Ensaio Testámos o BMW 216d Gran Coupé. Aparência não é tudo e atributos não lhe faltam

Desde 39 100 euros

Testámos o BMW 216d Gran Coupé. Aparência não é tudo e atributos não lhe faltam

Quase tudo sobre o Série 2 Gran Coupé costuma girar à volta da sua aparência, mas este BMW 216d Gran Coupé tem outros atributos que merecem ser evidenciados.

BMW 216d Gran Coupé
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Se nos últimos tempos todas as discussões sobre a BMW parecem girar apenas à volta do quão grande é o seu duplo rim, no caso do Série 2 Gran Coupé, lançado no início de 2020, todo o seu desenho acabou por ser motivo de discussão.

O rival por excelência do Mercedes-Benz CLA não trouxe um duplo rim XXL, mas trouxe com ele proporções inéditas à BMW e, como o Série 1 (F40) com o qual partilha tanto, trouxe novas interpretações dos elementos de estilo típicos da marca que também não evitaram alguma contestação.

Porém, a discussão à volta do aspeto do Série 2 Gran Coupé acaba por distrair dos restantes atributos deste modelo que, em vários aspetos, são superiores ao CLA. E o mesmo é verdade quando nos referimos a este BMW 216d Gran Coupé testado, um dos degraus de acesso à gama.

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BMW 216d Gran Coupé
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

BMW 216d Gran Coupé: acesso Diesel

Podemos começar precisamente pelo 216d Gran Coupé ser o degrau de acesso às motorizações Diesel na gama. Tenho de admitir que, tendo em conta a minha última experiência com este três cilindros de 1,5 l, no anterior Série 1 (F20), as expetativas não eram as mais elevadas. Apesar de muito competente, no antigo 116d revelou-se pouco refinado, com vibrações a mais, que mostravam toda a sua natureza tricilíndrica.

Nesta sua nova iteração e disposição (posicionamento é agora transversal e não longitudinal) surpreendeu. As vibrações estão agora muito mais contidas, sendo mais refinado e até… cremoso em utilização, ao mesmo tempo que a sua capacidade de resposta e entusiasmo por galgar rotações é manifestamente superior — (a sério) por vezes, mais parecia um motor a gasolina, demonstrando grande vivacidade ao chegar às 3000 rpm, continuando a puxar alegremente até e para lá das 4000 rpm.

Só quando “acordamos” o motor do BMW 216d Gran Coupé é que mantém-se, teimosamente, um mais sentido abanão.

Se o motor surpreendeu pela positiva, o seu casamento com a caixa de dupla embraiagem, a única disponível, não lhe ficou atrás. Apesar de ser um fã confesso das caixas manuais, não me parece que neste caso ficasse melhor servido. De resposta pronta, está sempre na relação certa e muito dificilmente a apanhamos em falso — até parecia conseguir ler a mente…

Também no modo manual (não tem patilhas, temos de recorrer ao manípulo) revelou ser muito agradável e correta de usar, assim como no seu modo Sport (não faz reduções desnecessárias e não mantém uma relação a um regime forçosamente elevado sem ser preciso).

Ok… Até parece que o 216d Gran Coupé é um “canhão” — não é. São apenas 116 cv, um valor modesto, mas a vivacidade e disponibilidade do motor em conjunto com a muito bem calibrada caixa fazem do 216d Gran Coupé uma opção tão válida como a mais potente (e mais cara) 220d. Para mais, o tricilíndrico demonstrou ter um apetite comedido, registando entre 3,6 l/100 km (90 km/h estabilizados) e 5,5 l/100 km (condução mista, com muita cidade e algumas vias rápidas).

Condução e comportamento convincente

Os seus atributos não se ficam pela sua cadeia cinemática. Como já tinha comprovado com os mais potentes 220d e M235i, no plano dinâmico o 216d Gran Coupé convence plenamente. Não é o que mais entretém, mas também não é enfadonho — como referi no meu primeiro contacto há pouco mais de um ano, vemos o melhor do Série 2 Gran Coupé a 80-90% das suas capacidades, onde parece fluir harmoniosamente pelo asfalto.

BMW 216d Gran Coupé
Proporções inéditas e… discutíveis para um quatro portas da BMW. O eixo dianteiro deveria estar numa posição mais avançada ou o habitáculo um pouco mais recuado para termos as proporções “clássicas” (tração traseira). © Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Destaca-se pelo equilíbrio e coesão na ação de todos os seus comandos, direção (agradecia-se um volante de aro mais fino) e pedais, e nas respostas que providenciam — melhor que o seu arquirrival de Estugarda —, refletindo-se num chassis que garante um comportamento eficaz e progressivo.

Mesmo estando equipado com a suspensão desportiva e nós estando sentados nos opcionais bancos desportivos, o conforto de rolamento mantém-se num bom plano, apesar do amortecimento tender para o seco. Dito isto, “respira” melhor sobre o asfalto do que o CLA 180 d que testei no passado, mesmo a velocidades de autoestrada (havia uma agitação, pequena, mas constante no CLA), demonstrando uma elevada estabilidade e um elevado refinamento a bordo (insonorização bem conseguida).

BMW 216d Grand Coupé
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

E mais?

Apesar das quatro portas, as opções estéticas tomadas, sobretudo as relacionadas com a sua silhueta próxima dos coupé, gera compromissos. A visibilidade traseira deixa algo a desejar e quando nos sentamos atrás, apesar do acesso aos lugares traseiros ser razoavelmente bom, o espaço em altura é limitado. Pessoas com 1,80 m ou com um tronco mais alto, vão roçar/tocar com a cabeça no teto — um CLA, ou até mesmo o Série 1, com o qual partilha tanto, são melhores a este nível.

