Opinião Os seis sentidos que o Lexus LFA desperta num Ser Humano

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Os seis sentidos que o Lexus LFA desperta num Ser Humano

Foi com extremo sentido de gratidão que aceitei o desafio lançado pela equipa da Razão Automóvel para escrever um artigo de opinião sobre o mais badalado Lexus de sempre, o Lexus LFA!

Lexus LFA

Este é o meu primeiro texto do género e logo para falar de um dos carros, que aos meus e aos olhos de muitos, (Jeremy Clarkson, p.e.) é um dos melhores já alguma vez construídos, o Lexus LFA.

A tarefa que se me afigura pela frente não é fácil. De verdade, enquanto escrevo estas palavras, lembro-me de Luis de Camões e do quanto ele pediu inspiração às ninfas do Tejo para que a epopeia que viria a escrever, estivesse à altura dos feitos dos descobridores portugueses. No que me diz respeito, a minha missão terá importância semelhante à dele — afinal de contas, estarei a defender a honra do povo japonês, de toda a sua cultura milenar e do melhor carro alguma vez feito do outro lado do mundo (os fãs do Nissan GT-R que me perdoem a franqueza e a parcialidade).

Tendo eu feito o trabalho de campo necessário, reparei que apesar das inúmeras análises feitas ao LFA, pelos mais prestigiados jornalistas da área, penso que houve algo que ficou por dizer — é um carro que enche as medidas dos seis sentidos que o ser humano possui, se não vejam.

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Visão

Lexus LFA

Os gostos são relativos e nos automóveis é isso que mantém a discussão incessantemente acesa por essa internet e pistas de corrida fora. Tudo o que direi sobre a estética do Lexus LFA nas próximas linhas é opinião pessoal e como tal, mais uma vez, será deveras parcial.

O carro é absoluta e assombrosamente fantástico ao nível estético! Não faz por conseguir isso de uma forma desesperada e esforçada — consegue-o ser de uma maneira bem natural. Deixem-me contudo destacar a traseira, que assim que o spoiler abre a partir dos habituais 120 km/h, torna-se quase obra de ficção científica.

Lexus LFA 2011

Melhor que isso: os designers da Lexus tomaram como fonte de inspiração a infame espada japonesa, mais conhecida como “Katana”, e olhando para o carro conseguimos perceber que o conseguiram — olhem para o formato da dianteira principalmente — é como uma espada apontada à próxima curva.

Lexus LFA

Assim, o LFA é mais que um carro espantoso — é um porta estandarte da cultura histórica japonesa; um autêntico samurai do asfalto do séc. XXI pronto para dividir a distância das rectas e cortar ao meio toda e qualquer curva.

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Audição

Lexus LFA

Mozart, Beethoven, Bäch, Strauss, Stravinski (…) — todos eles ficariam envergonhados ao compararem as suas obras musicais com aquela que é emanada da linha de escape do glorioso V10 que vive debaixo do capot desta super máquina japonesa!

Se ainda não ouviram, não se podem considerar verdadeiros amantes de automóveis. Quem já ouviu, facilmente percebe que é tudo menos simples descrever as sensações de arrepio que a sua nota de escape provoca, do quão épica que é. Perdoem-me a heresia mas nem os F1 de hoje soam tão melodiosos como o motor do LFA (crédito à Yamaha pois é ela a responsável pela afinação do motor e de toda a linha de escape para que o resultado final seja assim).

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Tacto

Lexus LFA 2011

Para quem desconhece a história, permitam-me que a conte em poucas palavras. Depois de cerca de 10 anos de estudos e preparação, quando o LFA estava quase a passar à fase de produção, os engenheiros da Lexus, na busca pela perfeição que lhes é reconhecida, decidiram que a carroçaria em alumínio não fazia justiça à magnificência e performance que iria ser o seu baluarte. Por isso, só haveria um material indicado para “vestir” este samurai: fibra de carbono.

