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Este 458 foi a «mula de testes» do LaFerrari e agora vai a leilão

Antes do LaFerrari ser o LaFerrari, a Ferrari modificou um 458 Italia para servir de «mula de testes» para o seu V12 e sistema híbrido.

Ferrari LaFerrari Mula de testes 458

Não é comum ver uma «mula de testes» em mãos privadas — por norma ou são destruídas ou mantidas pelo construtor para continuarem a servirem de protótipos de testes —, muito menos uma que serviu para o desenvolvimento do Ferrari LaFerrari.

O LaFerrari quase dispensa apresentações. Foi o primeiro supercarro híbrido da marca do cavalinho rampante e é uma das partes da chamada “Santíssima Trindade”: as outras duas são os também fantásticos McLaren P1 e Porsche 918 Spyder.

Todos eles lançados em 2013, representaram um momento pivotal na evolução dos supercarros, ao combinarem pela primeira vez  hidrocarbonetos com eletrões, sendo os primeiros com cadeias cinemáticas híbridas.

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Ferrari LaFerrari mula de testes M6

O Ferrari LaFerrari era o único dos três equipado com um V12 naturalmente aspirado — os outros dois estavam equipados com motores V8. Com 6,3 l de capacidade entregava 800 cv de potência a umas inebriantes 9000 rpm, mas a sua máquina elétrica adicionava mais 163 cv de potência, elevando o total até aos 963 cv.

Foram produzidas 499 unidades (mais uma para o Papa) ao qual se juntaram mais 210 unidades do LaFerrari Aperta, a versão descapotável.

Ferrari LaFerrari mula de testes M6

Projeto F150

Mas antes do LaFerrari ser o LaFerrari, o desenvolvimento do então projeto F150 foi dividido em três fases, com a primeira delas a servir para efetuar os primeiros testes de estrada da sua inovadora cadeia cinemática híbrida.

Para isso, a Ferrari recorreu ao seu outro supercarro de motor central traseiro na altura, o 458 Itália (Type F142). Contudo, o compartimento do motor do 458 estava dimensionado para um V8 e não para um mais comprido V12 com uma máquina elétrica acoplada.

Foi necessário modificar a estrutura em alumínio do 458 para «encaixar» a nova mecânica, dando assim origem a esta «mula de testes» designada M6. Foi usada entre maio de 2011 e dezembro de 2012.

Como curiosidade, a versão do V12 que equipava este protótipo M6 era a F140FB, enquanto o LaFerrari de produção recebeu uma iteração posterior, a F140FE.

Ferrari LaFerrari mula de testes M6

Além das modificações ao compartimento do motor, os engenheiros da Ferrari adaptaram as torres de suspensão, para perceber como melhor gerir a distribuição das massas, com esta «mula de testes» a servir ainda para desenvolver o sistema de travagem, direção, suspensão e integração dos pneus.

O M6 recebeu também a primeira aplicação do ESP (sistema eletrónico de estabilidade) que seria usado no LaFerrari.

As outras duas fases, denominadas “Second Family Mulotipo” e “Third Family Preserie”, respetivamente, uma segunda família de «mulas de teste» e uma terceira (e final) família composta por unidades pré-serie, requisitaram outro tipo de protótipos de teste, cada vez mais próximos do modelo final de produção.

Ferrari LaFerrari mula de testes M6

Vendido em 2016

Apesar de raro, não é inédito ver uma «mula de testes» Ferrari ser vendida a privados. Trata-se de uma espécie de recompensa da Ferrari aos seus clientes mais fiéis, «oferecendo-as» após deixarem de servir o seu propósito.

Foi o que aconteceu com o M6, que foi vendido a um cliente em julho de 2016, tendo sido alvo ainda de uma renovação e de uma nova pintura antes de ser entregue. O único problema é que não pode ser usado na via pública, nem a Ferrari quer que seja usado em circuitos públicos de corrida. Conduzi-lo, só mesmo em terreno privado.

Apesar das limitações à circulação, o odómetro conta com 3322 km, dando a entender que este M6 tem visto alguma ação ao longo dos anos.

O protótipo de testes vai ser novamente vendido, desta vez num leilão organizado pela RM Sotheby’s, no próximo dia 14 de maio no Mónaco.

Ferrari LaFerrari mula de testes M6

Destaca-se pela sua cor exterior preto (Nero) mate e interior em Pelle Beige. Certos painéis e secções da carroçaria estão cortados ou têm um acabamento grosseiro, mas o mais intrigante é trazer um conjunto de painéis secundários que serviram de camuflagem durante os seus testes de estrada.

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Tendo em conta o estatuto de protótipo de testes, nada está «arrumado» e «limpo» como se espera num carro finalizado. Há fios expostos, escudos de calor temporários no compartimento do motor e tubos e mangueiras salientes que não o deveriam estar.

Mais curioso é o M6 trazer no interior anotações feitas com marcador, notas de testes impressas coladas ao tabliê e também partes mecânicas expostas atrás dos bancos.

Este protótipo de testes é oficialmente reconhecido pela Ferrari e com ele vem inclusive um certificado emitido pela Ferrari Classiche.