Testei o Hyundai Tucson 2025 mais caro. Será o que faz mais sentido?

No Hyundai Tucson híbrido plug-in, o motor de combustão quase que parece ficar esquecido…

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O Hyundai Tucson está a comemorar 20 anos e, desde a sua entrada no mercado europeu, já foram comercializadas mais de 1,4 milhões de unidades.

Só em 2024, foram vendidas 155 521 unidades, sendo o Hyundai mais vendido na Europa por larga margem — o Kauai, o segundo mais vendido, ficou a mais de 55 mil unidades de distância.

O sucesso poderá explicar-se por ter a dimensão certa para a grande maioria das famílias — maior que o Kauai, mas sem ser demasiado grande como o Santa Fe —, como por ter uma oferta de motorizações que estão entre as mais diversificadas. Só fica a faltar uma opção 100% elétrica.

Mesmo com este nível elevado de sucesso a Hyundai percebeu que o Tucson estava no momento certo para uma atualização. Uma das que não são muito profundas, mas que incluem novidades importantes.

As alterações estéticas exteriores quase requerem colocar o seu antecessor ao lado para as descobrir mais facilmente. Tanto na frente como na traseira há para-choques com um novo desenho e o original formato das luzes de condução diurna do Hyundai Tucson 2025 perdem um elemento, mas os que restam passam a ser maiores.

Tecnologia é a novidade

Uma vez a bordo, as novidades são mais visíveis e recaem numa tendência que está a ser adotada por diversos construtores. Em vez da solução de painel de instrumentos digital e um ecrã central que pouco ou nada têm a ver um com o outro, o Hyundai Tucson tem agora dois ecrãs de maiores dimensões, posicionados lado-a-lado no mesmo painel horizontal.

Esta alteração obrigou a que alguns dos comandos da consola central tivessem de ser reorganizados, incluindo o regresso de alguns botões físicos.

O comando da caixa shift-by-wire (sem ligações mecânicas) também mudou de posição, passando da consola central para a coluna da direção. No seu lugar, ficou uma prática plataforma de carregamento por indução para o telemóvel.

A habitabilidade é um dos pontos positivos, havendo bastante espaço disponível para quem viaja à frente ou atrás. O lugar central traseiro mantém-se como o menos desejado, mas é utilizável sem grandes dificuldades. Nesta fila, as costas dos assentos podem ser rebatidas numa proporção de 40:20:40, mas também posicionadas em ângulos diferentes, consoante o gosto de cada passageiro.

Sob o piso da bagageira, que inclui uma proteção plástica para quando não queremos sujar este compartimento, está a bateria do sistema híbrido plug-in. Rouba alguns litros de volumetria, mas a capacidade total mantém-se nuns muito úteis 558 litros, que ainda incluem alguns recantos de arrumação para pequenos objetos sob o piso.

Perdeu potência mas ganhou autonomia elétrica

O Hyundai Tucson 2025 mantém as opções mild-hybrid, híbrida (sem precisar de ligar à tomada) e híbrida plug-in, mas perdeu potência nas duas últimas opções e o responsável é o motor a gasolina.

O motor 1.6 T-GDi ainda é o mesmo, mas passou a debitar 160 cv em vez dos anteriores 180 cv. O binário mantém os mesmos 265 Nm. Por outro lado, o motor elétrico soma agora 98 cv em vez dos 91 cv anteriores. No total, a potência máxima combinada caiu dos 265 cv para os 252 cv.

A bateria mantém os 13,8 kWh, mas a autonomia em modo 100% elétrico aumentou para até 71 km (86 km em cidade), mais 9 km que antes. A justificação para este aumento é fácil de compreender: pela primeira vez, o Tucson PHEV está disponível com tração dianteira. O anterior tinha exclusivamente tração às quatro rodas.

Apesar de continuar a ser o Tucson mais potente, este PHEV não foi desenvolvido com o objetivo de ser o automóvel mais dinâmico do mundo, nem o mais rápido naquele troço de estrada que adoramos.

Ainda assim, oferece uma elevada dose de segurança a quem vai ao volante, uma boa estabilidade em curva e, acima de tudo, um nível de conforto bastante elevado, mesmo em zonas de piso mais degradado.

Gasolina em segundo plano

O seu maior trunfo, no entanto, é mesmo o seu sistema híbrido. Ao volante do Hyundai Tucson 2025 PHEV é fácil perceber como estão a evoluir os sistemas híbridos na condução do dia a dia.

Com a carga da bateria totalmente preenchida, a vertente elétrica do sistema parece estar quase sempre a ignorar o motor de combustão. Houve dias em que sai com o Tucson e voltei a entrar em casa sem o motor a gasolina ter dado sinais de vida.

Os 71 km elétricos oficiais são realistas — só ao fim de quase 70 km percorridos em silêncio total, é que o motor a gasolina decide fazer-se ouvir.

Mesmo em estrada e até autoestrada, ou até quando acelerei com mais convicção, o motor de combustão nunca demonstrou grande vontade de intervir. Na minha cabeça, quase que o imaginei a encolher os ombros e a dizer: “o miúdo trata disso”, referindo-se ao motor elétrico.

Com a bateria já perto do zero, continua a surpreender o número de momentos em que a combustão passa o testemunho à eletricidade. E no final, com tudo isto, é mesmo muito fácil manter consumos médios abaixo da fasquia dos quatro litros.

Nunca é demais lembrar que a aquisição de um híbrido plug-in só faz sentido se estiver assegurada a parte do carregamento, caso contrário, o híbrido (não plug-in) é a melhor opção.

Fasquia psicológica

O Hyundai Tucson 2025 é um daqueles raros casos do mundo automóvel que parece preencher a maioria dos requisitos exigidos, fazendo bem tudo o que tem de fazer.

Claro que, tal como muitas outras pessoas, gostaria de ver um preço mais acessível neste híbrido plug-in, que apenas está disponível com o nível de equipamento e-Vanguard, o mais completo da gama.

Por representar a oferta de topo, este é também o Hyundai Tucson mais caro de todos os disponíveis no mercado nacional. E também o único que já conta com um preço acima da fasquia psicológica dos 50 mil euros.

Só que, para ser honesto, tendo em conta tudo aquilo que este Hyundai Tucson PHEV tem para oferecer, nem este valor parece descabido.