Notícias 95% dos automóveis feitos na Europa têm peças portuguesas. Sucesso ameaçado?

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95% dos automóveis feitos na Europa têm peças portuguesas. Sucesso ameaçado?

Quase todos os automóveis que são produzidos na Europa (95%) contam com componentes fabricados em Portugal.

Painel de instrumentos Audi
© Audi

A indústria automóvel não é apenas sobre carros a saírem da linha de montagem. Inclui igualmente uma vasta indústria de componentes.

Algo que pode ser comprovado pelo facto de as cerca de 350 empresas existentes em Portugal produzirem componentes para 95% dos automóveis fabricados na Europa.

Foi apenas um dos factos sobre a indústria de componentes de Portugal que ficámos a saber durante o último Auto Rádio, um podcast da Razão Automóvel, que teve como um dos convidados José Couto, Presidente da Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA).

José Couto referiu que a produção de componentes em Portugal é “altamente positiva” e “representa 18% das exportações”, além de contribuir para 6% do PIB nacional.

Destas (cerca de) 350 empresas, mais de 60% contam com capital maioritariamente português e empregam cerca de 62 mil trabalhadores desde 2019.

“Há 350 empresas — em Portugal — que produzem componentes para a indústria automóvel, para 95% dos automóveis fabricados na Europa e que representam 6% do PIB”

José Couto, Presidente da Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel

O volume de negócios da produção de componentes, segundo a AFIA, alcançou os 12 mil milhões de euros no final do ano passado, com uma subida de 6,9% face a 2021.

Maioria da produção destina-se a exportação

Tal como acontece com os veículos produzidos em Portugal, o principal destino dos componentes produzidos é o mercado externo.

Dos 12 mil milhões de euros de volume de negócios de 2022, mais de 85% é referente a vendas para outros países, ou seja, 10,2 mil milhões de euros. E apenas no que diz respeito às exportações, a subida em relação a 2021 foi de 7,2%.

O destino de 87,7% das exportações é a Europa, sendo Espanha o país que conta com a maior parcela, de 27,9%. Na segunda posição está a Alemanha, com 22,1% e em terceiro França, com 10,7% dos componentes exportados.

Além do continente europeu, 7% dos componentes exportados de Portugal seguem para a América, 2,8% têm África e Médio Oriente como destino e 2,5% vão para a Ásia.

Que tipo de componentes são produzidos em Portugal?

Tanto a área da metalurgia e metalomecânica, como a dos sistemas e componentes elétricos e eletrónicos, contam com um valor de 32%. Na terceira posição está a produção de plásticos, borrachas e outros compósitos, com 20%. Seguem-se os têxteis e outros revestimentos (9%), a montagem de sistemas (4%) e outras atividades de menor dimensão com os restantes 3%.

As ameaças ao futuro da indústria de componentes nacional

Há diversos fatores no horizonte que podem ditar alterações a esta história de sucesso num futuro próximo para a indústria da produção de componentes e para a indústria automóvel nacional de uma forma geral.

Tal como foi referido durante o Auto Rádio e, mais especificamente, na análise da produção automóvel nacional, a logística é um dos fatores de risco para a indústria de componentes em Portugal.

Um dos maiores problemas apontados concentra-se na ferrovia nacional, devido ao uso da bitola ibérica (largura dos eixos) em Portugal e Espanha — o meio que ganha favoritismo para transportar mercadorias —, e que coloca dificuldades em ligarmo-nos ao resto da Europa, onde estão as fábricas de automóveis.

Um problema que se agrava por Portugal ser um país periférico que hoje compete com muitos outros países no centro do continente, que, para mais, estão fisicamente mais perto de muitas das fábricas automóveis europeias.

Além disso, o plano da União Europeia para ser neutra em carbono implica reduzir o transporte de mercadorias por rodovia em cerca de 30% até ao ano 2030, «empurrando-o», sobretudo, para a ferrovia.

José Couto, presidente da AFIA, diz que as decisões sobre o rumo da ferrovia em Portugal têm de ser tomadas agora. Os investimentos da indústria são planeados a longo prazo e “hoje o país está a condicionar essas atividades e investimentos”.

“Se vamos pensar a ferrovia a partir de 2030, o que significa que nunca vou ter ferrovia a funcionar em menos de 12 anos; entretanto, há um conjunto de coisas que vão acontecer (investimentos da indústria) que vamos ficar de fora”.

José Couto, presidente da AFIA

É imperativo que se mantenha a competitividade da indústria de componentes nacional e até para reforçá-la, tendo até em consideração a transformação pela qual passa a indústria automóvel, seja pelo lado da eletrificação, da digitalização e até para ficar em conformidade com as metas ambientais da UE.

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