Ensaio Familiar, desportiva e “poupadinha”? Testámos a híbrida (plug-in) Volkswagen Passat Variant GTE

Desde 49 370 euros

Familiar, desportiva e “poupadinha”? Testámos a híbrida (plug-in) Volkswagen Passat Variant GTE

A renovada família Passat já chegou a Portugal e a nossa atenção recaiu sobre a Volkswagen Passat Variant GTE, a proposta híbrida plug-in da gama. O melhor de… três mundos?

Volkswagen Passat Variant GTE
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

A renovada Volkswagen Passat Variant GTE parece querer ser o melhor de… três mundos. Uma carrinha familiar capaz de oferecer prestações mais animadas e dinâmica mais apurada, como as letras “GT” da sua designação prometem, mas com consumos de fazer inveja a um citadino, como a letra E (de eletrificada) parece indicar.

Será que a Passat Variant GTE é mesmo capaz de executar esta quadratura do círculo? Lá chegaremos…

Primeiro, afinal, foi renovada em quê? No exterior é preciso olhos de lince para perceber as diferenças (resumem-se a pouco mais que os para-choques), mas no interior vemos novos revestimentos e cores, um novo volante multi-funções, com o destaque da renovação a estar no conteúdo tecnológico reforçado.

A NÃO PERDER: 95. Este é o número mais temido da indústria automóvel. Sabe porquê?
Volkswagen Passat Variant GTE
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

O sistema de info-entretenimento é de última geração, MIB3, e o painel de instrumentos digital é agora de série. Como antes, o info-entretenimento continua a estar entre os mais fáceis de usar, mas há a lamentar a perda dos botões físicos (funções de atalho) — no seu lugar passamos a ter botões do tipo capacitivo, que contribuem para um aspeto mais limpo e sofisticado, é certo, mas não são tão amigos do utilizador, para mais num veículo em movimento.

Menos visível é o novo Travel Assist (opcional) que abre possibilidade à condução semi-autónoma (nível 2), fazendo uso combinado de vários sistemas (cruise control adaptativo, manutenção na faixa de rodagem, etc.) para o conseguir. Funciona? Sim, sem dúvida. Fica só o reparo à forma como abranda — algo apressadamente — quando deteta um limite de velocidade inferior à velocidade que circulamos.

VÊ TAMBÉM: Testámos o Ibiza TGI a Gás Natural (GNC). O carro certo com a rede de abastecimento errada

Por baixo do capot, tudo na mesma, mas a bateria “cresceu”

Sendo a variante híbrida plug-in, é por baixo do capot da Volkswagen Passat Variant GTE que reside o maior ponto de interesse. No entanto, a marca alemã entendeu não efetuar nenhuma atualização ao grupo motriz híbrido com esta renovação da família Passat.

Ou seja, transitam o mesmo 1.4 TSI de 156 cv e o motor elétrico de 116 cv, com os valores de potência máxima combinada e binário máximo combinado inalterados: 218 cv e 400 Nm. A transmissão continua a ser apenas às rodas dianteiras, e a caixa de velocidades continua a ser a mesma DSG (dupla embraiagem) de seis velocidades.

Volkswagen Passat Variant GTE
A máquina elétrica é facilmente identificada no compartimento do motor pelos cabos de alta tensão de cor laranja. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel

A novidade surge ao nível da bateria, que passa a ter maior capacidade: 13 kWh ao invés dos anteriores 9,9 kWh. É a razão pela qual a autonomia elétrica passou a ser de 55 km no ciclo WLTP, em vez dos anteriores 50 km no mais permissivo e irrealista ciclo NEDC.

O acréscimo de quilómetros é muito bem vindo, mas no mundo real fiquei sempre aquém do anunciado — nunca consegui atingir os 50 km de distância. Não deixa de ser um valor suficiente para a maioria das deslocações diárias, caso tenham local de carregamento “à mão de semear” — a infraestrutura de carregamento continua a ser um problema, sobretudo quando não é possível carregar em casa ou trabalho.

Volkswagen Passat Variant GTE
A ficha de carregamento da Passat Variant GTE situa-se na grelha dianteira. O carregador é de 3,6 kW. Na rede elétrica convencional de 230 V / 2,3 kW, a bateria carrega em 6h15min dos 0-100%. Numa wallbox de 3,6 kW, o tempo diminui para 4 horas. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Hybrid, o melhor modo

A Volkswagen Passat Variante GTE não é o primeiro híbrido plug-in que já conduzi de forma mais prolongada, pelo que já pude verificar como a gestão das duas unidades motrizes (combustão e elétrica) quando em modo híbrido difere de construtor para construtor. E há diferenças claras.

Como descobri com os Classe E híbridos plug-in da Mercedes-Benz, a primazia é dada ao motor elétrico, com o motor de combustão a ser requisitado, sobretudo, quando carregamos de forma mais contundente sobre o acelerador. Na Passat Variant GTE não podia ser mais diferente.

