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Municípios vão receber menos 40 milhões de euros com o IUC e culpam o Governo

A Associação Nacional de Municípios aponta o dedo ao Governo e critica o facto de perder parte da receita do IUC que atualmente recebe.

No próximo ano, os municípios vão receber menos 40 milhões de euros em receita proveniente do Imposto Único de Circulação (IUC). E não está previsto receberem nada do agravamento de até 25 euros que o Estado quer cobrar a mais aos carros anteriores a julho de 2007.

Citada pelo Negócios, a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), liderada por Luísa Salgueiro, aponta o dedo ao executivo liderado por António Costa e afirma tratar-se de uma “apropriação por parte do Estado”, ainda para mais porque para 2024 está em cima da mesa um “aumento substancial de receita de IUC”.

Recorde-se que com o agravamento do IUC para veículos ligeiros com matrícula anterior a julho de 2007 e com a atualização — para todas as categorias — à taxa de inflação prevista, o Estado vai arrecadar mais 98,2 milhões de euros em receita de IUC em 2024, um aumento de 20,1% face a 2023. O que totalizará 870,8 milhões de euros (receita bruta estimada), um valor recorde para este imposto.

No parecer que fez à proposta do Orçamento do Estado para 2024, e como se pode ler no Negócios, a ANMP destaca que há “medidas muito positivas para os municípios”, mas reforça a necessidade de alteração, em sede de especialidade, de “um conjunto de outras matérias importantes”, desde logo as relacionadas com o IUC.

Porque é que os municípios vão receber menos IUC?

De acordo com os autarcas, há vários problemas com a proposta do Governo, a começar na receita relativa à cilindrada da categoria A (automóveis ligeiros de passageiros com matrícula entre 1981 e 2007). Até agora a totalidade desta tinha como destino os municípios, mas o Governo propõe que a partir de próximo ano, 30% dessa receita passe para o Estado central.

“O Estado propõe, por esta via, apoderar-se de perto de 40 milhões de euros (valores de 2022) que pertencem aos municípios”, explica a ANMP, citada pelo Negócios.

Além disso, o agravamento previsto de até 25 euros do IUC para os veículos anteriores a julho de 2007, também não impactará as receitas dos municípios. Isto porque a proposta do Orçamento do Estado pressupõe uma norma transitória, pelo que a receita em IUC a transferir para os municípios será em 2024 igual à que diga respeito a 2023.

Dessa forma, como explica a Associação Nacional de Municípios Portugueses, apesar da receita do Estado em IUC aumentar de forma significativa em 2024, na verdade a parte atribuída aos municípios vai ficar “congelada”.

Medidas “inadmissíveis”

“São duas medidas que a ANMP tem por inadmissíveis, não podendo aceitar a apropriação por parte do Estado de 30% da componente da cilindrada dos veículos na categoria A, nem o congelamento da receita dos municípios nas categorias A e E”, explica a ANMP, citada novamente pelo Negócios.

As categorias do IUC
A categoria A do IUC inclui os ligeiros de passageiros e de utilização mista com peso bruto até 2500 kg, matriculados entre 1981 e 2007. A categoria E diz respeito aos motociclos, ciclomotores, triciclos e quadriciclos matriculados desde 1992.

Além disto, os municípios defendem também que deveriam “participar na componente relativa à emissão de CO2“, a componente ambiental da fórmula do IUC, que vai para o Estado e para as Regiões Autónomas.

Segundo explica a ANMP, essa mudança seria uma forma de “apoiar o financiamento das competências e responsabilidades crescentes (dos próprios municípios) no contexto da transição verde e alterações climáticas”.

Fonte: Negócios