Auto Rádio Guerra aberta. Europa retalia contra elétricos “made in China”

Auto Rádio #61

Guerra aberta. Europa retalia contra elétricos “made in China”

O aumento das taxas de importação dos elétricos produzidos na China é o tópico de discussão do novo episódio do Auto Rádio.

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O verniz estalou entre a União Europeia (UE) e a China, com a aprovação de taxas de importação bem mais elevadas para os veículos elétricos produzidos em território chinês.

Uma decisão que afeta não só os construtores chineses, como os europeus, pois são vários os elétricos de marcas europeias que são lá produzidos — consulte a lista abaixo.

Para saber o que está em causa, o que vai acontecer e como é que a China e os construtores afetados vão reagir, assista ao Auto Rádio desta semana, um podcast da Razão Automóvel com o apoio do Piscapisca.pt.

Neste episódio, além do Guilherme Costa e do Fernando Gomes, convidámos Pedro Silva, diretor e fundador da revista Auto Drive, para discutir o tópico que tem dominado a indústria automóvel nas últimas semanas.

Investigação da Comissão Europeia

A decisão de aumentar as taxas de importação para os veículos elétricos produzidos na China é uma consequência da investigação iniciada pela Comissão Europeia (CE) o ano passado.

Esta investigação, que só terminará no próximo mês de novembro, tem como objetivo descobrir se os elétricos importados da China são ou não subvencionados pelo governo chinês, tanto ao nível do desenvolvimento como da produção. E os indícios mostram que são mesmo.

É claro para a CE que estas subvenções dão uma vantagem competitiva substancial em relação aos elétricos produzidos na Europa, representando “uma ameaça de prejuízo previsível e iminente para a indústria da UE”, como se leu em comunicado.

MG4 XPower
© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel MG é das marcas mais afetadas pelas taxas de importação da UE.

Por isso, Bruxelas decidiu avançar com novas taxas de importação, que podem ir até 38,1% e serão ativadas já no próximo dia 4 de julho. Convém realçar, no entanto, que estas taxas são provisórias, com as definitivas a serem anunciadas após o término da investigação em novembro. Também importa referir que, caso a UE e a China cheguem a algum tipo de acordo até 4 de julho, estas taxas de importação podem simplesmente «ficar na gaveta».

Como poderá perceber no Auto Rádio desta semana, não há interesse em entrar numa guerra comercial entre os dois blocos, até porque, no final, o principal prejudicado será o consumidor: as taxas de importação mais elevadas vão, previsivelmente, tornar os automóveis mais caros.

Que marcas e modelos vão ser afetados?

Outro fator curioso sobre as novas taxas de importação dos elétricos “made in China” é que não são iguais para todos os construtores. Isto acontece porque a CE decidiu atribuir taxas mais ou menos elevadas dependendo da cooperação por parte dos construtores visados nesta investigação.

par de Tesla Model 3, perfil
© TEsla A Tesla já advertiu que o preço do Model 3, fabricado na China e exportado para a Europa, poderá subir já a partir do início de julho.

Por isso vemos as taxas variar entre os 17,4% atribuídos à BYD e os 38,1% atribuídos à SAIC, que detém a MG e a Maxus.

Importa lembrar, mais uma vez, que não são apenas os construtores chineses os afetados. Os construtores europeus e norte-americanos (Tesla) também o são. São vários os que produzem os seus modelos elétricos na China e exportam-nos para a Europa.

Abaixo fica uma lista com as marcas afetadas e também os modelos.

GruposMarcas/ModelosTaxa
AiwaysAiways (todos)21%
BMW-BrillianceBMW iX321%
BMW-Great Wall MotorsMini Cooper e Aceman?*
BYDBYD (todos);
Denza (todos)
17,4%
ChanganAvatr (todos)21%
CheryOmoda (todos)21%
DongfengDacia Spring (joint venture Renault);
Forthing (todos);
Seres (todos);
Voyah (todos)
21%
FAWHongqi (todos);21%
GeelyLynk & Co (todos);
Lotus Eletre e Emeya;
Polestar (todos);
Smart (todos);
Volvo EX30 e EX90;
Zeekr (todos)
20%
Great Wall MotorsGWM (todos)21%
LeapmotorLeapmotor (todos)21%
NIO NIO (todos)21%
SAICMG (todos);
Maxus (todos)
38,1%
TeslaModel 321%
Volkswagen-JACCUPRA Tavascan38,1%
XPengXPeng (todos)21%
?* — No caso dos Mini elétricos produzidos na China ainda não é totalmente claro se serão abrangidos pelos 21% aplicados à Great Wall Motors ou se será aplicada a taxa máxima à joint venture com a BMW

A lista de marcas e modelos é extensa — faltam alguns como os referentes a veículos pesados —, mas como poderá ver no Auto Rádio, já estão em marcha planos para evitar as novas taxas de importação da UE.

Previsivelmente, esses planos passarão por mudar o local de produção de alguns modelos, como já foi anunciado para o Volvo EX30 ou o novo Mini Cooper elétrico.

Igualmente alguns construtores chineses já anunciaram a instalação de fábricas no continente europeu. No caso da Leapmotor, vai tudo mudar a partir de setembro, graças à joint venture formada com a Stellantis, que deslocará a produção também para a Europa.

Encontro marcado no Auto Rádio na próxima semana

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