Mercedes E 220 d contra BMW 520d. O derradeiro comparativo Diesel

Num comparativo há sempre vencedores e vencidos, e a tecnologia Diesel mostrou que ainda tem argumentos para vencer.

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Numa altura em que o futuro aparenta ser 100% elétrico, um comparativo entre duas berlinas alemãs equipadas com motores Diesel soa a algo do passado. No entanto, há muitos consumidores que continuam a procurar «soluções do passado» para problemas atuais.

É por isso que modelos como o Mercedes-Benz E 220 d e BMW 520d continuam o seu percurso comercial — a par dos seus «irmãos» elétricos e híbridos plug-in — mesmo que a fiscalidade portuguesa os penalize.

Motivos mais que suficientes para um comparativo 100% Diesel em mais um vídeo da Razão Automóvel no YouTube. Um comparativo marcado pela igualdade entre os dois modelos. Mas no final só pode haver um vencedor:

Para que o «tradicional» trio alemão ficasse completo, só faltou mesmo o Audi A6, mas deixamos esse comparativo para quando conhecermos a nova geração do familiar executivo de Ingolstadt. Para já, ficamos a assistir a mais um dos históricos duelos entre as marcas de Munique e de Estugarda.

Dose generosa de tecnologia alemã

A bordo destes dois modelos encontramos o melhor que a tecnologia alemã tem para oferecer e em doses bastante generosas. Em ambos, a qualidade é elevada, tal como o nível de conforto e requinte, ainda que ao jeito de cada marca.

No caso do BMW, o ambiente é agora um pouco mais minimalista do que acontecia com os antecessores do Série 5. A grande maioria dos comandos foi encaminhada para os diversos menus do sistema de infoentretenimento. No entanto, há muitos momentos em que se sentem saudades dos comandos físicos mais tradicionais.

A tudo isto, o Mercedes-Benz Classe E responde com um ambiente a bordo mais clássico e com o seu Superscreen, disponível em opção. Trata-se de uma solução da mesma «família» do Hyperscreen, que conhecemos em modelos como o EQS, por exemplo, mas com o painel de instrumentos separado do resto do conjunto.

Para interagir com o sistema, o Classe E inclui menus mais simples de utilizar, mas com um número de funções igualmente elevado. Na opção da Mercedes-Benz, há uma câmara que pode ser usada para reuniões em videoconferência ou para gravar um vídeo para o TikTok, por exemplo. Já os jogos que estão disponíveis, não parecem ser tão apelativos como os do Série 5.

Posição de condução quase perfeita

Sentado ao volante, os dois executivos alemães continuam a estar muito próximos um do outro. Em ambos os casos, a posição de condução é quase perfeita e com regulações muito amplas. No entanto, percebe-se novamente que o BMW Série 5 foi pensado com a eletrificação em mente.

Fazer uma viagem em autoestrada sem receio da velocidade ou da autonomia é libertador. Se é verdade que tempo é dinheiro, nestas berlinas não perdemos nenhum dos dois.

No executivo de Munique, o assento do condutor está numa posição mais elevada, mas a maior distância entre eixos traz alguns benefícios em termos de espaço para quem viaja atrás. Em termos de conforto, só há elogios, pois os assentos têm uma excelente ergonomia e o volante é ótimo.

Do lado do Mercedes-Benz Classe E, o assento do condutor está uns centímetros mais baixo, deixando-o mais integrado com o resto do conjunto. No entanto, ainda que a posição de condução seja excelente, o assento não parece ser tão confortável como o do BMW. E o volante, ainda que tenha uma boa pega, inclui comandos táteis com um funcionamento confuso.

No final do dia, preferi a posição do condução do Mercedes, mais baixa e enquadrada. O BMW responde com uns bancos ligeiramente mais confortáveis.

De resto, igualdade foi mesmo a palavra que marcou este comparativo. Por isso, com o objetivo de desempatar as coisas, não faltou a avaliação de ruído. No entanto, também aqui, os resultados foram praticamente idênticos nos dois casos, com ligeira vantagem para o Mercedes.

Troca de identidades?

