
Renault Austral E-Tech Full Hybrid 200 Esprit Alpine
Alerta à concorrência. Este vai dar luta.
Prós
- Qualidade de montagem
- Espaço na traseira
- Tecnologia oferecida
- Consumos
Contras
- Preço da versão testada
- Demasiadas hastes atrás do volante
- Direção demasiado leve
Depois do Kadjar, que não conseguiu replicar no segmento C-SUV o sucesso que a Renault teve (e tem) no segmento abaixo com o Captur, é a vez do Austral assumir essa importante missão.
E lamento dar-vos já este spoiler, mas acho que desta é que é: o Austral tem tudo para triunfar.
É ligeiramente maior (4,51 m de comprimento) do que o Kadjar e do que o «primo» Nissan Qashqai, modelo com o qual partilha a plataforma CMF-CD. Mas é o estilo, com soluções semelhantes ao que já tínhamos visto no Mégane E-Tech Electric e no Arkana, que mais contribui para a forte presença em estrada que ele exibe.
A não perder: Elétrico com motor a gasolina? Novo Nissan Qashqai e-Power em vídeoIsso é ainda mais notório na versão que testámos, a Iconic Esprit Alpine (versão que substitui as R.S. Line na Renault), que lhe dá o «tom» sofisticado e o aspeto desportivo que o Kadjar nunca teve.

Um habitáculo com “sabor” a Alpine
Isso também é válido para o interior: moderno, bem construído e com soluções que estão ao nível do melhor que a Renault tem para oferecer.
Os pontos em comum com o Mégane E-Tech Electric são vários, mas isso é uma boa notícia, até porque foi um dos aspetos que mais elogiámos quando conduzimos o elétrico da marca gaulesa.
Mas no Austral é notória uma preocupação adicional ao nível dos materiais escolhidos, sobretudo aqueles que estão mais «à mão», que se destacam por ser macios e agradáveis ao toque.
A perceção de qualidade é grande e, no geral, o habitáculo do Austral aponta a «outros voos». Sobretudo porque não é só «fogo de vista», também é conteúdo: a oferta tecnológica, por exemplo, é melhor do que a maioria tem para oferecer no segmento.
O ecrã multimédia central, por exemplo, com 12” (tal como o painel de instrumentos digital), é muito fácil de operar, é rápido e apresenta uma excelente resolução.
Além de contar com um sistema operativo de base Android que nos oferece, de forma nativa (sem ser necessário qualquer smartphone), serviços como Spotify ou Google Maps.
Pode parecer um pequeno pormenor, mas acreditem que é altamente satisfatório ter estes dois serviços imediatamente «prontos a funcionar» desde o momento em que nos sentamos no carro.
Caso desejem usar outro serviço de streaming de música ou outro sistema de navegação, também é possível: há Apple CarPlay e Android Auto sem fios disponível, um carregador por indução na consola central e duas portas USB C na dianteira. O smartphone agradece.
Também convence atrás
Na segunda fila de bancos, o Renault Austral não só convence como oferece um espaço de referência, quer ao nível dos joelhos e das pernas, quer ao nível da cabeça. E mesmo o acesso aos lugares posteriores é muito satisfatório, culpa do facto deste SUV não aderir à moda dos tejadilhos de inspiração coupé.
Leiam também: Novo Renault Espace vai ser um SUVNaturalmente, o lugar central é mais alto e mais duro, pelo que não é tão cómodo quanto os assentos das extremidades. O banco está dividido em duas partes (40:60), sendo que ambas podem deslizar 16 cm longitudinalmente.
A bagageira é suficiente?
Ao nível da bagageira, o Austral com a motorização híbrida de 200 cv que aqui testámos fica-se pelos 555 litros, ainda que com o banco traseiro na posição mais recuada este número fique reduzido aos 430 litros.
Neste caso, a concorrência leva alguma vantagem. Basta olhar para o Citroën C5 Aircross, por exemplo, que oferece 580 litros, ou então para o Peugeot 3008, que garante 520 litros. O Kia Sportage disponibiliza 562 litros.

Um híbrido poupado e eficaz
Nesta versão E-Tech Full Hybrid, o Renault Austral junta um novo motor 1.2 turbo de três cilindros a gasolina com 130 cv a dois motores elétricos (ambos montados na dianteira): um entrega 25 kW (34 cv) e 50 Nm, e o outro oferece 50 kW (68 cv) e 205 Nm, sendo que só este último assiste na locomoção do SUV.
Já o outro motor elétrico, mais pequeno, assume as funções de motor de arranque e gere a caixa de velocidades Multimodal (com 15 relações) deste modelo, que não tem sincronizadores, mas tem relações associadas quer ao motor elétrico quer ao motor de combustão.
