Notícias É assim que este gigante dos smartphones quer revolucionar a indústria automóvel

Web Summit 2024

É assim que este gigante dos smartphones quer revolucionar a indústria automóvel

O próximo passo na indústria será dado com a Inteligência Artificial e a Qualcomm, a gigante dos processadores, quer liderar a revolução. Volvo EX90 poderá ser o primeiro modelo preparado para esta tecnologia.

Cristiano Amon, CEO Qualcomm
© Razão Automóvel

A edição de 2024 da Web Summit está a ser dominada pela Inteligência Artifical (IA), que muitos apontam ser a next big thing da indústria tecnológica, sobretudo quando se fala de IA generativa, ou seja, a IA capaz de criar novos conteúdos e ideias.

Cristiano Amon, diretor executivo e presidente da Qualcomm, conhecida por criar processadores para smartphones e, mais recentemente, para automóveis, foi o escolhido para levar este tema ao palco principal da Web Summit e foi categórico: “vamos entrar na próxima geração de computação”.

O executivo brasileiro, que está na Qualcomm há mais de 20 anos, acredita que a revolução da IA ainda “está só no início” e que a IA generativa — que tem no ChatGPT o seu exemplo mais conhecido — vai mudar a forma como comunicamos com um computador (ou com os automóveis).

A IA generativa é a nova interface do utilizador, porque agora as pessoas podem falar para um computador usando uma linguagem natural. (…) Pela primeira vez, os computadores estão a falar a mesma língua que nós.

Cristiano Amon, CEO e presidente da Qualcomm

O «patrão» da Qualcomm, que fez questão de recordar que a sua empresa trabalha “com todas as fabricantes automóveis do mundo” e comparou esta transição com aquela que ocorreu quando surgiram os primeiros smartphones. E deu alguns exemplos concretos.

Cristiano Amon, CEO da Qualcomm
© Razão Automóvel Cristiano Amon, diretor executivo e presidente da Qualcomm

Amon utilizou o caso prático da marcação de um jantar para celebrar o aniversário de uma pessoa: atualmente, isso implicaria enviar uma (ou várias) mensagem à pessoa em questão para combinar uma hora e um local; definir o evento no calendário do smartphone; encontrar um restaurante e fazer uma reserva. Três passos distintos em três aplicações distintas.

Com a IA generativa, Amon explica que isso poderá ser feito em segundos, sem abrir qualquer aplicação: a pedido (seja no smartphone ou no próprio sistema do carro), a Inteligência Artificial ficará responsável por encontrar e fazer uma marcação num restaurante (com base nas indicações que lhe deu — por ex: “encontra um restaurante italiano com massa fresca”), por assinalar o evento no seu calendário e por enviá-lo para o sistema de navegação do seu carro.

E este é apenas um exemplo. Imaginem, por exemplo, que estão no carro e querem passar a recolher o jantar num determinado restaurante: será possível pedir à Inteligência Artificial generativa do sistema do carro para fazer o pedido junto do restaurante, pagar (através de um meio de pagamento associado) e redirecionar a navegação para o local em questão.

Isto já depois da IA vos ter perguntado como correu o dia de trabalho e se fizeram todos os pontos que estavam na lista de tarefas para o dia.

A que distância estamos desta realidade?

Amon não tem dúvidas de que é para aqui que todos caminhamos e também não tem dúvidas acerca do quão próximos estamos desta realidade.

Prova disso é que a Qualcomm acaba de anunciar uma colaboração com a Google para levar a IA generativa para os automóveis equipados com o Snapdragon Digital Chassis, uma plataforma desenvolvida pela própria Qualcomm que permite combinar experiências digitais avançadas com recursos de condução autónoma.

Este sistema foi, por exemplo, o cérebro escolhido pela Volvo para responder a todos os desafios gráficos e de processamento do novo EX90, ou se preferirem, é a «força de trabalho» que alimenta toda a oferta multimédia e de condução assistida que encontramos dentro do novo topo de gama da marca sueca.

Amon não colocou um prazo para termos esta tecnologia totalmente operacional nos nossos automóveis, pelo menos com o nível de integração que os exemplos que o executivo brasileiro partilhou exigem. Mas referiu que tudo será impulsionado pela chegada da próxima geração de redes móveis, denominada 6G, que deverá surgir, segundo o próprio, “em 2028 ou 2029”.

Contudo, importa recordar que o ChatGPT, com que muitos de nós estamos familiarizados, já pode ser visto como uma forma de Inteligência Artificial generativa: por exemplo, se lhe pedirmos para fazer um poema sobre a Web Summit, ele será capaz de o fazer em segundos.

Por isso mesmo, podemos assumir que esta revolução está já ao virar da esquina. E como Cristiano Amon se cansou de repetir durante a sua passagem pelo Meo Arena, “isto é só o início”.