Ensaio Renault Express testada. Uma alternativa válida (e mais barata) à «irmã» Kangoo?

Desde 21 893 euros

Renault Express testada. Uma alternativa válida (e mais barata) à «irmã» Kangoo?

A Renault Kangoo continua a ser uma das referências do segmento, mas agora tem a companhia da Express, que está de volta ao fim de muitos anos.

Renault Express
© Fernando Gomes; Editado por Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

A Renault Express esteve desaparecida durante vários anos e a difícil missão de a substituir coube à Renault Kangoo, que rapidamente se tornou numa das referências do segmento e um sucesso comercial. Em 2021, assistimos ao regresso Express, que se junta à Kangoo na gama de comerciais ligeiros da Renault, mas será que essa decisão faz sentido?

A resposta é simples: sim, faz. O objetivo da Renault passa por «cobrir< melhor o mercado e com esta dupla aposta no segmento, a marca francesa tem tudo para conseguir chegar a mais clientes.

Justificado que está este «renascimento» da Express Van, importa perceber o que ela tem para oferecer e porque poderá até fazer mais sentido, para algumas pessoas, do que a própria Kangoo.

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Renault Express
Secção traseira tem muito em comum com a Dacia Dokker. © Fernando Gomes; Editado por Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Sai Dacia Dokker, entra Express Van

A Renault Express Van vem preencher o lugar da Dacia Dokker, modelo com o qual partilha a plataforma, e que vai deixar de ser comercializado. E aqui, encontramos logo a primeira grande diferença para a «irmã» Kangoo, que tem por base a mesma plataforma que encontramos, por exemplo, no Clio e no Captur.

A Express Van usa, por isso, soluções mais antigas, mas não desistam já dela. É que com exceção do “corpo” e da base, tudo o resto foi otimizado e revisto de forma a corresponder às exigências do cliente atual. Sobretudo no que ao comportamento em estrada e ao conforto diz respeito, mas já lá vamos.

Do ponto de vista estético, são notórias as semelhanças com a Kangoo, sobretudo na dianteira. Já na extremidade oposta, são as semelhanças com a Dacia Dokker que mais se fazem sentir.

No interior, encontramos plásticos duros e acabamentos simples, mas a qualidade de montagem convence. Ao volante, temos sempre tudo muito “à mão”, os bancos são suficientemente confortáveis durante “tiradas” mais longas e a posição do volante é satisfatória. Talvez o único reparo seja mesmo a posição do comando da caixa, que podia ser ligeiramente mais alto.

Como seria de esperar, o habitáculo desta Express Van está repleto de zonas de arrumação, desde as laterais das portas até ao porta-luvas. Mas é a prateleira de arrumação superior que oferece mais utilidade no dia a dia.

Equipamento de série convence?

A unidade que testei tinha o nível de equipamento mais alto da gama, o Confort (existem mais três: Eco Leader Essencial, Eco Leader Confort e Essencial), e o que oferece de série é interessante: temos retrovisores exteriores com regulação elétrica e função de desembaciamento, sistema de ajuda ao arranque em subida, regulador de velocidade, luzes automáticas, ar condicionado e rádio com porta USB.

Renault Express painel instrumentos
Painel de instrumentos é maioritariamente analógico mas tem um pequeno mostrador ao centro que serve de computador de bordo. © Fernando Gomes; Editado por Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Mas o exemplar que conduzi contava com alguns opcionais que, apesar de subirem ligeiramente o preço, eu considero praticamente obrigatórios, tais como: câmara de marcha atrás (é tudo fechado, atrás e dos lados, e sem ela fica tudo mais difícil), sistema de infotainment Easy Link 8” e tapete de borracha na zona de carga.

Renault Express navegação
Sistema de infotainment Easy Link 8” é um opcional obrigatório, na minha opinião. Está disponível com ou sem navegação e isso influencia, naturalmente, o preço. © Fernando Gomes; Editado por Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Espaço para (quase) tudo

E por falar em zona de carga, e mesmo algo distante da «irmã» Kangoo, a Express tem espaço para «dar e vender».

