Audi A5 Cabrio. Os descapotáveis Diesel estão mesmo fora de moda?

Cada vez menos sonham com um descapotável de quatro lugares, muito menos se for Diesel. Será que o preconceito faz sentido?

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Sejamos sinceros, há poucos formatos tão fora de moda quanto um descapotável com motor Diesel. Por isso trago-vos um Audi A5 Cabrio TDI, para que possamos descobrir juntos se este preconceito faz sentido.

A popularidade dos motores Diesel caiu nos últimos anos, apesar de continuar a achar que para determinados tipos de utilização ainda é a tecnologia que tem mais argumentos a oferecer.

Os descapotáveis também não têm tido «vida fácil», sobretudo nestes segmentos intermédios — a procura tem vindo a cair e a oferta de modelos a decrescer.

Não é à toa que esta parece ser uma carroçaria cada vez mais destinada aos modelos de luxo, onde o preço não é nem nunca será problema.

Tudo somado e temos em mãos uma fórmula que parece pouco atual e, acima de tudo, pouco apelativa. Mas será que é assim tão simples traçar o perfil a este A5 Cabrio? Não. De todo.

Ainda não acabou

Dificuldades à parte, o Audi A5 Cabrio continua a resistir, tal como o BMW Série 4 Cabrio — o Mercedes-Benz Classe C Cabrio não teve a mesma sorte. E faz-se valer de uma silhueta clássica e de um interior de qualidade para mostrar que ainda tem uma palavra a dizer.

A elegância deste «corpo» com cerca de 4,70 m de comprimento é logo a primeira coisa que salta à vista quando olhamos para o A5, que já não vai para novo. A segunda geração foi lançada há cerca de sete anos e sofreu um pequeno restyling em 2020.

Pode não ter a agressividade do BMW Série 4 Cabrio, mas arrisco dizer que poderá envelhecer melhor. E quase sempre sem dar nas vistas, sobretudo quando pintado num tom de cinzento mais sóbrio, como era o caso da unidade testada.

Tal como seria de esperar, quase tudo é partilhado com o A5 Coupé, à exceção da capota em lona… óbvio. Esta apresenta um acabamento de grande qualidade e pode ser aberta até velocidades de 50 km/h.

Quando recolhida, a capota fica guardada num compartimento da bagageira que acaba por roubar algum volume de carga. Mas este revés é compensado pela precisão com que o processo de fecho/abertura acontece.

Estas características de precisão germânica não se fazem notar só na capota, uma vez que têm continuidade um pouco por todo o habitáculo.

Desde a escolha dos materiais à qualidade de montagem (ainda mais importante num descapotável), passando naturalmente pelo aspeto, há muito pouco a apontar a este interior.

É certo que há quem ache que os anos já se fazem sentir, mas eu consigo encontrar uma coerência elevada entre o interior e o exterior, pautados por um tom mais clássico e elegante.

Isso nota-se de imediato no quadrante, que tem um velocímetro e um conta-rotações analógico (há coisa mais clássica do que isto?). Contudo, entre os dois instrumentos apesar contamos com um pequeno ecrã.

Já ao centro do tabliê encontramos um ecrã tátil de 10,1’’ que reúne todas as funções de navegação e multimédia, com os comandos físicos da climatização a surgirem logo abaixo.

Lugares traseiros usáveis, mas de difícil acesso

Apesar de contar com uma configuração de quatro lugares (2+2), os traseiros são algo limitados.

Não tanto pelo espaço, que apesar de não ser abundante é suficiente para sentar dois adultos de estatura média, mas pelo acesso. Os bancos da frente podiam e deviam rebater mais.

Naturalmente, isto é ainda mais óbvio com a capota fechada, que torna a entrada/saída dos lugares traseiros bem mais difícil.

Neste momento, o Audi A5 Cabrio só se encontra disponível na versão 40 TDI. Ou seja, com o conhecido motor 2.0 TDI de quatro cilindros, com 204 cv e 400 Nm, associado a uma caixa S tronic de dupla embraiagem e sete velocidades.

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Trata-se da mais recente versão do 2.0 TDI, que aqui conta com uma pequena ajuda elétrica (mild-hybrid 12 V), para ajudar a manter os consumos controlados.

A performance deste descapotável traduz-se em 7,9s dos 0 aos 100 km/h. Não é um número que impressione, é certo, mas também não estamos na presença de um desportivo.