Tanto o BMW 520d como o Mercedes-Benz Classe E 220 d são autênticos devoradores de quilómetros — conseguindo revelar autonomias com quatro algarismos quando o depósito de gasóleo está cheio —, mas continuam a existir diferenças entre os dois. Ainda assim, com uma curiosa troca de papéis.

Não há muito tempo, tínhamos quase seguro que o BMW seria a opção mais dinâmica e o Mercedes-Benz a mais confortável. Agora, já não é bem assim. Ainda que a diferença não seja substancial, o Série 5 foi o mais confortável em estrada, com o Classe E a responder com uma postura mais dinâmica e com um ímpeto ligeiramente mais forte.

O capítulo das motorizações parece ter sido «decalcado» um do outro. Tanto o BMW como o Mercedes-Benz incluem um bloco de quatro cilindros com dois litros de capacidade e com 197 cv de potência, acompanhados de um sistema mild-hybrid de 48 V.

As diferenças surgem na caixa de velocidades, com a 9G Tronic do Classe E a incluir mais uma relação do que as oito da Steptronic da BMW. É uma diferença que se verifica nas médias de consumo mais comedidas do Mercedes — tanto as registadas por nós quanto as anunciadas pelas marcas.

A potência não chega aos 200 cv, mas podemos usar e abusar deles. Além disso, nunca sentimos falta de motor. Ambos sobem com demasiada alegria para velocidades pouco legais…

Numa estrada nacional é possível alcançar médias abaixo dos cinco litros. Em autoestrada, a 120 km/h o cenário é idêntico, mas se subirmos para lá deste valor não somos muito penalizados. No final do dia, registámos uma vantagem de 0,2 l/100km para o Mercedes.

Além disso, o binário do Mercedes fica ligeiramente acima do declarado no BMW. E ainda que as diferenças sejam mínimas, o Classe E revelou ser um pouco mais rápido que Série 5 nas retomas de velocidade.

Com uma condução mais «animada» em traçados sinuosos, as quatro rodas direcionais e a direção mais precisa do Mercedes-Benz dão-lhe uma vantagem dinâmica. Sem dúvida, um resultado que foi uma surpresa face ao que temos verificado nos últimos anos em termos de «identidades».

Quanto custam?

Assim que entramos no tema dos preços, o ponto de partida também é bastante semelhante entre o BMW 520d e o Mercedes-Benz E 220 d, ambos com um valor base na casa dos 65 mil euros.

No entanto, em ambos os casos, a lista de opcionais disponíveis para cada um é das mais extensas que existe no mercado, o que pode «catapultar» o valor de cada unidade para patamares absurdos, consoante os desejos de cada cliente.

Usando as duas unidades ensaiadas como exemplo, podemos dizer que o valor final do BMW Série 5 que pode ver nas imagens já fica acima dos 81 mil euros. Quanto ao Mercedes-Benz Classe E, a diferença é ainda maior, uma vez que a unidade deste teste já aflora os 95 mil euros.

No final, tem de haver sempre um vencedor, apesar da vitória não ter sido esmagadora. As dúvidas foram muitas e por isso mobilizámos a nossa equipa durante dois dias para testes, gravações e medições nos dois modelos.

Mais uma vez, ficámos com a certeza que, sem prejuízo de outras opções, para determinados tipos de utilização, os Diesel ainda continuam a fazer sentido. No entanto, é difícil não sucumbir às vantagens fiscais dos 100% elétricos para as empresas.

No final, a igualdade entre os dois modelos está bem patente na nossa avaliação, onde valorizámos mais o conforto em detrimento do comportamento, a eficiência em detrimento da performance. O Mercedes-Benz E 220 d venceu, mas o BMW 520d deu luta.

		BMW 520d	Mercedes-Benz E 220 d
Design	7%	7,5	8
Montagem e materiais	14%	9	9
Espaço e equipamento	14%	8	9
Comportamento	13%	8	9
Conforto	15%	9	8
Performance	11%	7	8
Consumo e emissões	12%	8	9
Preço	14%	6,5	6
Avaliação Final	100%	80,8%	82,5%