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A largura útil, por exemplo, é de 1,44 m, a altura útil é de 1,25 m e o comprimento útil de carga de 1,915 m. No total temos um volume útil de 3,3 m3 e uma capacidade de carga útil de 580 kg.

Renault Express traseira
Portas traseiras podem abrir a 180º, reforçando ainda mais a facilidade de carga desta proposta. © Fernando Gomes; Editado por Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

No que toca aos acessos, é certo que não temos a inédita solução “Open Sesame by Renault” da Kangoo, mas nem por isso esta Express deixa de ser prática e versátil.

A porta lateral deslizante do lado direito (de série e com 71,6 cm de largura) e a abertura a 180º dos dois painéis traseiros são mais do que suficientes para nos dar acesso à zona de carga desta furgoneta, que conta com vários pontos laterais de fixação da carga que ganham um papel determinante quanto transportamos volumes maiores.

Renault Express zona carga
Porta lateral direita é deslizante e quando está aberta oferece uma abertura de 71,6 cm de largura. © Fernando Gomes; Editado por Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Agora, o motor

Até aqui, esta Renault Express Van não só me convenceu como até me surpreendeu em alguns apontamentos. O ecrã multimédia, que permite espelhar o smartphone, e os distintos espaços de arrumação foram muito apreciados. Mas e o motor?

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A unidade que conduzi estava equipada com o motor Diesel 1.5 dCi com quatro cilindros — também presente na Kangoo — que produz 95 cv e 240 Nm e surge associado a uma caixa manual de seis velocidades que transmite o binário em exclusivo às duas rodas da frente.

Renault Express motor
© Fernando Gomes; Editado por Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Muito sóbrio e marcado por uma tremenda eficácia, «casa» bem com esta proposta, sobretudo porque este motor faz tudo o que lhe pedimos sempre com consumos médios muito baixos. Numa utilização mais contida, num percurso misto, é possível andar sempre em torno dos 5 l/100 km.

Durante os dias que passei com ela, e que naturalmente aproveitei desde logo para fazer umas pequenas mudanças (com esta capacidade de carga à disposição, tinha de ser…), fiz 553 km, grande parte deles em autoestrada. E quando a entreguei nas instalações da Renault Portugal o computador de bordo marcava uma média final de 5,9 l/100 km.

Renault Express
Dianteira tem muito em comum com a nova Renault Kangoo. © Fernando Gomes; Editado por Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

E ao volante?

O comportamento em estrada é bastante neutro e, como tal, não compromete. Previsivelmente não entusiasma, mas não seria de esperar nada de diferente numa proposta deste tipo e, para mais, assinala a entrada na gama de comerciais da Renault.

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E a verdade é que nos dias que passei com esta Express Van senti sempre que aquilo que ela me estava a oferecer era mais do que suficiente para uma utilização diária e descomplicada. E este é, de resto, um adjetivo que a meu ver descreve muito bem esta proposta.

Renault Express
Express, um nome que há muito não víamos no catálogo da marca francesa. © Fernando Gomes; Editado por Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Mas descomplicada e sempre pronta para tudo, não significa que esta Express Van seja demasiado «simplória». Mesmo com carga na traseira, mostra-se sempre muito equilibrada e previsível e a direção, curiosamente, tem um ótimo peso.

Renault Express interior
Os bancos são suficientemente confortáveis, até mesmo nas viagens mais longas. © Fernando Gomes; Editado por Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

O único apontamento que faço está apenas relacionado com os regimes baixos do motor, onde detetei algumas dificuldades de desenvolvimento antes do turbo entrar em ação. Depois disso, nos regimes intermédios, tudo diferente, com este bloco a ganhar bastante mais vida e a mostrar-se sempre muito disponível.

Mas este pequeno «defeito» não chega a ser um problema e podemos facilmente contorná-lo recorrendo mais vezes à caixa de velocidades, que até tem um tato muito agradável.