O resultado deste «casamento» é uma potência máxima de 200 cv (o binário máximo combinado não é anunciado pela Renault), o suficiente para que este SUV consiga acelerar dos 0 aos 100 km/h em 8,4s. A velocidade máxima está limitada aos 175 km/h.
E quando pisamos a fundo e tentamos explorar estes números, a boa notícia é que tudo parece «natural». Porém, sente-se alguma hesitação por parte da caixa, como que se estivesse à procura da melhor «resposta» para aquilo que lhe acabámos de pedir.
Já quando usamos o pedal do acelerador de forma mais moderada, o sistema faz uma gestão muito suave de tudo o que está a acontecer. É silencioso e progressivo, e é precisamente isso que se pede a um híbrido como este.
O motor a combustão está constantemente a ligar e a desligar, com o sistema híbrido sempre à procura do funcionamento mais eficiente possível, mas a menos que estejamos sempre a olhar para os grafismos da instrumentação digital, é difícil perceber tudo isso.
Consumos interessantes
Aos elogios que já fizemos ao sistema híbrido, temos ainda de lhe juntar os consumos, que são comedidos para uma proposta com este «corpo» e com esta potência.
A não perder: Este é mesmo o último. O adeus à Renault Sport vai-se fazer com o Mégane R.S. UltimeDurante os dias que passei com este SUV fiz aproximadamente 450 km, dos quais 116 km foram feitos sem que o motor a combustão fosse requisitado.
Graças a isso, a média final foi de apenas 6,3 l/100 km, sendo que em cidade, com a climatização sempre ligada, consegui andar sempre abaixo dos 5,5 l/100 km. Já em autoestrada este valor rondou sempre os 6,5 l/100 km, o que mesmo assim é um número interessante para um SUV como este.
Bom compromisso entre conforto e dinamismo
Como é habitual na marca gaulesa, o Renault Austral também garante um bom compromisso entre conforto e comportamento dinâmico.
Apesar do emblema da Alpine (nas laterais, na traseira e no interior), esta não é uma proposta de cariz desportivo. É bom esclarecer isso. Porém, é uma proposta muito agradável de conduzir, ágil e precisa nas curvas.
O eixo traseiro direcional (4Control) é um dos grandes culpados. É um opcional que a meu ver faz sentido considerar. A baixa velocidade este sistema é capaz de virar as rodas traseiras no sentido oposto às da frente até 5º; a velocidade mais altas vira as rodas de trás no mesmo sentido até um máximo de 1º.
Isto permite aumentar a estabilidade a velocidades mais elevadas e faz com que este seja um SUV muito ágil a velocidades baixas. O ângulo de viragem, por exemplo, é semelhante ao que obtemos num Clio. Notável.
Apesar de todos estes elogios, a direção é leve e bastante assistida. E se isso é um bónus importante na hora de estacionar, é algo que não agrada a quem procura uma condução mais envolvente. Selecionando o modo Sport é possível atenuar ligeiramente isso.
Têm de ler: Só um pode ganhar. Peugeot e-208 vs Renault ZOEPor outro lado, as qualidades de estradista deste SUV são bem notórias quando o conduzimos. A suspensão — as versões Full Hybrid têm suspensão traseira independente — faz um ótimo trabalho a absorver as irregularidades do asfalto e é muito equilibrada: nem demasiado «mole» e a deixar a desejar em curva, nem demasiado firme para nos fazer «saltar» cada vez que passamos por cima de uma lomba.

Quanto custa?
A qualidade paga-se, tal como a tecnologia, o equipamento e o complexo sistema híbrido. E por isso mesmo, as versões Full Hybrid de 200 cv começam apenas nos 41 700 euros, com o nível de equipamento mais baixo.
No nível Esprit Alpine com esta motorização, o valor já sobe para os 46 800 euros. E na versão aqui testada, o SUV francês chega mesmo aos 53 000 euros.
Não é barato, longe disso. E se esta versão Full Hybrid estiver acima do vosso orçamento a opção são as versões mild-hybrid de 12 V com 140 cv e 160 cv, que começam nos 34 207 euros.
Mas é nesta versão híbrida de 200 cv que o Renault Austral acaba por atingir todo o seu potencial, já que combina disponibilidade e performances com consumos baixos, ao mesmo tempo que consegue circular parte do tempo sem recorrer ao motor a gasolina.
Por outro lado, este modelo vem agora «protegido» com sete anos de garantia, uma novidade dentro da gama Renault e uma excelente notícia para quem esteja a ponderar comprá-lo.
Acabo da mesma maneira que comecei: o Austral fazia muita falta à Renault. O trabalho de Luca de Meo começa finalmente a dar frutos e isso já tinha ficado evidente no Mégane E-Tech Electric.
