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Tribunal de Contas Europeu. Elétricos podem custar “soberania industrial” da UE

A UE está entre a "espada e a parede", diz o TCE, tendo de escolher entre a política industrial e as prioridades ecológicas.

Sinal de estacionamento para carregamento de veículos elétricos
© Fernando Gomes / Razão Automóvel

O Tribunal de Contas Europeu (TCE) promoveu, esta segunda-feira, um debate com o tema “O futuro dos automóveis na Europa: o ponto de vista do TCE”, com a discussão a centrar-se no Pacto Ecológico Europeu poder colocar em risco a “soberania industrial” da União Europeia (UE).

O que podemos concluir, desde logo, do debate promovido pelo TCE é que o setor de automóveis elétricos na Europa não está desenvolvido o suficiente.

Posto de carregamento
© Sophie Jonas

Uma conclusão que pode ser retirada das várias constatações apresentadas durante o debate, tais como o facto de as baterias fabricadas na UE “continuarem a custar muito mais do que o previsto”, colocando em causa a competitividade dos fabricantes de automóveis europeus face a outros.

O custo das baterias continua a ser elevado — pode equivaler a metade do valor do carro nos segmentos mais baixos —, em parte porque apenas 10% do fabrico mundial de baterias está sediado na Europa, sendo que a maior parte é produzida na China (cerca de 76%).

Para além disto, o setor de baterias da UE depende das importações de matérias-primas de países de outras regiões do mundo. O TCE adiantou que 87% de lítio em bruto provém da Austrália, 80% do manganês da África do Sul e do Gabão, 68% do cobalto da República Democrática do Congo e 40% da grafite da China.

“Os carros elétricos podem colocar a UE entre a espada e a parede: ter de escolher entre as prioridades ecológicas e a política industrial, e entre as aspirações ambientais e o bolso dos consumidores.”

Annemie Turtelboom, membro do Tribunal Económico Europeu

O TCE considera também que “muitos dos países de origem são instáveis a nível interno ou representam riscos geopolíticos para a autonomia estratégica da Europa. E ainda nem começámos a falar das condições sociais e ambientais em que estas matérias-primas são extraídas”.

As conclusões do TCE

Os carros elétricos europeus “não estão ao alcance de uma grande parte da população”, é uma das conclusões avançadas pelo TCE, apontando aos vários programas de benefícios e incentivos à aquisição destes.

Venderam-se cerca de 1,5 milhões de automóveis elétricos novos na Europa em 2023 (um em cada sete) e, como foi avançado no debate, “estudos recentes indicam que as vendas tiveram subsídios do Estado e se situavam, na maioria, no escalão a partir dos 30 mil euros”.

Afora os custos, também as infraestruturas de carregamento de veículos elétricos levantam problemas, mostrando-se até agora deficitárias.

Leia também: União Europeia quer postos de carregamento a cada 60 km já em 2026

O TCE chega, assim, a uma conclusão algo alarmante, de que poderá estar em causa a “soberania industrial” da UE, face às dificuldades de evolução da indústria dos automóveis elétricos e à prevista proibição da venda de automóveis novos a gasolina e a gasóleo a partir de 2035.

“Corremos o risco de a «revolução dos carros elétricos» na Europa depender das importações, o que acabará por prejudicar a indústria automóvel europeia e os quase 13 milhões de postos de trabalho.”

Tribunal de Contas Europeu

Fonte: Lusa

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