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Investigadora portuguesa criou bateria autocarregável

Helena Braga, cientista que criou as bases para o desenvolvimento de baterias autorecarregáveis, explica como estas funcionam e o que esperar.

Mercedes-Benz EQC 2019, painel de instrumentos
© Mercedes-Benz

Helena Braga, investigadora e professora da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), no podcast O Futuro do Futuro do Expresso, a cientista explica que as baterias que se autocarregam podem estar para breve e explica como funcionam.

Em 2020, a equipa da cientista lançou as bases de uma bateria inovadora que pode ser autocarregada, através da combinação na mesma célula da “capacitância negativa e da resistência negativa”.

Bateria de iões de sódio da Northvolt
© Northvolt Bateria de estado sólido desenvolvida pela Northvolt

Apesar de atualmente, ser difícil encontrar estas baterias aplicadas de forma industrial, Helena Braga admite que “poderá estar para breve”.

Como funciona esta tecnologia?

De acordo com a professora, as baterias que se autocarregam funcionam da mesma forma que as baterias de iões de lítio: têm um ânodo, um cátodo e um eletrólito.

O eletrólito é o meio onde ocorre o fluxo de iões entre o ânodo e o cátodo (os elétrodos) da bateria, transferindo cargas elétricas e gerando corrente elétrica. É o eletrólito que permite a conversão de energia química em energia elétrica.

No caso das baterias que se autocarregam o “trabalho de pôr os iões no sítio certo é feito espontaneamente dentro do eletrólito”.

Como? Bem, o eletrólito, que no caso destas baterias é sólido, é também ferro-elétrico. O que significa que, “de forma espontânea, a uma certa temperatura — sem ser necessária a utilização de energia —, se vai criar uma zona do material que está com uma carga positiva e uma zona do material que vai adquirir uma carga negativa; e cargas positivas e cargas negativas a uma certa distância resultam em energia armazenada”. O que permite uma redução dos custos associados ao uso da rede elétrica.

Para além das baterias serem sólidas, estas utilizam também iões de sódio (sal), uma vez que este é um dos materiais mais abundantes. O uso de sódio em baterias não é propriamente novo, ainda que, as que já conhecemos, tenham um eletrólito líquido:

Apesar de ainda ser muito cedo para instalar estas baterias nos automóveis, Helena Braga está confiante de que poderá acontecer.

Qual será o futuro das baterias?

As baterias autocarregáveis são apenas a ponta do icebergue. No podcast, a professora referiu ainda outro tipo de baterias que poderá estar para breve: baterias wireless, ou seja, sem fios. Como o próprio nome indica, estas vão permitir que os carregamentos sejam feitos à distância.

Segundo a investigadora, estas serão “o futuro do futuro das baterias”, mas não são as únicas. As baterias de estado sólido, com eletrólitos com sódio e potássio são, segundo a mesma: “um presente com o pé no futuro”.

Eventualmente, estas baterias poderão mesmo ultrapassar a capacidade oferecida pelas baterias de iões de lítio, apesar da cientista admitir que, muito provavelmente, as baterias de estado líquido não vão ser colocadas de parte.

Concorrência vai diminuir o preço

Uma das maiores problemáticas que a indústria produtora de baterias tem vindo a enfrentar é o custo de fabrico das mesmas e, em relação a isso, Helena Braga também tem uma opinião.

“A Europa está a tentar chegar ao desenvolvimento de uma Ásia.”

Helena Braga, Investigadora e Professora

De acordo com esta, estão planeadas 39 gigafábricas de baterias na Europa, sendo que a China já começa a restringir a formação de novas gigafábricas no seu território: “os preços vão baixar com a concorrência”.

Em relação à autonomia dos atuais carros elétricos, a investigadora considera que estes já têm uma grande autonomia, utilizando como exemplo o Lucid Air Grand Touring, que apresenta uma autonomia de até 832 km.

“O automóvel com uma autonomia de 1000 km estará perto com estas novas tecnologias.”

Helena Braga, Investigadora e Professora

Fonte: Expresso