Mas o Austral consegue, a meu ver, ir ainda mais além e coloca a Renault numa posição onde a marca não tinha conseguido estar nos últimos anos: entre os modelos mais interessantes do segmento C-SUV, um dos mais competitivos da indústria.
Se estão no mercado em busca de um SUV médio híbrido abaixo dos 50 000 euros, o Austral tem obrigatoriamente que estar na vossa lista. Disso não tenho dúvidas.
Veredito
Renault Austral E-Tech Full Hybrid 200 Esprit Alpine
O Austral é uma lufada de ar fresco na Renault. É o SUV sofisticado, de imagem elegante, mas ao mesmo tempo marcante, bem equipado e espaçoso que a marca francesa precisava. E na versão híbrida de 200 cv ainda ganha méritos ao nível dos consumos e da suavidade de utilização, ao mesmo tempo que é capaz de performances convincentes. É um SUV a ter em conta nesta classe.
Prós
- Qualidade de montagem
- Espaço na traseira
- Tecnologia oferecida
- Consumos
Contras
- Preço da versão testada
- Demasiadas hastes atrás do volante
- Direção demasiado leve
Especificações técnicas
Versão base:46.800€
IUC: 108€
Classificação Euro NCAP:
53.000€
Preço unidade ensaiada
- Arquitectura:3 cilindros
- Capacidade: 1199 cm³
- Posição:Dianteira transversal
- Carregamento: Injeção direta. Turbo. Intercooler; Bateria: 2 kWh
- Distribuição: 4 válvulas por cilindro; 16 válvulas
- Potência:
Motor de combustão: 130 cv às 4500 rpm
Motor elétrico 1 (gerar corrente elétrica): 25 kW (34 cv)
Motor elétrico 2 (Impulsionar as rodas): 50 kW (68 cv)
Potência máxima combinada: 200 cv - Binário:
Motor de combustão: 205 Nm às 1750 rpm
Motor elétrico 1 (gerar corrente elétrica): 50 Nm
Motor elétrico 2 (Impulsionar as rodas): 205 Nm
Binário máximo combinado: N.D.
- Tracção: Dianteira
- Caixa de velocidades: Automática
- Comprimento: 4510 mm
- Largura: 2083 mm
- Altura: 1644 mm
- Distância entre os eixos: 2667 mm
- Bagageira: 487-1525 litros
- Jantes / Pneus: 235/45 R20
- Peso: 1582 kg
- Média de consumo: 4,8 l/100 km
- Emissões CO2: 105 g/km
- Velocidade máxima: 175 km/h
- Aceleração máxima: >8,0s
- Deteção da pressão dos pneus
- Assistência à travagem de emergência
- Sistema de assistência na transposição involuntária de via
- Sistema de travagem de emergência ativa com deteção de peões e ciclistas
- Alerta de excesso de velocidade c/reconhecimento de sinais de trânsito
- Aviso e prevenção de saída da faixa de rodagem
- Alerta de ângulo morto
- Regulador de velocidade adaptativo
- OpenR link 12″: navegação e serviços Google + ligação smartphone por wi-fi e rádio digital
- Inteligente active driver assist
- Sensores de chuva e de luminosidade
- MULTI-SENSE (personalização da condução)
- ESP + Sistema de ajuda ao arranque em subida (HSA)
- Retrovisores exteriores rebatíveis eletricamente c/função de desembaciamento e iluminação
- Câmara 3D com visão 360 graus
- Alerta de fadiga do condutor
- Luzes diurnas em LED
- Luzes traseiras LED com efeito 3D
- Comutação automática de luzes de estrada/cruzamento
- Ar condicionado automático em 2 zonas
- Purificador de ar do habitáculo
- Banco do condutor elétrico com função massagem + banco do passageiro com regulação elétrica
- Sistema de aquecimento dos bancos dianteiros
- Volante aquecido
- Volante em couro específico da linha esprit Alpine
- Compatível com Android AutoTM e/ou Apple CarPlayTM
- 2 entradas USB-C nos lugares dianteiros + 2 nos lugares traseiros
- Jantes em liga leve de 20″ daytona
Tem:
Sistema 4CONTROL Advanced — 1500 €
Carregador de smartphone por indução — 150 €
Head-up display de 9,3” — 800 €
Matrix LED Vision — 900 €
Cinzento Schiste acetinado com tejadilho Preto Estrela — 2850 €
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Sem comentários
Austral E-Tech Full Hybrid. Testámos o SUV que a Renault sabia que precisava
Depois do Kadjar, a Renault faz-se representar no difícil segmento C-SUV com o Austral. Será que tem argumentos para "atacar" a concorrência?
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