Notícias Afinal a Europa não vai banir fibra de carbono. O que se passou?

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Afinal a Europa não vai banir fibra de carbono. O que se passou?

A notícia de que a União Europeia poderia banir a fibra de carbono nos automóveis até 2029 caiu que nem uma bomba. Mas não é caso para isso.

Brabus Rocket - Carbono
© Brabus

Foi com alguma surpresa que recebemos a notícia de que a União Europeia estaria a considerar uma eventual proibição de utilização da fibra de carbono nos automóveis a partir de 2029. A justificação para uma medida tão drástica estava nos riscos ambientais e de saúde associados à reciclagem e eliminação da fibra de carbono.

Caso avançasse, teria um grande impacto não só na indústria automóvel, como poderia afetar outras indústrias, como a da aviação, de velocípedes ou até a eólica.

Rapidamente, a notícia gerou reações inflamadas nas redes sociais, em que se destacava a lógica reduzida por detrás desta medida. Agora, podemos todos respirar de alívio.

Ford Mustang Shelby GT500
© Ford As jantes em fibra de carbono do Mustang Shelby GT500 dispensaram a pintura e apresentam um visual texturado.

Afinal, o que se passa?

Os nossos colegas da Motor1 Itália questionaram o gabinete de imprensa do Parlamento Europeu para obter mais respostas. E conseguiram-nas: tudo permanece como antes. A fibra de carbono vai continuar a poder ser usada na União Europeia, com a possibilidade da proibição a ter deixado de existir.

A origem da confusão parece estar num relatório de janeiro de 2025 pelo Comité do Ambiente, Clima e Segurança Alimentar, que colocava a fibra de carbono ao lado de outras substâncias como chumbo, mercúrio, cádmio e crómio hexavalente, considerados materiais perigosos. O Comité propunha regular o seu uso na indústria automóvel, considerando aspetos como a reciclagem e a sua correta disposição no final de vida útil dos veículos.

Efetivamente nem sequer havia uma proposta para a proibição de uso da fibra de carbono, mas sim algum tipo de limitação e uma preocupação crescente com o final da vida útil destes materiais, indo de encontro ao compromisso da UE com a economia circular e a sustentabilidade.

A Comissão Europeia está, de facto, a estudar formas de aumentar a reciclagem dos materiais usados na indústria automóvel. E nesse contexto, a fibra de carbono continua a ter questões por resolver.

O relatório de janeiro era um esboço da proposta final que, entretanto, já foi revisto e atualizado. E de acordo com a revisão mais recente, a fibra de carbono já não se encontra incluída no grupo das substâncias perigosas.

Sustentabilidade sim, mas com pragmatismo

Na prática, este caso demonstra como uma leitura precipitada de documentos técnicos — nem são diretivas ou leis —, pode originar desinformação. O objetivo da UE não é travar o progresso técnico, mas garantir que estes mesmos avanços não comprometam os objetivos ambientais assumidos.

A indústria automóvel já está a trabalhar em alternativas e soluções complementares, como fibras recicladas, processos híbridos de fabrico e estratégias de desmontagem. A colaboração entre reguladores e fabricantes será determinante para garantir uma transição equilibrada.

Para já, a fibra de carbono vai continuar a fazer parte do presente — e do futuro — dos automóveis. Com a única certeza de que a sua utilização terá de ser cada vez mais consciente e sustentada.