Ensaio Renault Scenic elétrico convence mas não nesta versão

Desde 51 250 euros

Renault Scenic elétrico convence mas não nesta versão

O Renault Scenic é uma das boas propostas do segmento, mas na versão esprit Alpine perde competitividade face a outros rivais.

Renault Scenic E-Tech 220 cv esprit Alpine

7.5/10

O Renault Scenic agora é um crossover elétrico, mas não esquece as famílias. É um valor seguro, mas nesta versão tem um contra grande.

Prós

  • Imagem exterior
  • Acabamentos e materiais
  • Sistema de infoentretenimento
  • Consumos e autonomia

Contras

  • Preço desta versão
  • Tato do travão
  • Suspensão firme

O Renault Scenic ajudou a definir o conceito de carro familiar nos anos 90. Muito longe da «febre» dos SUV, as famílias mais numerosas que precisavam de espaço e versatilidade viravam-se quase sempre para os monovolumes. Foi a era de ouro desta carroçaria, que hoje praticamente desapareceu.

Os tempos mudaram. Resultado? A Renault percebeu isso e transformou o Espace e o Scenic em dois crossovers. O primeiro é uma versão estendida do Austral e mantém as motorizações a combustão; o segundo — protagonista deste ensaio —, transformou-se de forma radical e agora é 100% elétrico.

Mas há traços de ADN que o Scenic não perdeu: na sua essência continua a ser um familiar, com espaço para tudo e todos. Pelo menos é isso que a Renault nos diz. Será que o novo Scenic é isto tudo que a marca francesa promete? Fomos descobrir.

Renault Scenic E-Tech traseira
© Razão Automóvel O nível de equipamento esprit Alpine deixa o Scenic E-Tech com um visual mais agressivo e desportivo.

Vestido a rigor

Agora que deixou a silhueta monovolume de parte, o Scenic apresenta-se com dois volumes bem definidos e «vestido» com a linguagem de estilo mais recente da Renault, marcada por uma assinatura luminosa rasgada e por elementos mais angulares.

O resultado é um modelo de visual mais agressivo, algo que fica ainda mais vincado quando optamos pelo nível de equipamento esprit Alpine, como na versão testada, que surge aqui no tom preto estrela e jantes escurecidas de 20”.

Renault Scenic jantes
© Razão Automóvel No nível de equipamento esprit Alpine as jantes escurecidas de 20” fazem parte do equipamento de série.

Se a tudo isto juntarmos o facto do novo Scenic ser 10 cm mais largo do que o Megane E-Tech, percebemos que este crossover tem uma postura mais imponente e uma imagem bem mais dinâmica do que este modelo alguma vez teve.

Interior esconde trunfo importante

Se é por fora que o Scenic nos quer impressionar, é no interior que tem um dos seus maiores trunfos: o sistema de infoentretenimento de base Google. O ecrã central de 12”, com uma disposição vertical, é um exemplo dentro da indústria e continua a afirmar-se como uma das melhores soluções do mercado.

Simples de utilizar, com menus que partilham muito do ADN que encontramos nos smartphones Android, é bastante fluído, muito rápido e, acima de tudo, muito conveniente.

Isto porque oferece logo, de forma nativa, integração com aplicações que a grande maioria dos condutores usa numa base diária: Google Maps, Waze ou Spotify, por exemplo, sendo que tudo pode ser controlado através do Google Assistant.

Apesar de toda esta digitalização, a Renault não caiu na armadilha que criar um interior demasiado minimalista e menteve botões físicos dedicados para a climatização e alguns comandos de acesso rápido no volante.

Além disso, é de elogiar o excelente trabalho que a Renault fez ao nível da montagem e dos acabamentos interiores, que estão vários furos acima daquilo que encontramos, por exemplo, no «irmão» mais novo deste modelo, o Megane E-Tech.

A maior crítica que faço está mesmo relacionada com o número de hastes que encontramos na periferia do volante, sobretudo a da transmissão, que acaba por tapar parte da instrumentação digital.

E o espaço?

Comecei este ensaio a dizer que era preciso confirmar se, depois de todas estas mudanças, o Scenic ainda continuava a ser uma referência enquanto familiar. Pois bem, no que toca ao espaço interior, a resposta é afirmativa.

