Opinião Conduzir, precisa-se!

Repto

Conduzir, precisa-se!

Gosto de carros. Raios, como eu gosto de carros. Algumas das melhores recordações da minha vida aconteceram aos comandos de um carro, portanto não é de estranhar que assim seja.

Valentino Balboni

Mas ao contrário daquilo que possam pensar, em virtude das funções que exerço na Razão Automóvel, até nem gosto por aí além de falar sobre carros. Gosto de conduzi-los, gosto das experiências que me proporcionam, mas não contem comigo para passar uma tarde inteira a dissecar um turbo ou a falar das dimensões ideias das jantes do modelo X.

O caso muda de figura quando falo de clássicos, mas essa é a exceção à regra. Toda a regra tem a sua exceção não é?

Não sei de cor os dados técnicos dos automóveis à venda em Portugal (talvez até saiba…), nem o nome de código dos motores desde “mil-novecentos-e-troca-o-passo” — aliás, em boa verdade não sei nenhum.

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Convidem-me para falar das minhas histórias ao volante ou ouvir as vossas, e a próxima rodada é por minha conta. Dados técnicos aborrecem-me. Claro que profissionalmente recorro a eles. Tudo em nome dos valores de rigor e objetividade que norteiem a Razão Automóvel.

“(…)a distância entre o ponto A e o ponto B não é tempo perdido, é tempo vivido. Em alguns casos, muito bem vivido.”

Quanto a mim, os automóveis valem pela ligação que nós criamos com eles, seja pela condução ou pela contemplação. Por exemplo, nunca na vida vai ser preciso conduzir um Alfa Romeo 33 Stradale para dedicar-lhe dois dedos de conversa e seis imperiais. Porquê? Basta olhar para ele… O mesmo se aplica às aventuras da Porsche em Le Mans, ou da Audi nos ralis.

E é bom saber que não estou sozinho nesta demanda pela verdadeira razão de ser dos automóveis: as experiências. A Mazda alinha mais ou menos nesta filosofia com o MX-5. Os números não são tudo e os carros valem por aquilo que nós vivemos com eles.

É por isso que o nosso primeiro carro é quase sempre o mais querido. Apesar das avarias, apesar das dores de cabeça, apesar de arrastar-se nas acelerações. E não há carro como o primeiro mesmo que seja um Citroën AX 1.0 com vários anos de asfalto nas rodas.

Numa época em que começam a surgir sinais de que a condução autónoma é um futuro não muito distante, importa recordar que conduzir é muito importante — talvez até terapêutico! E que a distância entre o ponto A e o ponto B não é tempo perdido, é tempo vivido. Em alguns casos, muito bem vivido. Foi este vídeo que despoletou todo este relambório. Apreciem: