Ensaio Conduzimos o Mercedes-Benz EQA. Boa autonomia faz esquecer preço elevado?

Desde 53 950 euros

Conduzimos o Mercedes-Benz EQA. Boa autonomia faz esquecer preço elevado?

O EQA é o elétrico mais acessível da Mercedes-Benz, ainda que tenha no preço o seu maior contra. Então, afinal onde se destaca este SUV elétrico?

Mercedes-Benz EQA 250+ Edition

7/10

O Mercedes-Benz EQA tem boa autonomia e um interior do excelência, mas o preço…

Prós

  • Acabamentos e materiais
  • Consumos
  • Autonomia
  • Infoentretenimento

Contras

  • Capacidade da bagageira
  • Lugares traseiros
  • Preço

O Mercedes-Benz EQA (juntamente com o EQB) foi alvo de uma atualização que lhe deu mais autonomia, melhores consumos, mais equipamento e alguns retoques visuais.

O preço acompanhou a evolução, mas mesmo assim o EQA continua a ser o elétrico da Mercedes-Benz mais barato que podem comprar.

É certo que existem propostas com preços mais competitivos na concorrência, muitas delas mais espaçosas e com maior versatilidade. Mas não desistam já do EQA que continua a ter alguns trunfos na manga.

Mercedes-Benz EQA 250+, traseira 3/4
© Razão Automóvel

Com uma imagem sóbria e até elegante, o Mercedes-Benz EQA mostra logo ao que vem desde o primeiro momento em que o vemos. Tem a qualidade de execução que se espera da marca de Estugarda, tem os elementos de design típicos da família EQ e tem, acima de tudo, o aspeto premium que muitos clientes procuram neste segmento.

Isto pode ser acentuado com a linha exterior AMG e com o pack Night, que elimina os cromados exteriores, substituindo-os por apontamentos escurecidos.

Mercedes-Benz EQA 250+, vista parcial frente
© Razão Automóvel A unidade testada equipa jantes AMG (pretas) de 20”, que tal como se costuma dizer em bom português, fazem um «figurão»

Diria que estes opcionais não são obrigatórios para ninguém, mas ajudam a elevar a imagem exterior do EQA, que vem ainda de série com faróis LED High Performance e uma nova assinatura luminosa.

Interior em bom nível

No interior, a Mercedes-Benz também optou por uma evolução algo contida, mantendo o aspeto geral do habitáculo do EQA praticamente inalterado.

As alterações mais visíveis são o novo volante com superfícies táteis, o novo sistema de infoentretenimento e as novas molduras das portas e do tabliê.

ecrã central infoentretenimento
© Razão Automóvel O novo ecrã central é um dos maiores upgrades do interior do EQA, que a este nível já começava a ficar atrás de grande parte da concorrência

Agora temos (de série) um ecrã de 10,25” que é compatível com Android Auto e Apple CarPlay sem necessitar de qualquer cabo. Passamos a contar também com o sistema multimédia MBUX de última geração, que melhorou funções como o sistema de reconhecimento de comandos de voz.

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Por fim, para quem não abdica do melhor som possível dentro do automóvel, para mais num elétrico silencioso como o EQA, passa a poder ter de forma opcional um sistema Burmester com Dolby Atmos.

Aspeto premium

Também no interior o EQA faz por justificar a etiqueta premium que carrega. Quer seja ao nível dos materiais usados quer seja pela qualidade de montagem, este pequeno SUV elétrico merece nota positiva nesse capítulo.

Ainda assim, não pude deixar de notar alguns plásticos mais duros nas zonas inferiores. Mas isso está longe de ser uma crítica, porque a montagem é sólida e precisa. Ao contrário dos comandos táteis do volante, que não são propriamente fáceis de operar em movimento.

Por outro lado, os sistemas de segurança e de auxílio à condução foram melhorados, com a responsabilidade a cair nas novas câmeras (dianteira e traseira) de maior resolução.

Mercedes-Benz EQA 250+ consola central
© Razão Automóvel O trackpad na consola central desapareceu. Eu sei que era uma solução algo datada, mas a verdade é que funcionava relativamente bem.

Menos espaço do que no GLA

Uma das críticas que sempre fiz ao EQA estava relacionada com o espaço disponível, sobretudo quando o comparamos com o seu «irmão» a combustão, o Mercedes-Benz GLA.