Sentir o Lexus LFA com a ponta dos dedos deverá ser o clímax para qualquer petrolhead. A maneira como a fibra de carbono e aquelas linhas magistralmente pontiagudas se unem para formar uma simbiose perfeita de estética, velocidade e prestações, é majestosa.

O interior, todo ele pautado pela pele, fibra de carbono e alumínio, invoca uma vez mais a velocidade e prazer de condução até à exaustão. A atenção ao detalhe é psicótica. As trocas de mudança através das patilhas são tão selvagens como o coice de um sniper a disparar a sua arma (cortesia da transmissão de embraiagem única e não dupla como agora é moda).

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Olfacto

Lexus LFA 2011

Usando a célebre frase do blockbuster “Apocalipse Now” e adaptando-a devidamente ao assunto aqui tratado — “Adoro sentir o cheiro a pneu queimado logo pela manhã”. O Lexus LFA convida ao “hooliganismo” em cada curva que se atravesse no caminho. A traseira solta-se com facilidade, e visto não haver excessos de peso, os slides seriam uma constante.

Mais uma vez, e recordando o facto de o carro ter sido inspirado na Katana japonesa, isto repercute-se também no estilo de condução — é no fio da lâmina que o LFA gosta e deve ser conduzido!

Se a tudo isto, juntarmos o inconfundível aroma de gasolina queimada pelo triplo lança-chamas traseiro (perdão, saídas de escape) então terá como resultado sensações olfactivas que nós, amantes de automóveis não trocaríamos nem por perfumes da mais luxuosa das marcas.

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Paladar

Lexus LFA 2011

Parece difícil fazer acreditar a um ser humano “normal”, que um “mero” automóvel poderá ter efeitos ao nível deste sentido. Pois bem, a esses filisteus digo que o LFA, assim que o conhecemos, faz-nos crescer água na boca; faz-nos salivar desenfreadamente para o conduzir!

E ironia das ironias, ao conduzi-lo, tem o efeito exactamente oposto, e faz com que a nossa boca esteja mais seca que os cofres do estado português. Sinceramente, acho que os sortudos que tiverem tal privilégio, a única coisa que irão sentir na boca é o coração quase a saltar cá para fora, tal é a injecção de adrenalina.

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O 6º Sentido: Alma e Coração

Lexus LFA 2011

Ao longo deste período, pensei em inúmeras analogias para definir e explicar o efeito que o Lexus LFA tem em mim.

Poderia dizer que inspirou estas minhas humildes e tolas palavras, tal como as tágides inspiraram Camões. Mas acho que é mais certo dizer que o LFA está para mim, como Cleópatra esteve para o Imperador Júlio César: tal como esta foi a mulher que mais marcou a vida do imperador romano, não importando se ele tivesse dormido com mil e uma outras, também eu, não importando quantos carros conduzirei na minha vida, irei olhar para esta máquina sempre com um sentimento único e inexplicável. Não há, nem haverá, nenhum outro carro no mundo que queira com tanto afinco como quero o Lexus LFA.

Eu sei que não é o carro mais rápido à face da Terra; é exímio mas não é o que melhor curva; é esteticamente espectacular, mas não é o mais bonito de todos; e apesar da sua performance avassaladora, o preço é assustadoramente elevado. Então porquê de ele despertar todos os estes efeitos em mim?

A resposta é simples: nos automóveis, tal como no amor, o coração tem razões que a própria razão desconhece e o Lexus LFA conseguiu isso, conquistar-me a alma e despertar-me o coração.

Lexus LFA 2011

Para terminar, agradeço a toda a equipa da Razão Automóvel por me terem dado a oportunidade de mostrar ao mundo o que sinto por este magnífico carro, a Akio Toyoda, CEO da Toyota e principal impulsionador de todo o projecto em redor do LFA, e a todos os leitores da Razão Automóvel por seguirem diariamente esta fantástica publicação on-line.

Texto: Fábio Veloso