Ensaio Testámos o novo Renault Kadjar. Um SUV à altura das responsabilidades?

Testámos o novo Renault Kadjar. Um SUV à altura das responsabilidades?

A marca francesa quis provar que o seu novo SUV é mais que um Qashqai com uma roupagem Renault, e nem mesmo o atraso com que chegou a Portugal a desviou os objetivos. Pusemos à prova o novo Renault Kadjar.

Depois de um primeiro contacto nas planícies alentejanas, no início deste ano, voltámos a sentar-nos aos comandos do Renault Kadjar. Um SUV que já está à venda na Europa desde meados de 2015 mas que só chegou a Portugal em janeiro deste ano. Culpem a altura do eixo dianteiro e a política de portagens que arrastou o Kadjar para a Classe 2… até agora!

Para lançar o Kadjar em Portugal e conseguir que este SUV pagasse Classe 1 nas portagens (com via verde), a Renault viu-se obrigada a operar algumas modificações na estrutura do carro. Nomeadamente, trocar o eixo semi-rígido utilizado nas versões 4×2 pelo eixo traseiro independente multibraços da versão 4×4, e assim para aumentar o peso bruto do modelo para 2300 kg.

Esta configuração, feita de encomenda para Portugal, permite que o peso do Kadjar suba para os 1426 kg (mais 46 kg) e que a capacidade de carga suba para 879 kg (mais 383 kg) que o Kadjar “normal”. Naturalmente, ninguém vai carregar o Kadjar com 879 kg de peso. Mas caso alguém o faça, a Renault assegura que o carro irá curvar e travar sem colocar em risco a integridade física dos ocupantes.

Porquê “Kadjar”? Sem querer afastar-se em demasiado dos restantes SUV’s da gama – Captur ou Koleos – a Renault optou pelo nome Kadjar. “Kad” deriva de veículo “Quad”, enquanto que “Jar” remete, em francês, para “ágil” e “brilhar”.

Ultrapassadas as dificuldades iniciais da classificação absurda dos automóveis em Portugal, a Renault vai a jogo num segmento onde o Nissan Qashqai é rei e senhor. E curiosamente – ou não -, ambos nascem da mesma plataforma e partilham mais de metade dos componentes. Um bom sinal? Fomos descobrir…

Fizemos-nos à estrada com a versão de acesso à gama XMOD, equipada com a única motorização disponível para o mercado nacional: 1.5 DCi (110 cv e 260 Nm), o nosso «velho conhecido» do Clio, Mégane e Qashqai. Não é um motor especialmente fulgurante – nem estávamos à espera disso – mas é competente quanto baste e oferece consumos comedidos – média abaixo dos 6 litros/100 km em percurso misto. Ficámos a pensar “como seria com o motor 1.6 DCi…

A caixa manual de seis velocidades bem escalona consegue “mascarar” com brio a capacidade e potência do motor, mas com a lotação esgotada o caso muda de figura. A suspensão, por seu turno cumpre bem o seu dever. Para as incursões fora de estrada, o Kadjar conta com o sistema Grip Control, que ajuda a melhorar a aderência em pisos mais exigentes. Para um modelo que faz da cidade o seu habitat natural (cuja posição de condução é 100 % SUV, leia-se alta), em estradas mais sinuosas o Kadjar viaja de curva em curva de forma intuitiva. Aprovado 👍.

Se no desempenho dinâmico o Kadjar passa no teste, em termos estéticos a avaliação é mais difícil de fazer. Ou melhor, mais subjetiva…

Em comparação com a assinatura mais retilínea do Qashqai, o Kadjar adota linhas mais fluídas – se quiserem, um pouco mais francesas – mas igualmente elegantes.

No interior, é fácil perceber quais foram as prioridades da Renault: conforto, ergonomia e funcionalidade. A qualidade geral dos materiais não impressiona mas também não compromete.

No que toca às dimensões, o Kadjar é ligeiramente mais comprido que o Qashqai, o que só contribui para o espaço interior e para a capacidade da mala – 527 litros (facilmente acessíveis) de capacidade de bagageira, 1478 litros com os bancos rebatidos.

Quanto ao pacote tecnológico, à exceção de um heads-up display, não falta nada. Ecrã de 7 polegadas, alerta de transposição de faixa, cruise control, sensores de chuva e de luminosidade fazem parte do equipamento do Kadjar.

A receita para o sucesso?

Se tivermos em conta as restantes propostas no segmento – que além do Nissan Qashqai conta com o Kia Sportage, Volkswagen Tiguan, Hyundai Tucson, Peugeot 3008 e SEAT Ateca – não se pode dizer que o Renault Kadjar vá ter a vida facilitada no mercado nacional, ainda para mais com o atraso com que chegou a Portugal e o preço com que é comercializado no nosso país.

Mas – há sempre um mas… – se olharmos para o desempenho do Captur em Portugal e na Europa, um segmento abaixo, o Renault Kadjar é sem dúvida uma aposta ganha. Porquê? Um SUV espaçoso, com um design consensual, de baixos consumos e um motor à altura das responsabilidades tem teoricamente tudo o que é preciso para vingar.

Testámos o novo Renault Kadjar. Um SUV à altura das responsabilidades?

Renault Kadjar XMOD dCi

7/10

Versátil, espaçoso e com consumos comedidos, o Renault Kadjar faz-se valer dos mesmos trunfos dos restantes modelos da gama, no concorrido segmento C SUV. Principal defeito? Não vir equipado com o mesmo 1.6 dCi do Mégane, já que a relação peso-potência pode exigir algum recurso à caixa manual de seis velocidades.

Prós

  • Habitabilidade
  • Consumos

Contras

  • Preço
  • Motor pouco «pujante»
  • Qualidade de alguns materiais

Versão base:€29.710

IUC: €143

Classificação Euro NCAP: 5/5

€29.710

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura:Quatro cilindros em linha
  • Capacidade: 1461 cm³
  • Posição:Transversal
  • Carregamento: Injeção direta
  • Potência: 110 cv
  • Binário: 260 Nm

  • Tracção: Dianteira
  • Caixa de velocidades:  Manual 6 Velocidades

  • Comprimento: 4449 mm
  • Largura: 1836 mm
  • Altura: 1607 mm
  • Distância entre os eixos: 2646 mm
  • Bagageira: 527
  • Jantes / Pneus: 215/60R17
  • Peso: 1426 kg
  • Peso/Potência: 12.96 kg/cv

  • Média de consumo: 3.9 l/100km
  • Emissões CO2: 103 g/km
  • Velocidade máxima: 182 km/h
  • Aceleração máxima: >11.9 segundos