Testes Conduzimos o Mazda RX-8. Motor Wankel ainda impressiona?

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Conduzimos o Mazda RX-8. Motor Wankel ainda impressiona?

O RX-8 foi o último modelo da Mazda a usar um motor Wankel como propulsor. Uma experiência ao volante que todos os petrolhead deveriam ter.

Guilherme Costa com Mazda RX-8
© Razão Automóvel

Já lá vão 11 anos desde que o Mazda RX-8 deixou de ser produzido, mas os anos têm sido «simpáticos» para esta máquina bastante exótica, apesar de não ser um supercarro.

O exotismo advém da sua configuração, algures entre um coupé e uma berlina — quatro lugares e quatro portas, com as traseiras a ser do tipo «suicida» — e, sobretudo, da sua motorização Wankel.

Mazda RX-8 perfil
© Mazda

É o que o torna verdadeiramente especial, ainda mais nos dias de hoje, onde os eletrões são cada vez mais dominantes.

Faz do RX-8 uma experiência de condução única e o Guilherme Costa teve oportunidade de a sentir em primeira mão, ao conduzir um um exemplar tardio (2010, versão reestilizada), durante o Car Design Event 2023, em Munique, na Alemanha.

O último dos Wankel… como propulsor

O motor Wankel chegou a ser visto no passado como o motor… do futuro. Mais compacto, leve e potente, a sua simplicidade prometia «reformar» os motores de pistões. A história acabou por ser outra.

Mazda Renesis Wankel
Renesis, o último Wankel a servir de propulsor a um Mazda

O apetite por combustível e, sobretudo, óleo, assim como a fragilidade dos vedantes das pontas do rotor acabaram por condenar este tipo de motor, exceto… na Mazda. O construtor japonês continuou a insistir e, verdade seja dita, acabou por dar origem a algumas das máquinas de quatro rodas mais fascinantes.

“Lá para os lados de Hiroshima eles (na Mazda) devem ter um parafuso a menos. Um parafuso a menos ou um grande gosto por automóveis e pela mecânica.”

Guilherme Costa

O Mazda RX-8 foi um deles, ainda que após o fantástico RX-7 (FD), esta espécie de híbrido entre um coupé e uma berlina, não tenha tido a receção mais calorosa.

Além disso, o Renesis, o nome dado ao Wankel que equipa o RX-8, prescindia da sobrealimentação que víamos no RX-7, apresentando números algo «anémicos», mesmo na sua versão mais potente.

Os 231 cv às 8200 rpm e 211 Nm às 5500 rpm extraídos de 1308 cm3 (dois rotores de 654 cm3) eram já algo modestos em 2003, quando foi lançado, quanto mais aos olhos de hoje, onde temos pequenos crossovers elétricos com mais de 400 cv…

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A vida começa às 6500 rpm

Como já vimos uma e outra vez, potência não é tudo. A facilidade do Wankel fazer rotação (8500 rpm neste caso) e a forma como soava, combinada com a excelência do chassis e comandos do RX-8 — sobretudo o tato mecânico da caixa manual de seis velocidades —, tornavam o ato de conduzir numa experiência muito recompensadora.

Mazda RX-8 na estrada a curvar, frente 3/4
© Mazda

Sensações que o Guilherme procurou transmitir da melhor forma possível no vídeo que podem ver acima — entre as 6500 rpm e as 8500 rpm é onde a magia acontece.

“Prazer de condução não é sobre números, é sobre sensações.”

Guilherme Costa

Wankel, o regresso

Após um hiato de 11 anos, o motor Wankel regressou à «teimosa» Mazda, desta vez não com a função de propulsor, mas de gerador.

Designado de 8C — fiquem a conhecer este motor em detalhe —, o novo Wankel alimenta a bateria do crossover elétrico MX-30 quando é necessário. Mantém, curiosamente, as portas traseiras de abertura invertida estreadas pelo RX-8.

Mazda MX-30 R-EV com Mazda RX-8
© Mazda

Não é o regresso mais desejado — ainda estamos à espera do muito antecipado RX-9 —, mas é o regresso possível.

A teimosia da Mazda estende-se a outros tipos de motores: quem diria que em 2023 assistiríamos ao lançamento de um novo Diesel de seis cilindros em linha? Só mesmo a Mazda… Esperemos que nunca mudem.