Sabes qual o carro mais emblemático de Fronteira? O Peugeot 504, pois claro!

É, muito provavelmente, um dos carros mais emblemáticos das 24 Horas de TT Vila de Fronteira. Não apenas pelas 11 participações que já leva na única prova em que alinha, a qual comemora este ano 20 edições, mas também e principalmente, pela forma como encara aquele que um dos momentos mais altos da temporada nacional do todo-o-terreno – com espírito aventureiro, descontração, muito divertimento e, já agora, tentando nunca ficar pelo caminho. Algo que, aliás, só por uma vez aconteceu a esta já icónica Peugeot 504.

“Tudo começou em 2006”, recorda Joaquim Serrão, o patriarca (na equipa está também o filho, António Serrão, responsável pela equipa e navegador nalgumas provas), “quando estávamos a assistir à Baja de Castelo Branco e um amigo disse-me que tinha uma carrinha 504 com caixa basculante, que tinha vindo de França, e que ele ia aproveitar apenas a báscula e destruir o resto da carrinha. Eu, na altura, já tinha uma empresa de montagem de stands, tinha muito material, e, com mais dois sócios, o Luis Guerra da Silva e o Fernando Sebastião, ficámos com a carrinha. Resultado: a conversa foi em setembro e em novembro já eu estava a participar, pela primeira vez, com a 504, em Fronteira”.

Carro que ainda hoje, 11 anos passados, continua de origem (apenas o chassis teve de ser reforçado), mantendo, por exemplo, o bloco Indenor 2.3 litros turbo a debitar a “estrondosa” potência de 90 cv, com caixa de quatro velocidades no volante, o 504 de 1987 tornou-se particularmente conhecido, no entanto e em particular, a partir 2009.

Quando, procurando arranjar fundos que ajudassem a pagar a participação na prova alentejana, Joaquim Serrão decidiu colocar em prática uma estratégia semelhante à que havia visto num piloto belga de Sport Protótipos, vendendo pequenos quadrados publicitários na carroçaria do carro, por apenas 10€. “E a verdade é que, hoje em dia, já temos tantos anunciantes, que até já dá para pagar o vinho! (risos)…”.

Quando um Peugeot 504 se aquece com mantas de Minde…

Entretanto e já depois de alcançado o reconhecimento como “o carro dos quadradinhos”, nova ação (inadvertida) de marketing, elevaria ainda mais o sucesso deste 504 – as mantas de Minde.

“Tudo começou com um sócio meu, Luis Guerra da Silva, que se lembrou cortar aos bocados uma manta de Minde que tinha lá por causa, para, na brincadeira, servir de cobertura para aquecimento dos pneus. A verdade é que a coisa pegou e, hoje em dia, já não nos podemos esquecer de colocar as mantas, que vem logo alguém perguntar por elas. No entanto, na altura, a coisa quase que ia dando em divórcio, já que a manta original tinha sido um presente da sogra do meu sócio, à mulher dele. Que, quando descobriu o que o marido tinha feito, quase o colocava fora de casa…”.

Uma só desistência em 10 anos

Protagonista de inúmeras histórias, a Peugeot 504 é, no entanto, também um dos exemplos de fiabilidade, naquela que é uma das mais duras provas de todo-o-terreno. Tendo, só por uma vez em 10 participações consecutivas, não chegado ao fim da prova alentejana.

“Foi em 2013, numa altura em que era o meu sócio, Luís Guerra da Silva, que ia a conduzir. De repente, mandou uma ‘fruta’ na traseira de um carro que seguia à frente, que estava parado devido ao pó, que quase ia acabando com a prova logo ali. Porém, ainda conseguimos trazer a carrinha até à assistência, fartámo-nos de trabalhar nela, mas já não foi possível recuperá-la a tempo de conseguir terminar.”

Ainda assim, “nunca, em 10 anos, foi preciso sermos rebocados!”, conclui. Ah, grande 504!…

Francisco Cruz

Jornalista