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Foi produzido o último motor VR6 da Volkswagen

O VR6 é um dos motores mais icónicos da Volkswagen e agora chega ao fim, depois de 34 anos em produção e muitas alegrias dadas.

Motor 3.2 VR6 do Golf R32
© Volkswagen

Tudo tem um princípio e um fim e, no caso do icónico motor VR6 da Volkswagen, o fim chegou no dia 12 de dezembro de 2024, com a produção da última unidade.

O anúncio foi feito no Linkedin por Andreas G. Schleith, gestor de comunicação da Volkswagen: “Depois de 34 anos e quase 1,87 milhões de unidades produzidas, o icónico VR6 despede-se”.

O Volkswagen Corrado e o Passat (B3) foram os primeiros a receber o VR6 em 1991 — 2,8 l de capacidade, duas válvulas por cilindro e 174 cv —, mas desse ponto em diante, encontrou lugar em inúmeros compartimentos de motor de inúmeros Volkswagen, Audi, SEAT e até Porsche.

Volkswagen Corrado VR6, frente 3/4
© Volkswagen Volkswagen Corrado VR6.

O Golf R32 — 3,2 l, quatro válvulas por cilindro e 250 cv — é, talvez, o modelo mais emblemático a usufruir do VR6, mas acabou por equipar quase todo o tipo de veículos: dos monovolumes de Palmela ao primeiro SUV da Porsche, passando até por autocaravanas…

Os entusiastas talvez gostassem de ver o último dos VR6 a equipar uma máquina de atributos mais desportivos — um hot hatch ou um coupé —, mas a despedida deste motor acabou por se fazer num conservador SUV, vendido exclusivamente na China.

Audi Q6, frente
© Audi Audi Q6, o último a ser equipado com um motor VR6.

Trata-se do Audi Q6 — não confundir com o novo e exclusivamente elétrico Q6 e-tron —, que é também o maior SUV alguma vez feito pela Audi. Por detrás da designação abstrata 50 TFSI esconde-se um VR6 com «apenas» 2,5 l. Graças à ajuda de um turbocompressor, o último dos VR6 despede-se com 300 cv e 500 Nm.

Porquê VR6?

A designação VR6 não foi uma invenção qualquer do departamento de marketing. Sim, continua a ser um seis cilindros em “V”, mas combina essa arquitetura com algumas características dos motores em linha, em alemão, Reihenmotor, justificando o “R”.

Motor VR6 TSI
© Volkswagen

A diferença do VR6 para outros motores V6 reside no ângulo muito estreito do “V”, de apenas 15º. Num V6 tradicional costuma ser de 60º, mas também encontramos seis cilindros em “V” com ângulos de 45º, 90º e, mais recentemente, com 120º, como se viu na McLaren e Ferrari.

Graças a este ângulo estreito entre os cilindros, foi possível usar apenas uma cabeça e duas árvores de cames para comandar todas as válvulas — ao invés de duas e quatro, respetivamente, num V6 tradicional. O que ajudou a simplificar a construção do motor e reduzir os custos.

Além de que, ao ser mais estreito que um V6 tradicional, não ocupava muito mais espaço que um motor em linha. O que facilitou imenso montá-lo em tantos modelos de tração dianteira e motor em posição transversal do grupo alemão. E ficaria mais compacto, quando do VR6 a Volkswagen fez um VR5.

Esta configuração trazia algumas limitações devido ao comando das válvulas único e ângulo das mesmas, mas não foi impedimento para expandir o conceito a outras arquiteturas. Acabou por servir de base aos motores W8, W12 e até ao W16 da Bugatti. Sim, na base do motor do Veyron e do Chiron está o motor de… um Golf.

Nas palavras de Andreas G. Schleith: “o VR6 pode estar a reformar-se, mas o seu legado continuará a rugir”.