Notícias Nova Iorque faz 125 anos de salão automóvel mas com pouco para celebrar

Salão de Nova Iorque 2025

Nova Iorque faz 125 anos de salão automóvel mas com pouco para celebrar

O Salão de Nova Iorque celebra 125 anos em 2025, mas parece viver à sombra de Xangai, com menos novidades e marcas a apostar noutras localizações.

© Razão Automóvel

Como já vem sendo tradição na altura da Páscoa, regressámos ao Centro de Convenções Jacob K. Javits para mais uma edição do Salão Internacional do Automóvel de Nova Iorque.

Passados exatamente 125 anos, parece faltar entusiasmo. Este ano, o Salão de Nova Iorque está longe do seu auge e parece definhar. Comparado com o Salão de Xangai (China) — que arranca já na próxima semana —, passear pelos corredores do Centro Javits é quase relaxante, tal é a falta de multidões e de confusão.

A presença dos fabricantes chineses é praticamente inexistente. No seu lugar, são outros fabricantes asiáticos que tentam manter algum dinamismo, com algumas novidades, mas pouco mais do que isso.

© press inform/ joaquim oliveira Kia EV4, Salão de Nova Iorque 2025

Kia leva prémio para casa pelo segundo ano consecutivo

Tal como nos anos anteriores, foi aqui anunciado o prémio de Carro Mundial do Ano. Desta vez, o troféu foi para o Kia EV3, que sucede ao Kia EV9, vencedor da edição de 2024.

No mesmo concurso, o Volvo EX90 foi distinguido como Carro de Luxo Mundial, o Porsche 911 GTS recebeu o título de Desportivo Mundial e o BYD Seagull foi eleito o Citadino Mundial. Por sua vez, o Hyundai Inster venceu na categoria de Elétrico Mundial do Ano, enquanto o Volkswagen ID. Buzz conquistou o prémio de Design Mundial de 2025.

Outras novidades

Entre os destaques da do Salão de Nova Iorque 2025 está o SUV Subaru Trailseeker, totalmente elétrico. Deriva diretamente do já conhecido Solterra — o primeiro crossover elétrico da marca que surgiu também em Nova Iorque renovado —, mas é mais comprido em 15 cm (4,84 m) e tem 2,5 cm adicionais em altura (1,67 m).

Como convém a um SUV com uma altura ao solo de 21 cm, o Trailseeker está equipado com dois motores elétricos que garantem tração integral. Está equipado com vários modos de condução fora de estrada, incluindo programas para neve, lama, controlo de aderência e assistência em declives. E tem ainda uma capacidade de reboque de 1588 kg.

Os dois motores entregam um total de 276 kW (375 cv), o suficiente para lançar o Trailseeker até aos 100 km/h em apenas 4,5s.

Ainda assim, os 418 km de autonomia (ciclo EPA), proporcionados por uma bateria de 74,7 kWh, ficam algo aquém das expectativas, mas tem carregamento bidirecional, permitindo carregar aparelhos externos a partir do automóvel.

As cavas das rodas acomodam jantes entre 18” e 20” e o interior é dominado por um ecrã tátil de 14”. Apple CarPlay e Android Auto estão disponíveis sem fios, e há duas bases de carregamento de 15 W à frente (algo limitadas). Os passageiros traseiros contam com duas portas USB-C. O preço e a chegada à Europa ainda não foram anunciados.

Genesis continua a surpreender

A Genesis, marca premium do Hyundai Motor Group, também revelou a sua visão de futuro com o X Grand Equator Concept — uma provável antevisão do futuro GVX.

Com um visual que lembra um Range Rover por fora e um Mercedes-Benz Classe G por dentro, este «laboratório sobre rodas» pretende afirmar-se no segmento premium dos elétricos.

A presença da Genesis na Costa Oeste dos EUA é cada vez mais significativa, até porque este é agora o seu maior mercado. Luc Donckerwolke, responsável de design da marca, descreve o concept como um “garanhão árabe”.

Apesar do exterior evitar deliberadamente o visual típico de um todo o terreno, exibe uma silhueta elegante e dinâmica, com o pilar C inclinado a reforçar o toque desportivo. O visual é completado com jantes de 24” de cinco raios e estilo «tecnológico». Já o interior aposta num estilo rústico e intencionalmente robusto.

O GVX, o modelo de produção que deverá nascer a partir deste concept, será provavelmente baseado na nova plataforma eM, com tecnologia de 800 V e baterias de maior capacidade do que as atualmente utilizadas pela marca.

Mas os sul-coreanos não ficam por aqui…

A Hyundai e a Kia foram as marcas que mais concentraram as atenções no Salão de Nova Iorque 2025. A Hyundai mostrou ainda duas novas versões do grande SUV Palisade: uma variante todo o terreno XRT PRO e, pela primeira vez na gama, uma versão híbrida. Elétrico puro? Nem vê-lo.

Hyundai Palisade
© Hyundai Hyundai Palisade

O Palisade híbrido combina um novo motor de 2,5 l turbo (262 cv) com dois motores elétricos integrados numa caixa automática de seis velocidades, para uma potência total combinada de 242 kW (329 cv). A autonomia anunciada é de 996 km (ciclo EPA).

Já no espaço da Kia, o destaque vai para o EV4, uma berlina de quatro portas já conhecida do público europeu, assim como para o K4 Hatchback que poderá muito bem ser o sucessor do Ceed na Europa.

E os outros?

Para os norte-americanos, o Salão Automóvel de Nova Iorque, no coração de Manhattan, é mais um evento de vendas. As notícias reais são escassas. Há muitas atualizações de modelos e, claro, muitos SUV e trucks.

Para a Toyota, que liderou o mercado norte-americano em 2024, o foco esteve no patrocínio desportivo, sem novidades. Além da equipa nacional de basebol, os New York Mets, os japoneses também apoiam a NFL (Liga Nacional de Futebol Americano) e mostraram edições especiais coloridas de modelos já conhecidos. A Ford, por sua vez, preparou duas versões temáticas do Bronco.

E os alemães? Uma tragédia. Onde antes executivos aparentemente poderosos celebravam em stands sofisticados, hoje reina uma certa melancolia teutónica.

A Mercedes-Benz e a Audi limitam-se a expor alguns modelos de forma quase descuidada, em superfícies simples e sem grande aparato. E a BMW? Nem apareceu.

Já a Volkswagen mantém alguma dignidade, com uma presença mais próxima do que se espera de uma feira de negócios. Pelo menos trouxe uma novidade: o Tiguan SEL R-Line Turbo, com o já conhecido motor de dois litros turbo e 272 cv de potência. Passou a ser o Tiguan mais potente à venda nos EUA.

Como tantas vezes acontece, é nos lugares menos óbvios que se descobrem verdadeiros tesouros. Na cave do Centro Javits, os especialistas em tuning exibem com orgulho as suas criações — versões personalizadas de modelos bem conhecidos, muitos deles amplamente modificados.

Um dos que mais chama a atenção é, sem dúvida, um Plymouth Fury convertido em carro de polícia. Uns passos mais à frente, há vários BMW E30 alinhados lado a lado, e até um Mercedes-Benz SL R129 marcou presença.

São carros como estes que nos fazem recordar os dias de glória dos salões automóveis. Apesar do ambiente mais calmo, o Salão de Nova Iorque 2025 continua a ser um palco relevante — nem que seja para confirmar que os tempos estão mesmo a mudar.

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