Primeiro Contacto Ao volante do Volvo C40 (2023) de tração traseira. Mais divertido e eficiente?

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Ao volante do Volvo C40 (2023) de tração traseira. Mais divertido e eficiente?

O renovado C40 é uma espécie de regresso ao passado, sendo o primeiro Volvo de tração traseira em 25 anos. Já o conduzimos, na Suécia.

Volvo C40 Recharge

Primeiras impressões

7.5/10

Data de comercialização: Junho 2023

Volvo C40 Recharge promete mais dinamismo e maior eficiência, mas só parece cumprir uma das duas

Prós

  • Comportamento equilibrado e eficaz
  • Performances de bom nível
  • Largura interior (2.ª fila)
  • Bagageira

Contras

  • Limitações do infoentretenimento
  • Sem modos de condução
  • Altura atrás limitada
  • Consumo real elevado

Não é comum ver uma atualização de um modelo como aquela que aconteceu com o Volvo C40 (e também o XC40).

Isto porque o construtor sueco não mudou nada no exterior e interior — é indistinguível do que já estava em comercialização —, mas decidiu dar ao seu SUV 100% elétrico uma configuração mecânica nova.

Plataforma CMA
© Volvo A prova: o motor elétrico na variante Single Motor (um motor) está agora instalado sobre o eixo traseiro da plataforma CMA da Volvo.

Uma configuração que transforma o Volvo C40 de tração dianteira num C40 de tração traseira na versão Single Motor (um motor). Mesmo na versão Twin Motor (dois motores, um em cada eixo), é no eixo traseiro onde está o motor mais potente.

Desta forma, o C40 Single Motor (e respetivo XC40) é o primeiro Volvo em 25 anos a ser empurrado pelas rodas traseiras em vez de puxado pelas dianteiras. Desde o Volvo 940/960 (1990–1998) que tal não acontecia.

Mais potente

A Volvo não se limitou a mudar a configuração mecânica, pois aproveitou também a ocasião para dar novos motores elétricos ao par C40/XC40, agora feitos em «casa», tal como a quase totalidade dos componentes do sistema de propulsão.

Volvo C40 Recharge com XC40 Recharge
© Volvo Além do C40 Recharge, também o Volvo XC40 Recharge foi alvo das mesmas modificações

No caso do Single Motor, o (agora) motor traseiro passa a debitar 175 kW (238 cv), mais 5 kW (7 cv) que antes. Caso optemos pela bateria maior (extended range), a potência é de 185 kW (252 cv).

O Twin Motor mantém os mesmos 300 kW (408 cv) de potência, só que em vez de serem produzidos a partir de dois motores iguais (150 kW cada), agora passou a existir um motor elétrico dianteiro assíncrono de 117 kW (159 cv) e um traseiro de ímanes permanentes de 183 kW (239 cv).

A razão para a mudança do tipo de motor dianteiro no C40 Twin Motor é dada pelos engenheiros da marca sueca: “ao contrário do motor de ímanes permanentes, o motor assíncrono não requer uma carga elétrica constante. Isso significa que a propulsão dianteira é desligada a velocidades estáveis e em baixas cargas de acelerador e não há consumo de energia da bateria”.

Mais autonomia e maior eficiência

Há dois «tamanhos» para a bateria: a já conhecida de 69 kWh (67 kWh úteis), de células de bolsa da LG, e uma nova, de células prismáticas da CATL, de 82 kWh (78 kWh).

A maior é a única disponível para o C40 Twin Motor, teoricamente capaz de proporcionar uma autonomia de 549 km, quando anteriormente se ficava pelos 451 km. Quando associada ao C40 Single Motor, a autonomia oficial em ciclo combinado é de 581 km. Com a bateria mais pequena, a autonomia desce para 478 km.

Volvo C40 Recharge a carregar, de perfil
© Volvo Agora é possível carregar os C40 Recharge com a bateria maior até 200 kW em corrente contínua (DC), mais 50 kW do que antes (10-80% em 27min; antes precisava de 40min). No C40 menos potente a potência de carregamento é de 130 kW. Em corrente alternada (AC) a potência é de 11 kW.

Os ganhos em autonomia não são apenas consequência do ligeiro aumento da capacidade das baterias, já que o facto de passar a usar componentes feitos in-house permitiu melhorar a eficiência de toda a cadeia cinemática. Por isso, o consumo médio homologado do C40 Single motor desceu de 18,2 kWh/100 km para 16,1 kWh/100 km e o do Twin motor de 19,9 kWh/100 km para 17,4 kWh/100 km.

Só que neste primeiro contacto na Suécia, ficámos acima dos 22 kWh/100 km no Twin Motor e dos 19 kWh/100 km na versão de tração traseira, o que não permite chegar à autonomia prometida em nenhum dos casos — veremos se o apetite fica mais moderado quando o testarmos em Portugal.

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No interior (praticamente) nada de novo

Antes de passarmos à condução e em como as evoluções técnicas se traduzem na experiência de condução, olhemos para o interior, ainda que (quase) tudo transite do modelo que já conhecíamos.

