O Ford Puma Hybrid Rally1 é a mais recente «arma» da marca norte-americana no Mundial de Ralis (WRC).
Um modelo que pertence a uma longa dinastia de «monstros» — onde encontramos nomes como o Ford RS200, Escort, Focus e Fiesta WRC — e que procura agora o seu lugar na história do desporto automóvel. Além disso, é o primeiro modelo de competição da Ford a recorrer à eletrificação.
Nas suas «veias» corre um misto de octanas e electricidade que permitem ao Ford Puma Hybrid Rally1 atingir picos de potência superiores a 500 cv.
Mas falar da presença da Ford no Mundial de Ralis obriga a recuar ao passado, antes de relevarmos todos os segredos do mais recente capítulo desta saga: o Ford Puma Hybrid Rally1.
Viagem ao passado
A ligação da Ford ao Mundial de Ralis iniciou-se há mais de 40 anos. Apesar de encontrarmos modelos da Ford nos ralis desde a década de 60, só em 1978 é que a marca norte-americana decidiu participar, de forma oficial, numa prova do Campeonato do Mundo de Ralis.
Pela primeira vez, a representar as cores oficiais da Ford, encontrávamos Hannu Mikkola e Björn Waldegård aos comandos do aclamado Ford Escort RS1800. Desde então, a Ford nunca mais abandonou os ralis.
Logo em 1979, a Ford conseguiu alcançar a sua primeira dobradinha no Mundial de Ralis: venceu o título mundial de construtores e Waldegråd conquistou o título mundial de pilotos.
Uma história de sucesso que viria a repetir-se com Ari Vatanen, duas épocas mais tarde, em 1981, ao volante de um Ford Escort RS com as cores da Rothmans, da David Sutton Cars.
Seguiram-se os míticos anos do Grupo B, com o monstruoso Ford RS200 e com o Ford Sierra RS Cosworth 4×4, que acabaria por estar na base do próximo grande Ford de ralis: o Escort RS Cosworth.
Apesar de competitivos — e das inúmeras vitórias no WRC — nenhum deles foi capaz de dar à Ford a vitória no campeonato de pilotos ou de construtores.
A Ford teve de aguardar pelo “senhor” que se seguiu: o Ford Focus WRC.
Conduzido por lendas como Colin McRae e Carlos Sainz, o Focus WRC — apresentado em 1999 para substituir o Escort WRC — viria a render mais duas conquistas por equipas da Ford no Mundial de Ralis, em 2006 e 2007, com Marcus Grönholm e Mikko Hirvonen.
Em 2017, já em conjunto com a M-Sport, a Ford viria a reclamar outro título de construtores no WRC, desta vez à custa do Fiesta WRC, que também permitiu a Sébastien Ogier vencer o Mundial de Ralis em 2017 e 2018.
De olhos postos no futuro
Agora, com o Ford Puma Hybrid Rally1, a marca da oval azul tem enormes ambições para a nova era híbrida do WRC.
Pela primeira vez na história do mundial de ralis, todos os carros da categoria máxima (Rally1) têm uma componente eletrificada.
Os regulamentos foram profundamente alterados, e todos os modelos que alinham na categoria máxima do WRC recorrem a um motor de combustão coadjuvado por um motor elétrico.
O objetivo desta alteração regulamentar é simples: oferecer carros mais potentes, mais espetaculares, mais amigos do ambiente e mais seguros.
Os segredos do Puma Hybrid Rally1
Debaixo da carroçaria do Ford Puma Hybrid Rally1 encontramos um chassis tubular, de elevada resistência aos impactos e à torção, que é a base de toda a performance deste modelo.
Mas as maiores novidades estão escondidas na parte mecânica e elétrica, cuja componente híbrida é fornecida aos fabricantes pela própria FIA, de forma a ser igual para todos.
Além do motor elétrico capaz de oferecer 100 kW (136 cv) durante cerca de 10 segundos, estes novos Rally1 contam com uma bateria de 3,9 kWh que lhes permite circular em modo 100% elétrico quando se atravessam localidades, cidades e parques de assistência, bem como em determinadas secções entre especiais de classificação.
A bateria vai sendo recarregada pelo motor elétrico nas travagens e nas desacelerações, mas também aceita carga a partir do exterior, tal como num híbrido plug-in convencional.
Por questões de segurança, para proteger todo o sistema elétrico, a unidade híbrida surge protegida por um cofre em fibra de carbono.
Além disso, o Ford Puma Hybrid Rally1 está equipado com um sistema de luzes que avisa o público, os mecânicos e todo o staff de resposta de emergência sobre o estado do sistema de alta tensão do veículo.
Estas luzes estão colocadas no pilar B e pode assumir três cores: verde, que mostra que tudo está em conformidade; vermelho, que identifica problemas no sistema elétrico (neste caso o público que assiste às provas não deve aproximar-se do carro); azul, que avisa que a rigidez do veículo pode ter sido afetada.
Mais potência mas menos emissões
Mas os segredos do Puma Hybrid Rally1 não se esgotam na eletrificação. É que o motor 1.6 turbo de injeção direta do novo Ford Puma é agora alimentado por um combustível produzido a partir de biocombustível e gasolina sintética, tornando estes novos carros menos poluentes e mais sustentáveis.
A contribuir para esta maior eficiência contamos também com uma grande contenção em termos de peso. Com a instalação de uma bateria de alta densidade, um motor elétrico e todos os sistemas associados, seria de esperar que o Puma Hybrid Rally1 fosse bem mais pesado que os carros da temporada passada. Mas não.
A diferença de peso é de apenas 30 kg e para isso muito contribui o facto de os carros terem adotado novos painéis de carroçaria em fibra de carbono e terem perdido o diferencial central.
Um laboratório sobre rodas
Competição é quase sempre sinónimo de tecnologia e investimento. E o programa do novo Ford Puma Hybrid Rally1 não é excepção. Estima-se que cada Ford Puma Hybrid1 custe 1 milhão de euros. Um valor muito inferior aos milhões que são gastos na fase de desenvolvimento.
Além dos ganhos reputacionais, todos os conhecimentos adquiridos na competição encontram réplica nos modelos de produção. De todos, este é talvez o principal motivo que motiva a presença da Ford no mundial de ralis.
Para ajudar em todo este processo de desenvolvimento, a Ford associou-se à M-Sport — que conta com décadas de experiência nos ralis. Em conjunto, a Ford e a M-Sport já conquistaram sete títulos mundiais e já venceram mais de 1500 etapas no Mundial de Ralis. E a história continua…
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