O que se nota logo pela tranquilidade de todo o conjunto, que é silencioso e não tem as vibrações esperadas dos motores Diesel.

Por isso mesmo, a utilização deste A5 Cabrio é sempre pautada pelo conforto, mesmo que a unidade em causa seja a S Line, que se traduz num acerto de suspensão ligeiramente mais firme e desportivo.

Contudo, não são precisos muitos quilómetros para desfazer eventuais dúvidas. Quando as curvas chegam percebemos claramente que não foi pensado para um estilo de condução mais desportivo.

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Mesmo no modo Dynamic, que atua sobre o mapeamento do acelerador e a caixa S tronic, o A5 Cabrio nunca se mostra confortável com uma condução mais desportiva, ainda que neste modo a direção ganhe um tato e uma precisão bem mais interessantes, fruto dos ajustes feitos ao nível da assistência.

Muito mais estradista que desportivo

Por tudo isto, o A5 Cabrio sente-se muito mais à vontade como um estradista. É em registo de passeio, nas retas extensas e nas tiradas mais longas, em autoestrada, que este descapotável acaba por fazer mais sentido.

Os comandos são excelentes e a ergonomia do volante e a posição de condução também, mas o que mais me surpreendeu foi mesmo o isolamento acústico com a capota fechada.

Já com a capota aberta, se optarem por descer os quatro vidros, reforçando ainda mais a expressão de “andar de cabelos ao vento”, preparem-se para ouvir queixas de quem viaja nos lugares traseiros. O fluxo do ar começa a incomodar desde bem cedo.

O melhor é subir os vidros e apreciar as aptidões de estradista do A5 Cabrio. Ao conduzi-lo sentimo-lo sempre muito robusto, previsível e seguro, à imagem do ADN da marca dos quatro anéis.

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E o motor TDI acompanha esta sensação, mostrando-se sempre muito disponível desde os regimes mais baixos — os 400 Nm manifestam-se entre as 1750 rpm e as 3250 rpm. E honra seja feita a esta caixa S tronic de dupla embraiagem, que nunca revela qualquer tipo de hesitação.

O melhor de tudo? Os consumos

Nos dias em que passei com este Audi A5 Cabrio fiz quase 1000 quilómetros, grande parte deles em autoestrada (sempre em torno dos 120 km/h e com o AC ligado). No final acabei por registar 5,9 l/100 km de média.

E isto, meus amigos, é um dos motivos pelo qual eu acredito que os Diesel não merecem (nem podem) ser ignorados. Até em cidade, onde os motores de combustão gastam mais, os consumos não foram além dos 7,1 l/100 km, o que não deixa de ser um registo interessante.

Graças a estes consumos (e ao depósito de 54 litros) podemos contar com uma autonomia que pode mesmo ultrapassar a marca dos 850 km, o que acentua ainda mais as capacidades de estradista deste Audi.

O Audi A5 Cabrio está disponível com preços a partir de 68 499 euros, sendo que a unidade que testámos (40 TDI S tronic) estava recheada de opcionais, pelo que tinha um valor final de 80 651 euros.

O BMW Série 4 Cabrio é um dos poucos modelos que rivaliza com esta proposta da Audi. Além de ser mais recente, tem preços ligeiramente mais competitivos: o 420d com 190 cv arranca nos 65 963 euros.

A escolha, porém, não será tanto pelo preço, mas mais pelo perfil de cada um destes modelos. Se o BMW Série 4 Cabrio é uma proposta visualmente mais arrojada e com um comportamento dinâmico mais desportivo, o Audi A5 Cabrio responde com elegância e mostrou ser um excelente estradista.

A boa notícia, talvez, é mesmo o facto de ainda ser possível escolher entre dois descapotáveis com quatro lugares e, acima de tudo, com motorizações Diesel, que convidam a viagens longas.

Por isso mesmo, respondendo à questão que acabou por servir de premissa a este ensaio, digo de forma clara que apesar de não estarem na moda, os descapotáveis com motor Diesel, como este Audi A5 Cabrio, ainda fazem sentido.

Podem não ter a acutilância ou a sonoridade de outras propostas com motor a gasolina, mas dão cartas pelos consumos baixos e extensas autonomias.

O Audi A5 Cabrio ainda acrescenta o conhecido (e elogiado) rigor alemão e uma elegância quase intemporal a esse pacote, tornando-se uma proposta que não pode nem deve ser ignorada por quem procura um descapotável e cujo principal objetivo é, acima de tudo, passear.