Primeiro Contacto Já conduzimos o novo Suzuki Swift Sport… agora com turbo

Ensaio

Já conduzimos o novo Suzuki Swift Sport… agora com turbo

Eram muitas as dúvidas que tínhamos quanto ao novo Suzuki Swift Sport, que pela primeira vez na sua história recebeu um motor turbo. Será que continua a ser o cativante "hot hatch" que tanto apreciámos no passado?

Suzuki Swift Sport

Apesar de sempre ter sido apreciado, o Suzuki Swift Sport nunca vingou pelas prestações absolutas. Ao longo das últimas gerações, o pequeno modelo japonês sempre cativou pela sua dinâmica e pelo rotativo motor atmosférico, granjeando-lhe um vasto número de fãs.

Junte-se a estes argumento um preço de aquisição e custos de utilização modestos, combinado com uma fiabilidade acima da média, e percebe-se o apelo do pocket rocket.

Não admira que as expetativas e os receios sobre o novo “SSS” (ZC33S) sejam tão elevados. Sobretudo, após saber-se que a nova geração prescinde do motor naturalmente aspirado dos antecessores (ZC31S e ZC32S) — o M16A, com 1.6 litros, que na sua última versão debitava 136 cv às 6900 rpm e 160 Nm às 4400 rpm —, introduzindo um motor com turbocompressor.

230, o número que interessa

O motor do novo Suzuki Swift Sport é o bem afamado K14C, o membro pequeno da família Boosterjet — que podemos encontrar no Suzuki Vitara. Tem apenas 1.4  litros, mas graças ao turbo, os números são agora mais expressivos: 140 cv às 5500 rpm e 230 Nm entre as 2500 e 3500 rpm. Se a potência é semelhante (+4 cv apenas), a diferença nos valores de binário roça o chocante — o salto de 160 para 230 Nm é enorme, e para mais, obtidos a um regime muito, mas muito mais baixo.

Previsivelmente, o caráter do novo Swift Sport é distinto dos predecessores. Grande parte do “gozo” destes consistia em “espremer” o motor para acedermos à sua performance — apenas mostrava o seu melhor acima das 4 000 rpm, e o crescendo até às 7 000 rpm era e continua a ser viciante.

O novo motor não podia diferir mais. A performance é muito mais acessível, sem dúvida, à distância de um pressionar moderado do acelerador. O forte do novo motor são os médios regimes e pouco interesse há em levá-lo perto do corte a umas mais baixas 6000 rpm — não há um crescendo que nos incentive a “puxar” uma mudança, nem tão pouco uma banda sonora apropriada. Também este turbo é tímido na voz…

Suzuki Swift Sport
O pomo da discórdia: o K14C

Não me interpretem mal, este é um muito bom motor por si só. Linear na entrega, turbo-lag imperceptível, e aparenta ter pouca inércia — é uma unidade vibrante, cheia de energia —, mas deixa saudades as altas rotações do antecessor…

Peso-pluma

A contribuir para a vitalidade do motor, certamente está o baixo do peso do conjunto. O Suzuki Swift Sport nunca foi um carro pesado, mas esta nova geração é a primeira a baixar da tonelada — apenas 975 kg (DIN), menos 80 kg que o antecessor, sendo também o mais leve de todo o segmento.

Potenciais rivais no segmento B, como o Ford Fiesta 1.0 EcoBoost ST-Line (140 cv) ou o SEAT Ibiza FR 1.5 TSI Evo (150 cv) são 114 e 134 kg mais pesados, respetivamente. O Swift Sport até consegue ser 20 kg mais leve que o Volkswagen Up GTI, um segmento abaixo.

Na estrada, o baixo peso, associado aos números sumarentos do motor, traduzem-se em ritmos vivos sem grande esforço — não adianta perseguir o fim do conta-rotações. O Swift Sport mexe-se bem melhor do que os números modestos deixam adivinhar. Facilmente deixaria os seus antecessores a “comer pó”.

Suzuki Swift Sport
Acho que vou levar o… amarelo! Champion Yellow de seu nome, é uma nova adição ao Swift Sport, em alusão à participação no WRC Junior. Existem mais 6 outras cores disponíveis: Vermelho Burning Pérola Metalizado, Azul Speedy Metalizado, Branco Pérola Metalizado, Prata Premium Metalizado, Cinza Mineral metalizado, Preto Superior Pérola Metalizado.

Ao volante

E já que estamos em movimento, as impressões iniciais de condução do novo Suzuki Swift Sport são bastante positivas. É fácil encontrar uma boa posição de condução — amplas regulações do banco e volante —, os bancos são confortáveis e oferecem bastante apoio.

A direção é um pouco mais pesada do que nos outros Swift, mas ainda é pouco comunicativa. Vale pela imediatez da sua resposta, com o eixo dianteiro a reagir da forma prevista às nossas ações — nunca deixa de inspirar confiança ao abordar qualquer curva.