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A Kangoo continua a ser o melhor reflexo de todos os anos de experiência que a Renault veio a acumular neste segmento e está cada vez mais próxima do requinte e das qualidades que encontramos num ligeiro de passageiros, como o Clio, por exemplo. Uma evolução que trouxe um preço mais elevado e, nesta nova geração, um aumento de dimensões. E é aqui que entra esta Express.

Renault Express frente
De série, conta com luzes diurnas em LED e acendimento automático dos faróis. Os faróis nevoeiro são um opcional. © Fernando Gomes; Editado por Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

O «pacote final» até pode ser menos apelativo à partida: não tem tanto equipamento, os mesmos acabamentos no interior e não é tão requintada. Mas a maior simplicidade torna-a mais barata e é também Classe 1, enquanto a Kangoo para o ser tem de ter um dispositivo eletrónico de cobrança.

Ao mesmo tempo mantém a versatilidade, o conforto e os consumos a que as Renault já nos tem vindo a habituar neste tipo de propostas, assim como um volume de carga de 3,3 m3 idêntico ao da Kangoo. Se a Renault Express Van é uma proposta válida? Sem dúvida.

Renault Express testada. Uma alternativa válida (e mais barata) à «irmã» Kangoo?

Renault Express Van Confort Blue dCi 95

6/10

Nota: 6,5. Pode não ter o requinte da «irmã» Kangoo, nem ser tão espaçosa, mas é mais do que suficiente para muitos clientes. E com um preço de acesso à gama mais baixo, afirma-se mesmo como a melhor solução para quem procura um modelo com esta tipologia e que seja muito simples e eficaz. E a isso ainda temos que juntar o conforto e a versatilidade a que a Renault nos tem vindo a habituar neste segmento.

Prós

  • Versatilidade
  • Consumos
  • Espaços de arrumação/carga

Contras

  • Motor (nos baixos regimes)
  • Preço (depois de alguns opcionais)

Versão base:€21.893

IUC: €182

Classificação Euro NCAP: 0/5

€25.551

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura:4 cilindros em linha
  • Capacidade: 1461 cm3 cm³
  • Posição:Dianteira transversal
  • Carregamento: Injeção direta common-rail + turbo + intercooler
  • Distribuição: 1 a.c.c., 2 válv. por cil. (8 válv.)
  • Potência: 95 cv
  • Binário: 240 Nm

  • Tracção: Dianteira
  • Caixa de velocidades:  Manual de seis relações

  • Comprimento: 4393 mm
  • Largura: 1775 mm
  • Altura: 1811 mm
  • Distância entre os eixos: 2812 mm
  • Jantes / Pneus: 185/65 R15
  • Peso: 1422 kg

  • Média de consumo: 5,1 l/100 km
  • Emissões CO2: 134 g/km
  • Velocidade máxima: 161 km/h
  • Aceleração máxima: >13s

    Tem:

    • Jantes em aço de 15"
    • Retrovisores exteriores com regulação elétrica e função de desembaciamento
    • Assistência à travagem de urgência
    • Controlo de estabilidade (ESP) + Sistema de ajuda ao arranque em subida (HSA) + ABS
    • Regulador/limitador de velocidade
    • Airbag do condutor
    • Sistema de ajuda ao estacionamento traseiro
    • Indicador de mudança de velocidade
    • Vidros escurecidos (20% opacidade)
    • Ar condicionado manual
    • Luzes diurnas em LED
    • Acendimento Automático faróis
    • Porta lateral direita deslizante em chapa
    • Antepara completa com janela
    • Prateleira de arrumação superior
    • Pontos laterais de fixação da carga
    • Tomada 12V + 2 entradas USB no painel de bordo
    • Revestimento parcial dos painéis laterais da zona de carga
    • Embelezadores de roda médio 15"
    • Estofos em tecido

Câmara de marcha-atrás — 356 €
Pneu sobressalente — 147 €
Tapete de borracha na zona de carga — 98 €
Sistema EASY LINK 8" com Navegação — 1045 €
Carregador smartphone por indução — 184 €
Faróis de nevoeiro — 110 €
Pintura Cinzento Urban — 369 €.

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O primeiro Dacia Duster quase que foi uma nova Renault 4L