Renault Scenic E-Tech lugares traseiros
© Razão Automóvel Nos bancos traseiros há espaço de sobra para acomodar dois adultos ou duas cadeirinhas de criança.

Temos imenso espaço na segunda fila de bancos, as portas traseiras têm uma boa amplitude de abertura (quem precisa de colocar cadeirinhas nos lugares traseiros agradece) e apesar do tejadilho ser baixo, o acesso ao interior faz-se de forma simples.

Quem viaja atrás tem ainda direito a algumas mordomias que não passam despercebidas: o apoio de braço central é uma espécie de Transformer que esconde um suporte para tablets e smartphones, a consola central oferece duas portas USB-C e o tejadilho panorâmico Solarbay (opcional) pode passar de transparente a opaco ao toque de um botão.

A bagageira também merece destaque, já que oferece 545 litros de capacidade, expansíveis até cerca dos 1600 litros com os bancos posteriores rebatidos.

Se quiserem ver mais em detalhe o interior do novo Renault Scenic E-Tech podem ver (ou rever) o vídeo que fizemos na apresentação internacional do modelo, no sul de Espanha:

À prova de ansieade de autonomia

A versão aqui testada (220 cv grande autonomia) é a mais potente e com maior autonomia que podemos encontrar na gama do Renault Scenic E-Tech. Isto quer dizer que contamos com a maior bateria de todas, com 87 kWh, e com um motor elétrico que entrega 160 kW (218 cv) e 300 Nm.

Mas vamos ao número que realmente interessa: nesta configuração o Scenic 100% elétrico é capaz de percorrer até 603 quilómetros com uma só carga. O que o coloca numa posição de destaque dentro do segmento. Com jantes de menor dimensão este número pode crescer até aos 625 quilómetros.

Renault Scenic E-Tech perfil
© Razão Automóvel O trabalho feito em todas as arestas da carroçaria ajudou a tornar este modelo numa proposta bastante eficiente do ponto de vista aerodinâmico.

Igualmente importante é o facto de suportar potências de carregamento em corrente alternada (AC) de até 22 kW (opcional), ainda que não vá além dos 150 kW em corrente contínua (DC). Além disso, todas as versões estão equipadas com bomba de calor, independentemente do nível de equipamento.

A andar sem grandes preocupações a esse nível e cumprindo diariamente cerca de 100 quilómetros em autoestrada, terminei este ensaio com um consumo médio de 17,9 kWh/100 km, o que em teoria permite obter 486 quilómetros de uma carga completa.

Porém, importa notar que cheguei a andar abaixo dos 16,5 kWh/100 km, o que já nos coloca acima dos 527 quilómetros por cada carregamento. É suficiente para a maioria cumprir uma semana de deslocações casa-trabalho-casa com apenas uma carga.

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Boas sensações ao volante

A minha opinião não mudou desde que conduzi o Scenic na sua primeira apresentação. Continua a convencer pela pela facilidade de condução e pela forma progressiva como a entrega de potência e binário é disponibilizada.

Talvez o mais interessante seja mesmo o facto de também ser muito competente do ponto de vista dinâmico: a direção tem um ótimo tato, os movimentos da carroçaria estão bem controlados e o chassis está muito bem plantado na estrada.

Essa acutilância tem um preço: a suspensão (independente às quatro rodas) tem um acerto algo firme e isso sente-se nos pisos em pior estado, ainda para mais com as jantes de 20” desta unidade, que aparecem embrulhadas em pneus de baixo perfil.

No geral, as sensações ao volante do Scenic são muito positivas. Apenas gostaria que o pedal do travão tivesse uma resposta mais fácil de ler. Na maioria das vezes, o tato é um pouco esponjoso.

Quanto custa?

O Renault Scenic está disponível no mercado nacional com preços desde os 40 690 euros, para a versão de 170 cv e bateria de 60 kWh — consulte todos os preços.

Já a versão de 218 cv e bateria de 87 kWh arranca nos 46 500 euros, o que deixa este Scenic E-Tech cerca de 2500 euros acima do arquirrival Peugeot E-3008, que na variante de 213 cv, bateria de 73 kWh e 529 km de autonomia começa nos 44 150 euros. O Scenic ao ter uma bateria maior responde com uma autonomia maior: até 625 km contra até 527 km.