Volkswagen Passat Variant GTE
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

O modo Hybrid faz jus ao nome… Pelo computador de bordo, ecrã de fluxo de energia, e até pelo conta-rotações, é fácil constatar que o motor de combustão e motor elétrico estão praticamente sempre em funcionamento simultâneo — de notar também a suave transição entre os dois motores, sem solavancos de qualquer espécie.

Se a tivéssemos de caracterizar numa palavra só, essa palavra seria… suave.

A eficiência da sua gestão verifica-se nos consumos baixos obtidos pelo motor de combustão — 5,0 l/100 km ou menos, dependendo do contexto, se em estrada aberta ou no para-arranca da cidade —; e também nos consumos de eletricidade — valores a rondar os 5,5 kWh/100 km. Ou seja, contas rápidas, a bateria, se totalmente cheia, só necessita de ser carregada ao fim de (à volta de) 200 km neste modo.

VÊ TAMBÉM: Adeus, combustão. Conduzimos o renovado Smart elétrico, o único que podes comprar

De resto, ainda sobre os consumos, mesmo quando o motor de combustão é o mais requisitado, estes mantém-se razoáveis. Em autoestrada (120-130 km/h) estes andam por volta dos 7,0-7,3 l/100 km. Valor similar ao obtido quando em modo “faca nos dentes”, chegou a subir para perto dos 8,0 l/100 km em ocasiões — nada mal…

Volkswagen Passat Variant GTE
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

GT(E)? Não tanto quanto estava à espera

A Volkswagen tem uma respeitável coleção de siglas similares em propósito no seu portefólio, mas diferenciando-se na forma como o atingem: GTE, GTI, GTD e futuramente GTX. Sabemos que quando uma destas siglas está presente, é de esperar mais performance e também… mais atitude, sobretudo no plano dinâmico. Ou seja, uma proposta de caráter mais desportivo tanto no aspeto como no tato.

Se no aspeto, a Volkswagen Passat Variant GTE convence, ainda mais com a nossa unidade a estar equipada com as atrativas e opcionais jantes de 18″ Bonneville, no que toca a atitude deixou algo a desejar.

A performance, no entanto, está em bom plano. A combinação dos hidrocarbonetos com os eletrões lançam com determinação os (bastante) generosos 1760 kg da Passat Variant GTE em direção ao horizonte, mesmo tendo “apenas” 218 cv de potência máxima combinada — os 7,6s nos 0-100 km/h não são de todo um valor lento, e as recuperações impressionam graças ao binário instantâneo do motor elétrico.

Volkswagen Passat Variant GTE
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Quando decidimos explorar mais essa performance em estradas mais enroladas, percebemos que a GTE não é esse tipo de proposta. Se a tivéssemos de caracterizar numa palavra só, essa palavra seria… suave. Mesmo no modo GTE, que promete um aguçar dos “sentidos” de todo o veículo, o que recebemos em troca é apenas mais peso na direção (bastante leve nos restantes modos) e mais som (artificialmente gerado) do motor. 

A suspensão (passiva) é branda, excelente para o elevado nível de conforto sentido a bordo, mas resulta em movimento a mais na carroçaria quando os ritmos elevam-se e damos mais uso ao volante — opcionalmente, a Passat Variant GTE pode ser equipada com uma suspensão adaptativa, talvez o ingrediente em falta para a atitude desejada?

A contribuir para este resultado, os Pirelli Cinturato C7 — apesar das dimensões generosas, para um uso mais desportivo, existe borracha mais apropriada. Fosse em curva ou em travagens mais energéticas, facilmente se “queixavam” do abuso, de forma bastante audível.

Dito isto, não deixa de ser uma proposta muito bem comportada. Mesmo quando nos limites, revela-se progressiva e sem reações inesperadas (o ESP muito bem calibrado também ajuda). A aposta no conforto é óbvia, revelando o seu melhor em autoestrada — a insonorização a todos os níveis é excelente —, e em estradas mais largas, permitindo, descontraidamente, elevadas velocidades de cruzeiro, e efetuar longas distâncias sem grande esforço.

VÊ TAMBÉM: Esqueçam os SUV. Testámos as Audi A4 Allroad e Volvo V60 Cross Country

É o carro a carrinha certa para mim?

Se esquecermos por momentos as especificidades da GTE, os atributos reconhecidos ao Passat estão todos lá. Por fora não é tão grande como as suas principais rivais — Opel Insignia Sports Tourer, Ford Mondeo Station Wagon ou até a “prima” Skoda Superb Break —, mas não deixa de ter cotas internas mais que generosas.

