Primeiro Contacto Fizemos 1300 km neste CUPRA Tavascan. O primeiro em Portugal

Chega em setembro

Fizemos 1300 km neste CUPRA Tavascan. O primeiro em Portugal

Não é apenas um primeiro teste. Fomos a Barcelona buscar o novo CUPRA Tavascan e trouxemo-lo até Lisboa, numa viagem de quase 1300 km.

CUPRA Tavascan VZ

Primeiras impressões

7/10

Data de comercialização: Setembro 2024

Medo de viagens longas num 100% elétrico? No CUPRA Tavascan nem sequer é um desafio.

Prós

  • Design exterior/interior personalizados
  • Espaço/Mala
  • Performances
  • Comportamento

Contras

  • Travagem
  • Potências de carga
  • Alguns plásticos no interior
  • Preço

Este é o primeiro CUPRA Tavascan a chegar «pelo seu próprio pé» a Portugal. Fomos a Espanha buscá-lo, poucas horas depois de ter chegado ao porto de Barcelona, vindo diretamente do porto de Xangai, na China.

E veio de tão longe porque o novo Tavascan é produzido nas instalações da Volkswagen Anhui, na China, uma fábrica que resultou de uma joint venture entre o Grupo Volkswagen e a JAC.

A viagem por via marítima demora cerca de sete semanas. Felizmente, a viagem até Lisboa foi bem mais curta…

À minha frente estendem-se agora quase 1300 km de viagem entre Barcelona e Lisboa — com passagens pelas cidades de Saragoça, Madrid, Mérida e Estremoz —, ao volante do novo elétrico da CUPRA.

São muitas as perguntas que precisam de resposta. Nesta viagem espero conseguir responder a todas: autonomia, consumos, tempo de carregamento e custos associados. Foi também um teste de «fogo» à infraestrutura de carregamento para elétricos que temos na Península Ibérica.

Porém, não vai encontrar todas as respostas neste artigo. Todos os números e considerações sobre esta viagem de quase 1300 km com um 100% elétrico como o CUPRA Tavascan serão publicadas brevemente num artigo à parte. Neste artigo vamos concentrar-nos na experiência de condução do Tavascan.

Vamos às apresentações?

O novo Tavascan é o segundo modelo 100% elétrico da CUPRA — o primeiro foi o Born —, e assenta na mesma plataforma MEB do Audi Q4 Sportback e-tron e Volkswagen ID.5.

Refiro estes modelos em particular, porque o Tavascan é rival destes modelos. Sendo um SUV médio com 4,64 m de comprimento, num «corpo» cheio de vincos e formas triangulares e uma traseira com ares de coupé a que poucos ficarão indiferentes.

Não faltam detalhes de iluminação que tornam a sua presença muito notada, especialmente à noite, mas também em plena luz do dia, seja pelas impactantes luzes de condução diurna (com tecnologia Matriz LED nas versões de topo) ou pela ótica traseira a toda a largura da carroçaria.

E um dos pontos mais apelativos no design exterior do Tavascan é o efeito de capacete gerado pela combinação do para-brisas com os pilares dianteiros. Que dão ao Tavascan um certo aspeto de guerreiro da saga cinematográfica Guerra das Estrelas.

Interior irreverente

O mesmo drama estilístico pode ser visto e vivido no interior, onde se destaca a “espinha dorsal” — peça em plástico de aspeto futurista que percorre a zona inferior do tabliê e o liga à consola central —, que cria uma divisão entre os dois ocupantes da frente.

Realce para o ecrã central de infoentretenimento de 15”— o maior alguma vez instalado num CUPRA, estando direcionado para o condutor. Apresenta gráficos modernos e responde com rapidez, além de estrear um sistema operativo que dispõe de mais atalhos para acesso rápido às funções usadas com mais frequência.

Juntamente com a pequena instrumentação de 5,3” atrás do volante e do opcional head-up display, fornece toda e mais alguma informação que seja necessária e permite acesso às funções de áudio, internet e ligação sem fios a telemóveis (Apple CarPlay ou Android Auto).

Ao contrário do que acontece no CUPRA Born, aqui o seletor de transmissão é uma alavanca inserida na coluna de direção. O conceito de interior futurista é ainda ampliado pelo sofisticado sistema de luz ambiente, com muitas possibilidades de personalização e LED espalhados em todos os sentidos.