Renault logo
© Razão Automóvel

Apesar disto, o preço do Scenic de entrada acaba por ser bastante competitivo, uma vez que se aproxima bastante de algumas propostas 100% elétricas do segmento abaixo.

Por outro lado, e reconhecendo que o nível esprit Alpine acrescenta outro requinte ao modelo, tenho bastante dificuldade em justificar os 57 426 euros que a Renault pede pela unidade testada.

Renault esprit Alpine
© Razão Automóvel

Ainda para mais, no nível abaixo techno (arranca nos 49 300 euros), já encontramos um leque muito completo de equipamento: entre eles o sistema openR link com Google integrado, ar condicionado automático bizona, jantes de 19”, bomba de calor e portão traseiro com abertura elétrica.

Veredito

Renault Scenic E-Tech 220 cv esprit Alpine

7.5/10

O Renault Scenic elétrico chegou, viu e venceu. É um dos melhores modelos do segmento e na versão com a maior bateria não deixa margem para qualquer ansiedade de autonomia. Neste esprit Alpine ganha argumentos importantes, sobretudo estéticos, mas isso — juntamente com alguns opcionais — tira-lhe competitividade e atira o preço para níveis que, a meu ver, não faz sentido pagar. A versão techno, um patamar abaixo, merece, por isso, redobrada atenção.

Prós

  • Imagem exterior
  • Acabamentos e materiais
  • Sistema de infoentretenimento
  • Consumos e autonomia

Contras

  • Preço desta versão
  • Tato do travão
  • Suspensão firme

Especificações Técnicas

Versão base:51.250€

Classificação Euro NCAP: 5/5

57.426€

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura:Um motor elétrico
  • Posição:Dianteiro transversal
  • Carregamento: Bateria com 87 kWh (brutos)
  • Potência: 160 kW (220 cv)
  • Binário: 300 Nm

  • Tracção: Dianteira
  • Caixa de velocidades:  Relação fixa (uma relação)

  • Comprimento: 4470 mm
  • Largura: 1864 mm
  • Altura: 1571 mm
  • Distância entre os eixos: 2785 mm
  • Bagageira: 545 l
  • Jantes / Pneus: 235/45 R20
  • Peso: 1941 kg

  • Média de consumo: 17,4 kWh/100 km; Autonomia (ciclo combinado WLTP): 603 km
  • Velocidade máxima: 170 km/h
  • Aceleração máxima: >7,9s

    Tem:

    • Sistema de travagem ativa de emergência
    • Controlo de estabilidade (ESC) com sistema de ajuda ao arranque em subida (HSA)
    • Bancos com sistema de fixação Isofix
    • Aviso e prevenção de saída da faixa de rodagem (incl. emergência)
    • Sensores de chuva e luminosidade automáticos
    • Vidros laterais e traseiros sobreescurecidos com filtro de proteção UV
    • Painel de instrumentos digital com 12,3”
    • Jantes em liga leve de 20”
    • Android Auto e Apple CarPlay sem fios
    • Travagem regenerativa regulável (4 níveis) através de patilhas no volante
    • Bomba de calor
    • Purificador de ar do habitáculo
    • Sistema de otimização da temperatura da bateria
    • Regulador de velocidade adaptativo
    • Alerta de distância de segurança
    • Comutação automática de luzes de estrada / cruzamento
    • Sistema multimédia openR link de 12″: com Google integrado e sistema de som Arkamys Auditorium
    • Porta traseira elétrica
    • Carregador de smartphone por indução
    • Volante aquecido e regulável em altura e profundidade
    • Apoio de braço traseiro engenhoso
    • Ar condicionado automático em 2 zonas
    • Bancos desportivos (dianteiros aquecidos), volante Alpine, painel de instrumentos específico, peças decorativas azuis
    • Estofos mistos em tecido revestido granulado e tecido reciclado com pespontos azuis
    • Assinatura luminosa traseira com indicador dinâmico de mudança de direção
    • Luzes diurnas em LED e Faróis Full LED
    • carregador de bordo de 7 kW CA

pack augmented vision & advanced driving assist — 1500 €
carregador de bordo CA de 22 kW — 1500 €
pack Harman Kardon — 850 €
teto panorâmico opacificante solarbay — 1500 €.