Comparando com o antecessor, o novo Swift Sport apresenta-se com uma base mais rígida, vias mais largas (40 mm) e é mais baixo (20 mm). Está definitivamente melhor “plantado” na estrada. O esquema de suspensões é o mesmo dos antecessores — McPherson à frente e barra de torção na traseira — e mantém as rodas de dimensões modestas, com pneus 195/45 R17, a mesma medida usada desde o ZC31S lançado em 2006.

Agora dêem-me curvas

O percurso escolhido — ligação entre Villanueva del Pardillo (a algumas dezenas de quilómetros de Madrid) a San Ildefonso (já no meio de montanhas) — acabou por limitar bastante o testar das capacidades do Swift Sport. Não só havia bastante trânsito, como múltiplos radares e até uma operação policial foram impedimentos para averiguar devidamente as qualidades do chassis do Swift Sport — por outro lado permitiu-nos efetuar uma média de 6,5 e 7,0 l/100 km nos dois percursos planeados. Nada mal…

Suzuki Swift Sport

As estradas — no geral, de excelente qualidade —, também não ajudaram, com longas retas e curvas que de tão largas, retas pareciam. Mesmo nas montanhas, as estradas eram largas e as curvas rápidas. Foram muito poucos os locais indicados para o “SSS” — estradas estreitas e enroladas.

Para um veredicto dinâmico definitivo, teremos de aguardar por um teste “em casa”. Mas deu para retirar algumas ilações. Os 230 Nm garantem sempre ritmos muito elevados, dispensando até, por vezes, o recurso à muito boa caixa manual de seis velocidades. Na rara oportunidade de atacar uma curva rápida a velocidades inarráveis, o Swift revelou-se de confiança e inabalável, assim como os travões, que se revelaram sempre eficazes e de correta modulação.

Com "todos os molhos"
Não falta equipamento ao novo Swift Sport. Sistema de infoentretenimento com ecrã tátil de 7", com Navegação 3D, Mirror Link e compatível com Android Auto e Apple Car Play; Controlo de pressão de pneus; Faróis LED e Bancos aquecidos são alguns dos destaques. No que toca a segurança, traz uma câmara frontal e um sensor laser, que permite um Sistema de Deteção de obstáculos, peões, etc (algo sensível na sua ação); Travagem Autónoma de Emergência; Alerta de Mudança de Faixa; Função anti-fadiga; Assistência de luzes de longo alcance e Cruise Control Adaptativo.

Demasiado adulto?

Por outro lado, abusando numa ou outra rotunda, permitiu verificar a neutralidade das reações. É talvez aqui que reside o outro grande receio sobre o novo Swift Sport: será que está de tal forma “crescido” que deixou a sua veia rebelde de fora, mesmo quando provocado?

Os predecessores eram definidos também pela sua interativa traseira, demasiado expressiva por vezes, sobretudo no ZC31S, sempre pronta a entrar “na conversa”, fosse a travar para o interior da curva, ou a largar o pé do acelerador na altura certa. Do pouco que deu para perceber, mesmo com ESP desligado, este novo Swift pareceu demasiado certinho…

Em Portugal

O novo Suzuki Swift Sport chega ao nosso país no final deste mês ou no início do próximo. Quanto ao preço, fica a níveis semelhantes ao do antecessor, começando nos 22 211 euros, mas com a campanha de lançamento, fica-se pelos 20 178 euros.

O nível de equipamento é elevado (ver caixa) e a garantia é, para já, de três anos, com a Suzuki de momento em conversações para elevar para cinco anos.

Suzuki Swift Sport

Já conduzimos o novo Suzuki Swift Sport… agora com turbo

Primeiras impressões

7/10
A personalidade é totalmente distinta, devido em grande parte à presença de um turbo, mas há muito que apreciar no novo Suzuki Swift Sport. Continua a satisfazer a muitos níveis, oferecendo prestações e aptidões dinâmicas convincentes. Agora ainda mais rápido, consequência do novo motor — e sobretudo do seu generoso binário, que permite aceder mais facilmente à performance prometida —, e do seu peso reduzido. Não houve oportunidade para explorar devidamente o novo chassis — demasiado "certinho" nesta impressão inicial —, mas revelou uma agradável faceta estradista, muito mais amigo das longas distâncias, e com consumos comedidos. O preço é correto e, como é habitual, o Swift Sport vem carregado de equipamento. Os receios talvez fossem infundados, mas apesar de todas as qualidades, parece ter "crescido" em demasia, perdendo um pouco da rebeldia que tanto era apreciada nos predecessores. Fica a faltar um contacto mais aprofundado com o "SSS" em estradas mais enroladas.

Data de comercialização: Maio 2018

Prós

  • Prestações
  • Motor enérgico
  • Eficácia dinâmica
  • Equipamento

Contras

  • Ruído de rolamento (em pisos mais irregulares)
  • Menos "divertido"
  • Som de escape