Pequenas coisas que podem melhorar

O comando de abertura dos vidros traseiros, do lado do condutor, não geram tanto agrado. É o mesmo sistema que já conhecemos da família ID da Volkswagen: com o botão que acionamos os vidros dianteiros, acionamos os vidros traseiros. Não é prático.

Outro aspeto com margem de evolução tem a ver com a ausência de revestimento nas bolsas das portas (faz com que os objetos lá colocados chocalhem de forma mais audível) e também no porta-luvas. Um detalhe, é certo, mas que já encontramos noutros modelos de preço inferior aos quase 67 mil euros do Tavascan VZ que nós conduzimos.

Descubra o seu próximo automóvel:

Espaço muito amplo

O espaço atrás é bastante amplo, contando-se 78 cm entre as costas dos bancos dianteiros e dos traseiros, mas não é possível regular a inclinação atrás.

O porta-bagagens de 540 l é bastante volumoso, ao mesmo nível dos «primos» Q4 e-tron e ID.5, superando o de potenciais rivais como o Nissan Ariya (468 l) ou o Ford Mustang Mach-E (502 l).

© Razão Automóvel Muito espaço. É algo que poucas vezes acontece em modelos com este tipo de secção traseira mais afilada.

E com os bancos (assimetricamente) rebatidos é possível ter um plano de carga totalmente plano, caso coloquemos a bandeja do piso da mala na sua posição mais elevada.

De volta à segunda fila, o Tavascan recebe bem dois adultos, pois temos 140 cm de largura — três adultos ficarão mais «aconchegados». Ao passo que a altura disponível é um pouco afetada pela descida acentuada do pilar traseiro — estilo oblige.

© Razão Automóvel Apesar da linha de tejadilho descendente, temos 94 cm de altura disponível. Passageiros até 1,85 m de altura viajam sem tocar com a cabeça no tejadilho.

Como é habitual nos automóveis elétricos, o piso é totalmente plano na segunda fila, o que favorece sobremaneira o conforto e mobilidade de quem aí se senta. E por estarem mais altos do que os assentos dianteiros, a vista para o exterior é mais desafogada.

Consumos elevados

O CUPRA Tavascan que trouxemos de Barcelona até Lisboa é a versão VZ, ou seja, a versão topo de gama. É a mais potente e conta com dois motores elétricos (um por eixo), tendo assim tração integral.

Combinando estes dois motores elétricos temos 250 kW (340 cv) de potência e 545 Nm de binário. No geral, o motor dianteiro só entra em ação quando é solicitada mais potência ou existem perdas de motricidade.

A bateria é de 77 kWh (capacidade útil) e permite ao CUPRA Tavascan VZ uma autonomia de até 522 km em ciclo misto WLTP — posso dizer que nestes (quase) 1300 km de viagem, dos quais 90% foram em autoestrada, 400 km por carga é um valor muito mais realista. Mais do que isto só mesmo em cidade…

© Razão Automóvel Num próximo artigo vamos dedicar-nos exclusivamente aos consumos e custos de utilização deste Tavascan.

Os consumos oscilaram, por isso e maioritariamente, entre os 20 kWh/100 km e os 25 kWh/100 km a velocidades mais «soltas». A média final à chegada a Lisboa ficou nos 23,3 kWh/100 km, ficando bem acima dos 16,5 kWh/100 km oficiais. Caso tivesse havido mais condução urbana no mix, a discrepância final seria bem menor.

Bastante rápido e curva bem

Por outro lado, não me posso queixar da performance do Tavascan VZ, apesar dos mais de 2200 kg em ordem de marcha. Este SUV elétrico rubrica performances muito rápidas, especialmente as acelerações e retomas de aceleração. Só precisa de 5,5s para chegar aos 100 km/h, mas a velocidade máxima está limitada aos 180 km/h.

© Razão Automóvel Ostentando o nome CUPRA tem a obrigação de entreter quem conduz. Missão cumprida.