A esse nível devo dizer que esta atualização pouco ou nada fez. Porque na verdade não há muito que a Mercedes-Benz possa fazer. É uma limitação imposta pela própria plataforma deste modelo, bem como pela arrumação da bateria, que surge parcialmente por baixo dos bancos traseiros.

Para manter o espaço em altura aceitável na segunda fila, a marca alemã viu-se obrigada a descer bastante o banco traseiro, pelo que agora vamos sentados numa posição baixa, mas com os joelhos bem mais altos.

Não é uma posição ideal, o que faz com que não seja a mais confortável para viagens mais longas. Não é só no espaço que o EQA perde para o GLA: também perde na versatilidade.

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Se o GLA permite que os bancos traseiros possam andar para a frente e para trás — favorecendo ou o espaço para os passageiros ou para as bagagens —, e até mesmo inclinar as costas, no EQA nada disso é possível.

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Ganhou autonomia, mas…

Para surpresa minha (e tenho a certeza que não estou sozinho nisto), a Mercedes-Benz optou por não alterar a capacidade das baterias do EQA, que continuam a ter capacidades líquidas de 66,5 kWh e 60,5 kWh (versões Plus, como aquela que testámos neste ensaio).

Contudo, graças a uma ligeira melhoria no coeficiente aerodinâmico e a consumos mais baixos, a autonomia homologada deste EQA 250+ aumentou em 27 km — passou dos 530 km para os 557 km em ciclo combinado WLTP.

Jante de 20"
© Razão Automóvel Naturalmente, a autonomia varia de acordo com o equipamento selecionado e com o tamanho das jantes/pneus

São boas notícias, é certo, mas não deixo de pensar que a Mercedes-Benz podia ter sido um pouco mais ambiciosa e tentado colocar o EQA 250+ perto da barreira dos 600 km de autonomia.

E os consumos?

Aqui, as melhorias são mais notórias, porque no final deste ensaio, com quase 300 km percorridos, o painel de instrumentos digital marcava 16 kWh/100 km de consumo médio, mesmo com cerca de metade destes quilómetros a serem feitos em autoestrada.

Ainda mais interessantes foram os consumos que consegui fazer em cidade, ficando quase sempre em torno dos 14 kWh (usando o modo Eco). São registos bastante simpáticos para uma proposta como esta.

Painel de instrumentos digital
© Razão Automóvel

Quanto aos carregamentos, também não se registaram evoluções: em corrente contínua (DC) o EQA admite velocidades de até 100 kW e em corrente alternada (AC) de até 11 kW.

Para uma proposta premium, nesta faixa de preço, pedia-se mais. Mesmo assim, bastam 35 minutos (à velocidade máxima) para que a carga da bateria passe dos 10% para os 80%.

Os 190 cv são suficientes?

A versão testada, a EQA 250+, faz-se animar por um motor elétrico (dianteiro) com 140 kW (190 cv) e 385 Nm, que chega para nos deixar acelerar dos 0 aos 100 km/h em 8,6s e para atingirmos os 160 km/h de velocidade máxima.

Há elétricos muito mais potentes e rápidos, e por menos dinheiro, mas o EQA não tem pretensões de ser um desportivo. Quer ser um pequeno familiar premium e elétrico. Se o virmos assim, estes 190 cv são mais do que suficientes.

Em autoestrada, por exemplo, revela estabilidade, conforto e refinamento. Arrisco mesmo a dizer que é o território onde este elétrico mais se mostra à vontade. Não ouvimos ruídos do motor, da estrada ou do vento e a experiência acaba por ser muito relaxante.

E em cidade?

Já na «selva» urbana, além dos consumos baixos, o EQA destaca-se por oferecer uma excelente posição de condução, que nos garante uma boa visibilidade, sobretudo para a frente.

Ágil, descontraído e fácil de conduzir, este elétrico permite inclusive que o possamos conduzir quase só com o pedal do acelerador, ainda que para uma imobilização completa, mesmo com a regeneração no máximo, tenhamos que pisar o travão.

 ecrã central infoentretenimento
© Razão Automóvel Existem 4 modos de condução distintos: Comfort, Eco, Sport e Individual

Quanto à suspensão, faz um bom trabalho a absorver as irregularidades da estrada e mostra-se quase sempre confortável. Contudo, quando subimos o ritmo numa estrada mais revirada, há mais movimentos da carroçaria aos quais não devem ser estranhos os mais de 2000 kg que acusa.

