Opinião Este fim de semana assistimos ao melhor e ao pior do desporto automóvel

Desporto Automóvel

Este fim de semana assistimos ao melhor e ao pior do desporto automóvel

Quando as tragédias acontecem colocamos tudo em causa. A velocidade perde beleza e a competição deixa de fazer sentido. É assim o desporto automóvel.

Mick Schumacher entrega capacete de Michael Schumacher a Lewis Hamilton

Foi com enorme tristeza que recebi a notícia da morte de Laura Salvo, a co-piloto espanhola de 21 anos que competia este fim de semana no Rali Vidreiro, na Marinha Grande. Uma morte absurda e sem sentido. De resto, como são todas as mortes de quem, como a Laura Salvo, ainda tinha tanto para cumprir.

Perante estas tragédias, tudo deixa de fazer sentido. Porque motivo arriscamos nós, semana após semana, tantas vidas? Vidas que são, tão só, aquilo que temos de mais precioso.

Numa altura em que, como disse um amigo meu “ainda estou muito magoado com isto tudo para falar sobre automóveis”, o desporto automóvel fez questão de nos dar uma pista sobre os motivos que nos fazem arriscar tanto por ele — quiçá talvez até demais.

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Essa pista foi o momento em que Mick Schumacher entregou a Lewis Hamilton um capacete de seu pai, Michael Schumacher. Um gesto emotivo, que assinalou a 91ª vitória do piloto inglês na Fórmula 1, igualando assim o recorde Michael Schumacher. Naquele gesto está muito mais do que a entrega de um capacete. Está representado o esforço, o talento e a dedicação de dois homens que nos fizeram e fazem sonhar.

 

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Caramba, viver aquele aquele momento fez-nos a todos sentir mais vivos. A vida é sobre isto, aspirar a ser maior. E nós ligamos o televisor, mudamos as nossas rotinas, vamos às corridas e acompanhamos este desporto religiosamente para, de alguma forma, partilharmos estes momentos com os nossos heróis.

É por isso que o desporto automóvel tem tanta dificuldade em lidar com a morte. Porque o desporto automóvel é sobre viver. E é por isso que depois de uma grande tragédia não nos resta outra alternativa senão, mais cedo ou mais tarde, fazer as pazes com o desporto e continuar a… viver.

Eu sei que essas pazes virão, mas agora, agora não quero escrever mais sobre desporto automóvel. A tristeza ainda me acompanha.