Opinião O Diesel ainda não morreu e isso é uma boa notícia

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O Diesel ainda não morreu e isso é uma boa notícia

Para muitos, uma tecnologia ultrapassada; para outros, a única solução que faz sentido. Uma coisa é certa: o Diesel ainda tem muito para dar.

Motor TDI Audi
© Audi

Depois de um sucesso esmagador na última década do século passado e na primeira deste milénio, que até o levou a dominar um dos palcos mais icónicos do desporto automóvel (ainda que totalmente impulsionado pelos regulamentos da época), a popularidade do Diesel tem estado em queda desde 2016 e provavelmente nunca foi tão baixa.

A verdade é que dificilmente o desfecho podia ser outro. A gravidade do Dieselgate, um escândalo de emissões que foi revelado em setembro de 2015, não deixou muita margem de manobra para um futuro diferente.

Talvez por isso, a popularidade dos Diesel nunca foi tão baixa no que à venda de carros novos diz respeito. Até porque as tecnologias obrigatórias de tratamento de gases de escape tornou estas motorizações poucos viáveis nos segmentos mais baixos, afastando-os ainda mais de muitos clientes.

Audi TDI Le Mans
© Audi O Audi R10 TDI foi o primeiro carro Diesel a vencer as 24 Horas de Le Mans

Porém, tudo muda de figura se considerarmos apenas os carros em circulação. Sobretudo num país como o nosso, onde o parque automóvel é bastante envelhecido: em 2023 a idade média dos ligeiros de passageiros em Portugal era de 13,6 anos.

Mesmo assim, sabendo que para muitos o Diesel já é uma tecnologia ultrapassada, ainda não desisti. O Diesel continua a mostrar-me, uma e outra vez, que ainda tem muito para dar. Para certos tipos de utilização, ainda não encontrei solução melhor.

A última vez que me apercebi disso foi há duas semanas, durante a apresentação internacional dinâmica do novo Audi A5. Podem ver (ou rever) o primeiro contacto em vídeo:

Entre as novidades da nova geração do A5, que sucede ao A4, está um novo motor 2.0 TDI com 204 cv, que agora surge associado a um sistema mild-hybrid de 48 V, do qual fazem parte dois motores elétricos e uma bateria LFP com 1,7 kWh de capacidade.

Se uma das máquinas elétricas faz as vezes de motor de arranque, a outra é capaz de assumir funções de tração, permitindo que o A5 2.0 TDI consiga andar sem recurso ao motor de combustão em manobras de estacionamento ou a baixas velocidades.

Além disso, este sistema elétrico oferece um boost de 18 kW (24 cv) de potência e 230 Nm de binário, que melhora toda a resposta do conjunto.

À saída das curvas, se esmagamos o acelerador, sentimos perfeitamente este suporte elétrico, eliminando qualquer falta de resposta que pudesse existir nos regimes mais baixos. E acho isso interessante.

Mas para mim, o mais notável são mesmo os consumos que conseguimos fazer: a ritmos normais, por estradas secundárias, consegui andar muitas vezes abaixo dos 5 l/100 km com grande facilidade. Em ambientes urbanos estes números terão tendência natural para subir, mas em autoestrada vão estabilizar abaixo dos seis litros.

Audi A5 Avant perfil
© Audi

Se utilizarmos os 5,5 litros como referência, basta pegar na calculadora para perceber que os 56 litros do depósito de combustível da Audi A5 Avant que testei, torna possível percorrer mais de 1000 km com uma única «carga».

Não há outra forma de o dizer. Este é um número que só pode ser alcançado com dois tipos de tecnologia: Diesel ou bi-fuel (por exemplo, gasolina+GPL).

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É por isso que digo: o Diesel não morreu. E ainda bem. Porque para quem faz da autoestrada a sua vida e soma vários milhares de quilómetros ao final do mês, ainda não há solução melhor.

Se me quiserem chamar antiquado, podem fazê-lo. Aceito esse rótulo sem qualquer problema. Mas não me interpretem mal: não defendo que o Diesel seja uma solução para todos, tal como os 100% elétricos também não são. Mas dito isto, reforço: para certos tipos de uso, o Diesel ainda é imbatível.