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Honda rasga os livros com motor em V de três cilindros e turbo

Tem três cilindros em V, um turbo elétrico e não necessita de intercooler. É novo motor da Honda para a próxima geração de motas de cilindradas elevadas.

Turbocompressor do motor V3 Honda
© Honda

Para já, os detalhes ainda são escassos. Mas há vários motivos de interesse no novo motor que a Honda anunciou no EICMA em Itália — um dos maiores salões do mundo dedicado às duas rodas.

Enquanto a divisão de automóveis da Honda desacelera o desenvolvimento e produção de motores de combustão, a divisão de duas rodas da marca japonesa continua a investir em novas soluções para incrementar a potência e a eficiência dos motores que ainda queimam gasolina.

Para o fazer, rasgou os livros e as convenções mais tradicionais na indústria das duas rodas. Quando este motor for lançado — as previsões apontam para 2026 —, será o primeiro motor tricilíndrico de arquitetura em V com turbocompressor elétrico do mundo. Segundo a Honda, este novo bloco equipará uma nova geração de motas de grande cilindrada da marca japonesa.

A vantagem do três cilindros em “V”

Em termos de arquitetura estamos na presença de um motor de três cilindros em “V” a 75º. Dois cilindros estão para a frente, enquanto que o cilindro que sobra fica para trás.

Motor V3 Honda montado num quadro
© Honda Neste protótipo, o motor Honda V3 Turbo é utilizado como elemento estrutural.

Recordamos que a arquitetura mais convencional nas motas, quando o objetivo é alcançar potências elevadas, são os motores de quatro cilindros, seja em linhaou em “V”. No entanto, esta arquitetura V3 permite tornar a secção frontal das motas mais estreitas e na zona de encaixe das pernas.

O problema da potência

Para colmatar o problema da potência (ou da falta de um cilindro), a Honda foi buscar à prateleira dos “perdidos e achados” uma tecnologia que já não utilizava nas suas motas desde 1982. Falamos da tecnologia turbo que estreou na Honda CX500TC, a primeira mota do mundo com motor turbocomprimido.

honda cx 500 tc
© Honda A Honda CX500TC esteve longe de ser um sucesso comercial. Foi sobretudo uma montra tecnológica para a marca japonesa.

É uma solução pouco convencional no mundo das duas rodas por dois motivos: 1) a necessidade de binário não é tão premente como nos automóveis; 2) a entrega de potência num motor turbo não é tão linear, e a linearidade é um fator crítico nas motas.

Para colmatar esse problema de entrega de potência — e resolver pelo caminho alguns problemas conceptuais de que falaremos adiante —, a Honda adicionou um truque ao turbo. Ao contrário do que é habitual, este turbo não é acionado pelos gases de escape, mas sim por um motor elétrico.

Isto permite que o turbo comprima ar para a admissão desde as baixas rotações e sempre de forma controlada, por via da eletrónica.

O motor V3 montado num quadro
© Honda Imagem geral do protótipo do motor Honda V3 Turbo.

Por outro lado, ao não recorrer aos gases de escape, abdica do intercooler (não há necessidade de arrefecimento na admissão) e das complexas ligações ao coletor de escape. Devido às limitações de espaço, o arrumar (packaging) de componentes nas motas é sempre mais difícil.

Isto deu liberdade quase total aos engenheiros da Honda para posicionar o turbo onde bem entenderam. Segundo este protótipo, o turbo ficará situado na parte superior do motor, por cima dos corpos de admissão, imediatamente abaixo do depósito de combustível.

Kawasaki H2
© Kawasaki Atualmente, a Kawasaki H2 é a única mota em comercialização com motor turbocomprimido.

O primeiro de muitos motores V3 turbo?

A marca revelou que continuará o desenvolvimento deste motor V3 Turbo até à sua chegada ao mercado, algures em 2026. O foco incidirá em modelos de elevada cilindrada.

Embora a Honda não tenha confirmado quais os modelos específicos que vão receber este motor, as imagens sugerem que uma das candidatas prováveis é CB1000R — uma naked desportiva.

Seja qual for o modelo escolhido pela Honda, poderá iniciar-se aqui a massificação dos motores turbo também nas duas rodas? Só o futuro o dirá.