Muito antes da Ford F-150 Lightning — a versão elétrica da pick-up mais vendida no mundo — a Ford já tinha iniciado os primeiros passos na eletrificação de um dos segmentos mais importantes no mercado dos veículos comerciais: as pick-up.
Revelada em 1996 e produzida entre 1998 e 2002, a Ranger EV foi a primeira pick-up elétrica da Ford e o primeiro modelo 100% elétrico produzido em série pela marca fundada por Henry Ford. Foi o primeiro passo na direção que a Ford definiu recentemente para o seu futuro: até 2030, dois terços da gama Ford veículos comerciais será 100% eletrificada.
Elétrica mas (quase) igual às outras
Visualmente, a Ranger EV não era muito diferente da Ford Ranger convencional com motor de combustão. No exterior, as diferenças resumiam-se aos obrigatórios autocolantes e à grelha mais fechada na qual se encontrava a porta de carregamento.
Já no interior era o painel de instrumentos que «denunciava» a dieta da Ranger EV. Tinha vários mostradores específicos que, apesar de não terem a sofisticação oferecida pelo sistema SYNC 4, forneciam as informações mais relevantes ao condutor.
Estes mostradores permitiam controlar o estado da bateria, a sua carga, a autonomia estimada e até um económetro que avaliava a eficiência da condução.
O objetivo da Ford era tornar a experiência de condução da Ranger EV tão fácil e intuitiva quanto uma versão com motor convencional.
A única diferença era a possibilidade de escolher o modo “Economy” que reduzia a velocidade máxima e acionava a travagem regenerativa. Não tinha inteligência artificial como o sistema de tração integral do Ford Kuga, mas já permitia «esticar» a autonomia para valores mais interessantes.
Um mundo de diferenças no campo da mecânica
Se no campo visual as diferenças entre a Ranger EV e as versões com motor de combustão eram escassas, quando falamos da mecânica encontramos um «mundo de diferenças».
Para começar, debaixo do capô não encontrávamos o motor mas sim o pack de baterias. A Ford Ranger EV contava com baterias de chumbo e baterias de níquel, soluções bem menos eficientes que as baterias de iões de lítio que hoje encontramos no Ford Mustang Mach-E, mas muito usadas na época.
As baterias de chumbo tinham 23 kWh de capacidade e permitiam uma autonomia máxima de 93 km. Quanto ao carregamento, repor 80% da carga demorava cerca de três horas graças ao carregador interno de 240 V ou 120 V.
Já as baterias de níquel contavam com cerca de 26 kWh de capacidade e anunciavam uma autonomia de 105 km. O seu carregamento total demorava entre seis e oito horas.
Em ambos os casos as baterias alimentavam um motor elétrico instalado no eixo traseiro (a Ranger EV tinha apenas tração traseira). Nos primeiros catálogos este prometia 76 cv, mas mais tarde passou a oferecer 90 cv e o 189 Nm de binário.
A Ford Ranger EV estava pensada para as empresas que tinham necessidades de transporte em locais fechados e curtas distâncias. Neste cenário a pick-up elétrica era imbatível.
Quanto às prestações, as 50 milhas por hora (80 km/h) eram alcançadas em menos de 14 segundos e a velocidade máxima fixava-se nos 120 km/h, números bem mais modestos do que os apresentados pela Ford Ranger Raptor, mas interessantes se tivermos em conta a tecnologia disponível na época.
Apesar da mudança de motorização, a Ford Ranger EV continuava pronta para trabalhar, mantendo-se fiel aos pergaminhos dos veículos comerciais da Ford. Na versão com baterias de chumbo a capacidade de carga era de 317 kg. Já na variante com baterias de níquel esta subia para uns mais interessantes 567 kg.
O futuro 100% elétrico das pick-up já começou
Na Europa, é a Ford Ranger que continua a liderar as tabelas de venda — há 6 anos consecutivos que a Ranger é líder de mercado — mas nos Estados Unidos o processo de eletrificação das pick-up já começou.
A Ford pretende demonstrar que estes veículos já não são uma proposta de nicho, para early adopters ou ambientalistas. São veículos destinando ao grande público, às massas, a pessoas que trabalham na construção, na agricultura e em todo o tipo de indústrias.
Um futuro cada vez mais próximo — que já chegou à Ford Transit — e que está a ser preparado pela nova geração da Ford Ranger, equipada motores mais eficientes e a mais recente tecnologia da marca.
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