A história do cinema não é feita apenas por protagonistas de «carne e osso»; o que não faltam são estrelas de «quatro rodas» que acabam por ter tanta ou mais notoriedade que os protagonistas.
Entre essas, muitas têm um denominador comum: ostentam o símbolo da Ford. A Ford tem acompanhado a par e passo a história de Hollywood e ajudado a escrever algumas das páginas mais marcantes da história do cinema.
De todos, o Ford Mustang continua a ser um dos «atores sobre rodas» mais requisitados — independentemente da geração do pony car —, mas não é o único. Vamos recordar alguns desses ícones.
1967 Shelby GT500, “Gone in 60 seconds”
Se o Mustang é o Ford com maior número de presenças no cinema, o Shelby GT500 do filme “Gone in 60 seconds” (2000), conhecido por “Eleanor”, é muito provavelmente aquele que atingiu níveis mais elevados de reconhecimento.
Um reconhecimento tão elevado que, por todo o mundo, começaram a surgir réplicas do “Eleanor”. Muitos proprietários queriam ter um Ford Mustang assim na sua garagem.
Criado por Chip Foose e Steve Stanford, o “Eleanor” e “Randall Raines” (Nicolas Cage) têm o seu grande momento do filme praticamente no final, como em qualquer grande filme de ação.
Falamos da derradeira perseguição policial que termina como devem terminar todas as perseguições nos filmes de Hollywood: com muita destruição, explosões e borracha queimada.
A «cereja no topo do bolo» é sem dúvida alguma o momento em que Randall Raines carrega no botão “Go, Baby, Go”, culminando com um salto épico. Se não vibraram com este momento, então não gostam assim tanto de automóveis.
1968 Mustang GT Fastback, “Bullitt”
Muito tempo antes de “Gone in 60 seconds”, outro Ford Mustang atingia o estatuto de lenda do cinema. “Bullitt” (1968) é um filme de ação e um thriller, mas foi a cena de perseguição que o elevou ao estatuto de lenda. Depois de Bullitt as perseguições de automóveis nunca mais seriam as mesmas.
Com Steve McQueen ao volante — ator, gentleman driver e reconhecido petrolhead —, vemos o Ford Mustang GT perseguir os «maus da fita» pelas colinas da cidade de São Francisco, EUA, durante… uma «eternidade».
Com 10 minutos de extensão é uma das perseguições mais longas na história do cinema. Cada segundo vale a pena.
1973 Falcon XB GT Coupe, “Mad Max”
E por falar em perseguições longas, o que dizer da saga pós-apocalíptica retratada em “Mad Max” (1979), que já vai no seu quarto filme.
O Ford Falcon XB GT e o polícia e «guerreiro da estrada» Max Rockatansky — papel interpretado por Mel Gibson e, mais recentemente, por Tom Hardy no último “Mad Max: Fury Road” (2015) — são os protagonistas nas infindáveis perseguições pelo deserto.
O “The Pursuit Special” é talvez o modelo visualmente mais impactante desta lista. Impõe-se a todos os outros graças ao seu V8 sobrealimentado por um compressor, que «trespassa» o capô. O Falcon XB aparece em todos os filmes desta saga, ainda que para o vermos verdadeiramente em ação, os dois primeiros filmes sejam os mais indicados.
1966 GT40 Mark II, “Ford v Ferrari”
“Ford v Ferrari” (2019) conta a incrível história de quando a Ford bateu a Ferrari no seu próprio jogo, culminando com a vitória nas 24 Horas de Le Mans de 1966 — a marca da oval azul conquistaria os três primeiros lugares da prova.
Com Matt Damon e Christian Bale como protagonistas, a interpretar, respetivamente, Carroll Shelby e o piloto Ken Miles, vemos o nascimento de um dos automóveis mais marcantes de sempre, o Ford GT40.
A força simbólica do GT40 continua a ser de tal forma grande que, mesmo já tendo passado mais de meio século, a Ford deu-se ao luxo de lançar, com sucesso, dois superdesportivos em homenagem ao GT40 original — é incomum marcas generalistas conseguirem intrometer-se tão «à vontade» entre marcas de supercarros. É uma longa tradição na Ford.
1966 Thunderbird, “Thelma & Louise”
O Thunderbird ou T-bird, ao contrário do Mustang, sempre foi mais sobre luxo que performance, mas acabaria por ser o Ford certo para um dos melhores road movies de sempre: “Thelma e Louise” (1991).
Susan Sarandon e Geena Davis protagonizam este filme, onde uma simples viagem acaba por se transformar numa fuga à polícia, e que termina de forma muito… definitiva.
1993 Explorer, “Jurassic Park”
Um filme sobre dinossauros dificilmente seria o filme ideal para um automóvel se destacar — afinal são dinossauros… —, mas foi precisamente isso que aconteceu em “Jurassic Park” (1993).
O filme de Steven Spielberg acabou por ter como um dos grandes protagonistas um Ford Explorer. Fosse pela sua pintura única, o tejadilho panorâmico ou a muita tecnologia que integrava, seria o seu encontro fatídico com o T-Rex que mais marcaria uma audiência ávida por momentos de ação.
Além disso, o Ford Explorer de “Jurassic Park” conseguiu outro feito: antecipar o futuro dos veículos autónomo.
1975 Gran Torino, “Starsky & Hutch”
Conhecemos o Ford Gran Torino do filme “Starsky & Hutch” (2004), a comédia de ação com Ben Stiller e Owen Wilson como protagonistas. Contudo, o filme tem como ponto de partida a série de televisão homónima dos anos 70 (1975-1979).
O que não mudou foi o carro em si, nem a sua pintura sui generis — vermelho com uma enorme faixa branca na lateral. O que lhe valeu até a alcunha, dada por um dos protagonistas da série original, de “Striped Tomato”.
Mas a «carreira cinematográfica» do Gran Torino não se ficou por aqui; o nome do modelo seria também o título do filme de Clint Eastwood, lançado em 2008. E ainda passou pelo quarto filme da saga “Velocidade Furiosa”.
O «eterno» polícia
Esta é apenas uma pequena amostra dos muitos Ford que brilharam no cinema. O Mustang acaba por ser, provavelmente, o Ford que mais «tempo de antena» tem no grande ecrã e são vários os filmes e até sagas onde o podemos encontrar: James Bond (“007 – Os diamantes são eternos”), “Transformers” (Decepticon Barricade) e, claro está, em “Velocidade Furiosa” (“Tokyo Drift”).
A concorrer com o Mustang em número de aparências no grande ecrã, talvez apenas o… Ford Crown Victoria. Isto porque a grande berlina norte-americana tem sido a escolha mais comum — de décadas — das forças policiais norte-americanas.
Por isso, cada vez que nos deparamos com uma perseguição a envolver as forças policiais, o mais certo é tratar-se de um “Crown Vic” — um modelo que, entretanto, já saiu de produção, e começa a ser substituído pelo Ford Explorer. A história continua…
ÚLTIMA EDIÇÃO: Quando a Ford inventou a aviação moderna… sim, a Ford
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