De resto, tal como já constatámos em vários Série 2 Gran Coupé e também no Série 1, a robustez a bordo deste BMW 216d Gran Coupé está num patamar elevado, acima do seu principal rival. E o design do interior, apesar de mais convencional, tem uma curva de aprendizagem menor e melhor ergonomia que outros modelos que decidiram também apostar forte no digital.

Ainda há comandos físicos para as funções mais usadas que não nos obrigam a interagir com o sistema de infoentretenimento, mesmo sendo este um dos melhores da indústria (com menos submenus seria ainda melhor). Há espaço para melhoramentos, como a leitura do painel de instrumentos digital, que por vezes torna-se confusa, assim como prescindiria alegremente do conta-rotações “ao contrário”.

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É o carro certo para si?

A sua aparência continua a ser motivo de discussão, mas felizmente, os atributos do Série 2 Gran Coupé não começam e acabam no seu aspeto. Mecanicamente e dinamicamente convence mais que o CLA correspondente, assim como na qualidade interior percebida.

No entanto, não é de todo o mais acessível. O preço do 216d Gran Coupé está alinhado com o do CLA 180 d, a começar nos 39 mil euros, mas a nossa unidade somava mais 10 mil euros em opcionais. Se precisamos deles todos? Claro que não, mas alguns são “obrigatórios” e até deviam vir de série, como o Pack Connectivity (que tem, entre outros, conectividade a aparelhos móveis, Bluetooth e USB, com carregamento wireless), que “carrega” o preço em 2700 euros.

BMW 216d Gran Coupé
Apesar das dimensões generosas, não é o duplo rim o culpado de todas as atenções em relação à aparência do Série 2 Gran Coupé. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel

A nossa versão desportiva M também sai bastante cara, mas — e voltando ao tópico da aparência que nunca conseguimos verdadeiramente fugir — quase que nos sentimos obrigados a optar por ela para que o Série 2 Gran Coupé fique com mais alguma graça. Estes (erradamente) denominados “coupés” de quatro portas fazem-se valer, sobretudo, pela sua imagem mais apurada, pelo que os “adornos” M ajudam e muito nesse capítulo. Não é à toa que o estilo continua a ser um dos maiores trunfos do CLA em relação ao Série 2 Gran Coupé.

Testámos o BMW 216d Gran Coupé. Aparência não é tudo e atributos não lhe faltam

BMW 216d Gran Coupé

7/10

NOTA: 7,5. Pode ser um dos degraus de acesso à gama, mas o conjunto motor-caixa do BMW 216d Gran Coupé impressiona pela positiva. Pode não ter a performance do mais potente 220d, mas esta encontra-se num patamar muito aceitável e os consumos são, regra geral, contidos. Junte-se uma dinâmica muito bem resolvida a vários níveis, e um nível de refinamento elevado, e esta seria a escolha por defeito neste nicho do mercado, não fosse a importância que este mesmo nicho dá a questões como a imagem/aparência. E aí o seu arquirrival CLA ainda tem uma palavra a dizer.
Mesmo sendo da marca que é, também fica difícil justificar o preço pedido e, sobretudo, os 10 mil euros em opcionais, quando alguns deles deveriam ser de série.

Prós

  • Conjunto motor-caixa
  • Consumos
  • Refinamento elevado
  • Condução/Comportamento

Contras

  • Preço
  • Alguns opcionais deviam ser de série
  • Espaço em altura atrás

Versão base:€39.100

IUC: €147

Classificação Euro NCAP: 5/5

€49.455

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura:3 cilindros em linha
  • Capacidade: 1496 cm3 cm³
  • Posição:Dianteira Transversal
  • Carregamento: Injeção direta Common Rail; Turbo de geometria variável; Intercooler
  • Distribuição: 2 a.c.c.; 4 válv./cil. (12 válv.)
  • Potência: 116 cv às 4000 rpm
  • Binário: 270 Nm entre as 1750-2750 rpm

  • Tracção: Dianteira
  • Caixa de velocidades:  Automática (dupla embraiagem) de 7 velocidades

  • Comprimento: 4526 mm
  • Largura: 1800 mm
  • Altura: 1420 mm
  • Distância entre os eixos: 2670 mm
  • Bagageira: 430 l
  • Jantes / Pneus: 225/40 R18
  • Peso: 1505 kg

  • Média de consumo: 4,8 l/100 km
  • Emissões CO2: 125 g/km
  • Velocidade máxima: 200 km/h
  • Aceleração máxima: >10,3s

    Tem:

    • Cruise Control com função de travagem
    • PDC-Sensores estacionamento dianteiros/traseiros
    • Pack de arrumação

Versão Desportiva M (suspensão desportiva M, incluindo a direção desportiva M, pack aerodinâmico M, Frisos exteriores Shadow Line BMW M, Tecido "Trigon"/Alcantara preto/preto, Forro do teto antracite BMW M, Bancos dianteiros desportivos, Volante desportivo M em pele, Frisos interiores iluminados "Boston", Pack de luzes, Luzes de nevoeiro em LED): 4282 €
Azul Snapper Rocks metalizada: 740 €
Pack Business Plus: 1900 €
Pack Connectivity: 2700 €
Aumento da capacidade do depósito de combustível: 50 €
Assistente de estacionamento: 360 €
Sistema de som HiFi: 365 €
Vidros com proteção solar: 365 €