Tendo uma «traseira» desenhada com ares de coupé, é natural que afete o acesso e a altura disponível na segunda fila de bancos — o C40 é nada menos do que 8 cm mais baixo do que o XC40. No entanto, quatro ocupantes adultos com até 1,85 m viajam com espaço suficiente atrás.

Por isso, a visibilidade traseira é também fraca, uma vez mais pela forma larga e longa dos pilares traseiros e pelo óculo posterior mais baixo. E a câmara traseira de ajuda ao estacionamento está colocada numa posição muito baixa.

De resto, a generalidade dos materiais (sem uso de pele animal, substituída por materiais recicláveis e bio) e acabamentos são de boa qualidade, notando-se apenas um ou outro revestimento inferior ao que seria de esperar de um carro de uma marca premium.

Nota ainda para o longo tejadilho panorâmico que torna o interior muito luminoso, mas é pena que não exista uma cortina amovível que o permita tapar quando o utilizador o deseje.

Interior do Volvo C40 Recharge
© Volvo

Google ok, mas pouco personalizável

Quando foi lançado, há dois anos, o Volvo C40 foi dos primeiros automóveis no mercado a usar o sistema de infoentretenimento da Google, um caminho entretanto seguido por outras marcas.

É uma solução inteligente — é rápido e muitos utilizadores estão familiarizados com ele —, também para evitar problemas sérios de software que são comuns nas novas plataformas eletrónicas.

Sistema de infoentretenimento
© Volvo Ecrã vertical tátil de 9″ dá acesso ao infoentretenimento que permite atualizações remotas (over the air).

A instrumentação, também digital, é de 12,3”, com boa definição e bons gráficos, mas tem poucas opções de personalização de conteúdos, uma falha que também se pode apontar ao ecrã central.

Uma evolução positiva, por outro lado, é o de agora também serem mostrados os quilómetros remanescentes de autonomia e não apenas a percentagem de energia que a bateria ainda contém.

Painel de instrumentos digital
© Volvo

Boas notícias: além do ruído de presença, obrigatório mas discreto, não há qualquer irritante som de motor a gasolina artificialmente lançado pelos altifalantes do carro e a insonorização é de bom nível.

Modos de condução, nem vê-los

Fomos até Gotemburgo, Suécia, para um primeiro contacto dinâmico com dois Volvo C40 Recharge: Single Motor Extended Range, de 252 cv (tração traseira) e C40 Twin Motor de 408 cv (quatro rodas motrizes).

Para iniciar o movimento não há qualquer botão de «ignição» para pressionar, basta pisar o pedal do travão e colocar o seletor da transmissão em D(rive), tudo em prol da simplicidade de processos.

Volvo C40 Recharge na cidade, perfil
© Volvo

Interessante, ainda que discutível, é a decisão de continuar a não ter modos de condução (à exceção do Off Road) que façam variar a resposta ou o rendimento do sistema de propulsão.

Os engenheiros suecos explicam que deram prioridade à simplicidade para o condutor controlar o C40 e que, também por isso, não foram criados diferentes níveis de intensidade de desaceleração regenerativa, presentes na maioria dos carros elétricos.

Temos apenas o nível normal, sem retenção e um nível forte que permite que o C40 se imobilize por completo sem tocar o pedal do travão (One Pedal drive). É pena que obrigue a ir ao sistema de infoentretenimento para o ativar/desativar, ficando a faltar um comando físico para o fazer.

A ausência de regulação dos níveis de intensidade de regeneração prejudica a sensação de envolvimento do condutor, porque quando existem patilhas para variar a desaceleração melhoram as sensações em condução desportiva.

Joaquim Oliveira ao volante do C40
© Volvo

Dirão alguns que isto é um SUV e não um desportivo, mas na versão de 408 cv as acelerações podem ser… vertiginosas — 4,7s de 0 a 100 km/h e retomas de velocidade super-rápidas mesmo acima dos 120 km/h.

É verdade que são quase 2,2 toneladas de automóvel, mas registos como 2,8s nos 80-120 km/h confirmam essa rapidez própria de um desportivo de elevado calibre — melhor do que, por exemplo, um BMW M2

Volvo C40 Recharge na estrada, frente 3/4
© Volvo

Vantagens da tração traseira

A mudança «filosófica» pela qual o Volvo C40 passou, dando protagonismo ao eixo traseiro, justifica que as principais alterações feitas na suspensão tenham incidido sobre este, com o objetivo de promover mais aderência.

Assim, “há mais meio grau no ângulo de camber e a barra estabilizadora é de diâmetro inferior”, da mesma forma que o sistema de amortecimento (FSD ou Frequency Selective Damping) foi alvo de uma nova afinação, que permitiu reduzir a firmeza das molas e ampliar a faixa de funcionamento dos amortecedores.