A somar a isso, a direção é algo leve, o que torna difícil ler o que está a acontecer no eixo dianteiro, e tira alguma confiança na hora de «atacar» curvas de forma mais incisiva. É em autoestrada e na cidade onde o EQA está muito mais à vontade.

Quanto custa?

O Mercedes-Benz EQA tem preços a começar nos 53 950 euros da versão 250+, que é aquela que eu considero mais interessante, sobretudo para quem procura uma autonomia mais elevada.

Tal como referi no início, existem outras propostas neste segmento com preços bem mais competitivos. Contudo, o EQA afirma-se por contar com uma imagem exterior sofisticada, com um interior premium e com uma autonomia que, apesar de não ter crescido muito, é interessante. Até porque vem acompanhada de consumos bastante contidos, sobretudo numa utilização em cidade.

A juntar a tudo isto, e tal como acontece em praticamente todas as propostas da Mercedes-Benz, a lista de opcionais é extensa e rapidamente acrescenta milhares de euros à fatura final.

No caso do exemplar aqui testado, por exemplo, os opcionais ultrapassam os 10 mil euros, o que a meu ver não se justifica numa proposta deste segmento.

Veredito

Mercedes-Benz EQA 250+ Edition

7/10

O Mercedes-Benz EQA é silencioso, agradável de conduzir e bem construído. Mas a bagageira continua a ser acanhada, bem como os lugares traseiros. A última atualização deu-lhe mais autonomia e menores consumos, e isso são boas notícias. Quanto ao preço, continua a ser elevado perante grande parte da concorrência.

Prós

  • Acabamentos e materiais
  • Consumos
  • Autonomia
  • Infoentretenimento

Contras

  • Capacidade da bagageira
  • Lugares traseiros
  • Preço

Especificações Técnicas

Versão base:53.950€

Classificação Euro NCAP: 5/5

67.249€

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura:1 motor elétrico
  • Posição:Dianteira Transversal
  • Carregamento: Bateria de iões de lítio com 70,5 kWh (úteis)
  • Potência: 140 kW (190 cv)
  • Binário: 385 Nm

  • Tracção: Dianteira
  • Caixa de velocidades:  Relação única fixa

  • Comprimento: 4463 mm
  • Largura: 1834 mm
  • Altura: 1612 mm
  • Distância entre os eixos: 2729 mm
  • Bagageira: 340-1320 l
  • Jantes / Pneus: 235/45 R20
  • Peso: 2055 kg

  • Média de consumo: 14,4 kWh/100 km; Autonomia: 557 km
  • Velocidade máxima: 160 km/h
  • Aceleração máxima: >8,6s

    Tem:

    • Android Auto e Apple CarPlay
    • Acabamentos interiores retro-iluminados
    • Funções avançadas MBUX
    • Painel de instrumentos digital de 10,25”
    • Suspensão conforto
    • Sistema de controlo da pressão dos pneus
    • Faróis LED High Performance
    • Barras de tejadilho em alumínio
    • Patilhas galvanizadas de passagem de caixa no volante
    • Pack USB Plus
    • Ecrã central de 10,25″
    • Carregador de bordo AC até 11kW
    • Iluminação ambiente
    • Deteção da presença de ocupantes
    • Portão traseiro com abertura/fecho elétrico
    • Cabo de carregamento para Wallbox e estações de carregamento público de 5m
    • Estofos em Pele ARTICO/Tecido Preto
    • Forro do tejadilho em tecido preto
    • Assistente ativo de faixa de rodagem
    • Assistente de Limite de Velocidade
    • Assistente activo de travagem
    • Câmara de marcha-atrás
    • Jantes em liga leve com 5 raios de 18″
    • Pintura Sólida Preto Night
    • Ar condicionado automático THERMATIC
    • Volante multifunções em pele
    • Bancos dianteiros aquecidos
    • Cobertura retrátil na consola central
    • Tapetes de veludo

Pintura Metalizada Azul Spectral — 950 €
Jantes em liga leve AMG com multiraios de 20″ — 2050 €
Teto de vidro panorâmico em vidro — 1500 €
Versão AMG Advanced Plus— 7900 €
Pack pele AMG (inclui bancos dianteiros aquecidos) — 1250 €.