerações da SEAT, com a nova versão limitada de aniversário
© SEAT Mesmo nos carros pequenos, o aumento da largura é inegável. Se considerarmos só os SEAT Ibiza lançados neste século, da terceira geração até à quinta atual, o aumento foi de quase 9 cm (de quase 170 cm para 178 cm).

Ou seja, nada impede de um construtor de lançar um automóvel ligeiro com 2,5 m de largura.

A T&E sugere, para além de limites à largura que os carros podem ter, que as tarifas de estacionamento sejam proporcionais ao seu tamanho e peso. Ou seja, que paguem pelo espaço a mais que ocupam.

Algo que já está a começar a acontecer, tendo em conta o resultado do referendo que aconteceu em Paris, França. Foi aprovado que todos os veículos com mais de 1600 kg a combustão e com mais de 2000 kg a eletricidade paguem três vezes mais para poderem estacionar na cidade.

Apesar de ser transversal a todos os veículos, esta medida deverá afetar, sobretudo, os SUV de média e grande dimensão.

Fonte: T&E

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