Volvo C40 Recharge na estrada, traseira
© Volvo

E como se traduz isto na prática? Muito bem, precisamente porque o conforto de rolamento é de muito bom nível, e sem prejudicar a estabilidade nas acelerações transversais. Isto quer dizer que, mesmo sem amortecimento eletrónico variável, o C40 consegue, de certa maneira, o melhor de dois mundos.

A ênfase no eixo traseiro também é evidente em traços de comportamento face ao antecessor, seja o Single Motor ou o Twin Motor. Em ambos passamos a sentir uma maior participação da traseira do Volvo C40 na definição das trajetórias e uma agradável diminuição da tendência de subviragem.

É algo mais evidente no C40 Single Motor, mas também se sente no C40 Twin Motor, dado que o motor traseiro passou a ser mais potente e com mais binário do que o dianteiro.

Volvo C40 a curvar, frente 3/4
© Volvo

A maior incidência de peso sobre a traseira — passou de 46% para 57% na versão Twin Motor — contribui também para esse maior equilíbrio no comportamento, até porque quando aceleramos dá-se uma transferência de massas para trás e isso melhora a motricidade.

Arestas por limar

Se dinamicamente são evidentes os benefícios, nota positiva também para a transição entre os dois tipos de travagem (regenerativa e hidráulica, a partir de uma desaceleração de 0,3 g). Contudo, o tato do pedal da esquerda é, grande parte do tempo, um pouco esponjoso.

Volvo C40 perfil
© Volvo

Sentimentos mistos também são os gerados pela direção, corretamente desmultiplicada (e com dois programas de resposta, mais pesada ou mais leve), mas sempre um pouco «sintética».

Descubra o seu próximo automóvel:

Volvo C40 Recharge já em Portugal

O atualizado Volvo C40 já se encontra à venda em Portugal e o seu preço supera o do «irmão» XC40 em cerca de 2000 euros com igual motor e nível de equipamento (são três: Core, Plus e Ultimate).

Os preços arrancam nos 55 854 euros para o C40 Single Motor e nos 64 832 euros para o C40 Twin Motor.

Volvo C40 a atravessar ponte, plano picado, traseira 3/4
© Volvo

Veredito

Volvo C40 Recharge

Primeiras impressões

7.5/10
O foco renovado do Volvo C40 sobre o seu eixo traseiro tornaram o comportamento mais eficaz e mais equilibrado e a suspensão consegue um excelente compromisso entre estabilidade e conforto. Performances de bom nível ou fora de série, consoante se escolha o C40 de duas ou de quatro rodas motrizes, mas consumo superior ao desejável e ao homologado.

Data de comercialização: Junho 2023

Prós

  • Comportamento equilibrado e eficaz
  • Performances de bom nível
  • Largura interior (2.ª fila)
  • Bagageira

Contras

  • Limitações do infoentretenimento
  • Sem modos de condução
  • Altura atrás limitada
  • Consumo real elevado

Especificações Técnicas

Volvo C40 Recharge
Motor
MotorSingle Motor: um motor traseiro; Twin Motor: 2 motores (um por eixo)
PotênciaSingle Motor: 175 kW (238 cv); Single Motor ER: 185 kW (252 cv); Twin Motor: 300 kW (408 cv)
BinárioSingle Motor: 420 Nm; Single Motor ER: 420 Nm; Twin Motor: 670 Nm (250 Nm + 420 Nm)
Transmissão
TraçãoSingle Motor: Traseira; Twin Motor: 4 rodas
Caixa de velocidadesCaixa redutora de relação fixa
Bateria
TipoIões de lítio
CapacidadeSingle Motor: 69 kWh (67 kWh); Single Motor ER e Twin Motor: 82 kWh (78 kWh)
Carregamento
Pot. máxima em DCSingle Motor: 130 kW; Single Motor ER e Twin Motor: 200 kW
Pot. máxima em AC11 kW
Tempo 10-80% 200 kW (DC)28 minutos
Tempo 0-100% 11 kW (AC)Single Motor: 7h; Single Motor ER e Twin Motor: 8h
Chassis
SuspensãoFR: Independente MacPherson; TR: Independente Multibraços
TravõesFR: Discos ventilados; TR: Discos ventilados
DireçãoAssistência elétrica
Diâmetro de viragem11,8 m
N.º de voltas ao volante2,7
Dimensões e Capacidades
Comp. x Larg. x Alt.4440 mm x 1850 mm x 1582 mm
Distância entre eixos2702 mm
Capacidade da mala413-1205 l; Fr: 31 l
PneusFR: 235/50 R19 TR: 255/45 R19
PesoSingle Motor: 2065 kg; Single Motor ER: 2095 kg; Twin Motor: 2185 kg
Prestações e consumos
Velocidade máxima180 km/h
0-100 km/hSingle Motor: 7,4s; Twin Motor: 4,7s
Consumo combinadoSingle Motor: 16,3 kWh/100 km; Single Motor ER: 16,8 kWh/100 km; Twin Motor: 17,7 kWh/100 km
AutonomiaSingle Motor: 478 km; Single Motor ER: 581 km; Twin Motor: 549 km