O interior apresenta-se sóbrio no desenho, mas nota elevada para os materiais escolhidos, montagem e apresentação — exceção feita ao pormenor prescindível do lettering Passat entre as duas saídas de ventilação centrais, no lugar do anterior relógio.

A GTE tem, no entanto, algumas limitações espaciais, consequência do seu grupo motriz. As baterias ocupam espaço, e a bagageira é prejudicada por isso. Resultado? Em vez dos generosos 650 l, esta Passat Variant GTE fica-se pelos 483 l — mesmo assim um valor capaz de preencher a maioria das necessidades, além de que o piso mantém-se plano, mesmo com os bancos traseiros rebatidos, garantindo a versatilidade de uso.

É difícil não recomendar a Volkswagen Passat Variant GTE. No entanto, pelo preço, que começa nos 49 370 euros (a nossa unidade, com opcionais, fica pouco acima dos 52 mil euros) acaba por ser uma proposta mais interessante para as empresas do que para os particulares, devido a ser uma proposta híbrida plug-in.

Como se encontra abaixo dos 50 mil euros, o IVA é dedutível, além de que a tributação autónoma é de apenas 17,5% para os híbridos plug-in, metade dos 35% que uma proposta equivalente com apenas motor de combustão interna.

Familiar, desportiva e “poupadinha”? Testámos a híbrida (plug-in) Volkswagen Passat Variant GTE

Volkswagen Passat Variant GTE

7/10

Como referi no início, a Volkswagen Passat Variant GTE parece querer oferecer o melhor de três mundos. Uma proposta de cariz familiar, mas com prestações já vivazes e dinâmica mais apurada — fazendo jus à designação GTE —, tudo com consumos de combustível muito baixos, graças aos eletrões.
O resultado final, no entanto, fica algo aquém do esperado. Se não há criticas a apontar em relação às prestações permitidas pela combinação do motor de combustão com o motor elétrico, já do ponto de vista dinâmico, a GTE é branda, talvez em demasia.
Basicamente, tem a aparência certa (para um GT), mas não a atitude — mas como familiar rápido (quando é preciso) ou para efetuar longas distâncias em conforto, é uma proposta válida.
A promessa de economia de combustível é mais fácil de cumprir, mas precisamos de ter sempre "sumo" na bateria, naturalmente.
Como familiar, bem, é uma Passat Variant. Longe de ser o maior modelo do segmento, o espaço é generoso, o conforto é elevado, e a insonorização excelente. Mas as necessidades do sistema híbrido plug-in fazem com que a GTE tenha uma bagageira menor comparando com as restantes Passat — ainda assim, é ampla q.b. para as necessidades familiares.
O preço é algo elevado, mas para as empresas a boa notícia é que a Passat Variant híbrida plug-in permite aceder a uma série de benefícios fiscais mais generosos do que os Diesel.

Prós

  • Consumos
  • Conforto
  • Montagem robusta
  • Gestão da bateria em modo híbrido

Contras

  • Bagageira perde capacidade em relação às outras Passat Variant
  • Demasiado "suave" para a sigla GTE
  • Pouco espaço para 5º passageiro
  • Tacto do pedal de travão

Versão base:€49.370

IUC: €137

Classificação Euro NCAP: 5/5

€52.247

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura:4 cil. em linha
  • Capacidade: 1395 cm3 cm³
  • Posição:Motor de combustão: Dianteira Transversal; Motor elétrico: dianteira transversal
  • Carregamento: Injeção Direta; Turbo; Intercooler
  • Distribuição: 2 a.c.c., 4 válv. por cilindro
  • Potência:
    Motor de combustão: 156 cv entre as 5000 rpm e as 6000 rpm
    Motor elétrico: 116 cv às 2500 rpm
    Potência máxima combinada: 218 cv
  • Binário:
    Motor de combustão: 250 Nm entre as 1500 rpm e 3500 rpm
    Motor elétrico: 330 Nm
    Binário Máximo combinado: 400 Nm

  • Tracção: Dianteira
  • Caixa de velocidades:  DSG (dupla embraiagem) de 6 vel.

  • Comprimento: 4773 mm
  • Largura: 1832 mm
  • Altura: 1521 mm
  • Distância entre os eixos: 2786 mm
  • Bagageira: 483 l - 1613 l (bancos rebatidos)
  • Jantes / Pneus: 235/45 R18
  • Peso: 1760 kg

  • Média de consumo: 1,5 l/100 km
  • Emissões CO2: 36 g/km
  • Velocidade máxima: 222 km/h
  • Aceleração máxima: >7,6s

Sistema Head-Up Display — 560,30 €
Teto de abrir panorâmico — 1200,42 €
Jantes em Liga Leve Bonneville de 18'' — 595,00 €
Pacote Ambiente Plus — 520,91 €
Faróis IQ.Light
Travel Assist com Emergency Assist
Sistema de Navegação Discovery Pro
NCAP Package