Com este tipo de performance, é bom que os bancos integrais tipo bacquet tenham um bom apoio lateral, até porque o Tavascan VZ também surpreendeu em curva. Mostrou ser muito eficaz, com pouca tendência para movimentos transversais da carroçaria, mas as jantes de 21″ e os pneus de perfil baixo (255/40 R21) gostam de transmitir as irregularidades aos ocupantes.

No entanto, o Tavascan VZ não é desconfortável, mesmo tendo a distância ao solo encurtado em 15 mm à frente e 10 mm atrás face ao Volkswagen ID.5, por exemplo. Agradeçam ao sistema de amortecimento eletrónico variável (DCC), que permite mudar a postura em estrada deste modelo.

© Razão Automóvel Venham as curvas. O fator diversão agradece e a regeneração de energia para as baterias também.

O Tavascan tem um mas…

Apesar das boas qualidades dinâmicas, gostaria que a direção não fosse tão leve, ou houvesse mais variação no seu peso entre os diferentes modos de condução (seis no total). É uma questão pessoal, porque apesar da “leveza” mostrou ser precisa.

A maior crítica vai para o tato do pedal de travão que é algo esponjoso e com pouca «mordida» na fase inicial do curso. Superada essa questão, temos uma excelente capacidade de travagem.

© Razão Automóvel Os níveis de regeneração (quatro no total) são adequados para o tipo de veículo em causa e as patilhas que os selecionam são bem úteis.

Falando da regeneração, nunca chega a ser possível de conduzir o Tavascan apenas com o pedal do acelerador (one pedal driving), como acontece com outros elétricos, o que significa que não se imobiliza por completo quando soltamos o acelerador, mesmo no nível mais forte de regeneração.

Podia ter mais potência de carregamento

Foram várias as visitas a postos de carregamento nesta longa viagem, desde os mais lentos (11 kW) aos mais rápidos da IONITY (até 350 kW). A este nível o CUPRA Tavascan mostrou ser algo modesto, tendo em conta o que já existe no mercado: 11 kW em corrente alternada (AC) e apenas 135 kW em corrente contínua (DC).

Dito isto, a CUPRA assegurou-me que foi feito um trabalho intenso para permitir que a potência de pico em DC se mantenha mais tempo nesse planalto: só precisa de 29 minutos para ir dos 10% aos 80%, que é apenas um minuto mais que o Born VZ (79 kWh) que tem 185 kW (+50 kW) de potência de carregamento.

© Razão Automóvel Foram várias as paragens efetuadas para carregamentos, maior parte deles, de curta duração.

Pude comprovar que tal performance é realista, até na comparação direta que foi possível fazer com outros dois veículos elétricos com maior potência de carregamento, que se encontravam nos mesmos postos onde carreguei. Algo que poderão ler em detalhe no artigo que vamos publicar dedicado aos números desta viagem.

Preço elevado

Este foi o primeiro CUPRA Tavascan a entrar em Portugal pelos seus próprios meios. As primeiras entregas a clientes só estão previstas para setembro.

O CUPRA Tavascan vai estar disponível em duas versões: a Endurance e a VZ que trouxemos de Barcelona. A Endurance conta apenas com um motor elétrico traseiro de 210 kW (286 cv), mas a bateria tem os mesmos 77 kWh. A autonomia por isso é maior: de 568 km.

CUPRA Tavascan em Lisboa, com padrão dos Descobrimentos ao fundo
© Razão Automóvel À chegada a Lisboa, quase 1300 km depois.

Os preços arrancam nos 50 411 euros para o Tavascan Endurance, enquanto o Tavascan VZ começa nos 66 626 euros, o que é um preço elevado, mesmo sendo esta a versão de topo.

Veredito

CUPRA Tavascan VZ

Primeiras impressões

7/10
Com um design muito personalizado, espaço amplo, bagageira grande, performances de muito bom nível e comportamento competente (para o qual ajuda o amortecimento variável), o CUPRA Tavascan VZ tem muitos e bons argumentos. Peca por ter uma travagem esponjosa apesar de ser potente. Faltam alguns revestimentos suaves no interior e um preço ligeiramente mais simpático.

Data de comercialização: Setembro 2024

Prós

  • Design exterior/interior personalizados
  • Espaço/Mala
  • Performances
  • Comportamento

Contras

  • Travagem
  • Potências de carga
  • Alguns plásticos no interior
  • Preço