A história do «super 911» que a Porsche desenvolveu e depois matou

Não há muitos anos, no início da década passada e numa altura em que o motor de combustão ainda era amado por todos, a Porsche considerou lançar um novo modelo para preencher a lacuna existente entre o icónico 911 e o 918 Spyder, um supercarro de produção limitada.

Uma espécie de «super 911» com esteróides anabolizantes. Mais potência, mais tecnologia e… mais cilindros. Na sua base estaria um motor de oito cilindros opostos, previsivelmente desenvolvido a partir do motor de seis cilindros opostos do Porsche 911.

Nota: para ilustrar este artigo escolhemos o Porsche Le Mans Living Legend (2016), um protótipo revelado pela Porsche e que, como vai poder perceber ao longo do artigo, poderia bem ter sido um “super 911”.

A imprensa, à época, chegou inclusivamente a avançar um nome: Porsche 960. Este até poderia ser um sucessor espiritual do lendário Porsche 959, o modelo que introduziu muitas das tecnologias que, mais tarde, encontrámos na geração 993 do Porsche 911.

Acontece que esses rumores eram credíveis. Diz-se que «onde há fumo, há fogo», mas neste caso a Porsche decidiu apagá-lo.

A confirmação surgiu através de uma entrevista a Marcos Marques, o atual responsável pelo projeto de combustíveis sintéticos da Porsche.

A confirmação do «super 911» uma década depois

Em entrevista à The Intercooler, este responsável revelou que o «super 911» esteve mesmo nos planos da marca alemã.

Na sua base estava um motor biturbo de oito cilindros opostos, capazes de desenvolver 750 cv às 9000 rpm. Transmissão? Manual. Sim, isso mesmo, manual!

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Enquanto o Porsche 918 Spyder ficou com a missão de mostrar tudo o que a marca conseguia fazer em termos tecnológicos, este eventual Porsche 960 poderia ter ficado com a missão de mostrar até onde podia ir um supercarro mais analógico.

O projeto saiu do papel

Segundo Marcos Marques, a Porsche chegou mesmo a construir um protótipo baseado no chassis de um Cayman e fez alguns testes na estrada, mas depois interrompeu abruptamente o projeto. Na entrevista, o responsável da marca referiu que a Porsche sentiu que “não era o carro certo para aquele momento”.

Marques acrescentou ainda que o cancelamento abrupto deste projeto fazia parte do processo de desenvolvimento de engenharia. “Somos uma empresa de engenharia e estamos sempre à procura de novas respostas, soluções diferentes, e às vezes essas respostas não são as mais adequadas a determinado momento“, disse ele. “Mas tudo isso faz parte do processo de engenharia.”

Esta não foi a única ideia de supercarro descartada pela Porsche nos últimos anos. A Porsche revelou em 2020 uma série de protótipos secretos, incluindo uma versão de estrada do 919 Hybrid vencedor de Le Mans.

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E além deste, havia ainda um 904 Living Legend, uma homenagem ao Carrera GTS 904 dos anos 60 e que era baseada no Volkswagen XL1 e que, supostamente, viria equipado com um V2… da Ducati.

Vale a pena mencionar que algumas versões do 904 original usavam um motor flat-8. E por essa mesma razão, talvez um dos protótipos revelados que mais se parece aproximar deste hipotético «super 911» poderia muito bem ser o Le Mans Living Legend que ilustra este artigo, concebido em 2016.

Um modelo com o capô dianteiro e traseiro a abrir em direções opostas, com o abastecimento de combustível na frente e, de acordo com a Porsche, equipado com um sonoro motor de oito cilindros em posição central traseira.

Quanto a um sucessor real do 918 provavelmente chegará em algum momento, mas o CEO da Porsche, Oliver Blume, disse em 2021 que provavelmente não chegará antes de 2025. E, eventualmente, será elétrico.

Fonte: The Intercooler

Guilherme Costa

Desde muito cedo trocou a companhia dos brinquedos pelas revistas de automóveis. Alimentado por essa paixão em 2012 fundou a Razão Automóvel.

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