CUPRA Leon de entrada convence mais com mild-hybrid e caixa automática?

Há um CUPRA Leon mais barato, mas ficam melhor servidos com este (ligeiramente) eletrificado e automático

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Já passaram alguns anos desde a última vez que conduzi um Leon. Na altura, a marca ainda era a SEAT e CUPRA a sua versão mais desportiva. Agora já não é assim.

CUPRA é agora a marca, que aposta forte no estilo e na imagem mais sofisticada. Começou a ganhar forma com novas versões de topo do SEAT Leon e do Ateca. Agora já tem modelos exclusivos, como o Formentor e o Born.

A expansão da jovem marca trouxe, mais recentemente, versões mais acessíveis para o Leon, entre as quais a 1.5 eTSI deste ensaio. Tem 150 cv e está associada exclusivamente à caixa DSG de sete velocidades, assim como a um sistema mild-hybrid 48 V.

Há um Leon ainda mais acessível, que prescinde da DSG e do sistema mild-hybrid: 1.5 TSI também com 150 cv, mas com caixa manual. E fica 2345 euros mais acessível. Será que o nosso 1.5 eTSI DSG mild-hybrid compensa a diferença?

Ambiente «caseiro»

A imagem exterior é familiar, apesar dos detalhes estilísticos próprios da CUPRA darem ao Leon uma imagem mais interessante, e o mesmo podemos dizer do interior. Logo nos primeiros segundos ao volante do CUPRA Leon há uma sensação familiar em tudo o que me rodeia.

Tirando as cores e alguns detalhes, muitos destes componentes são os mesmos que estão a bordo de inúmeros modelos da Volkswagen, da Skoda ou mesmo da Audi. Mas atenção, isso está longe de ser uma coisa má.

Mesmo antes de entrar, eu já sabia que ia encontrar uma boa posição de condução, daquelas em que apenas demoro uns segundos para a adaptar à minha estatura. Com a coluna da direção acontece precisamente o mesmo e basta enquadrar a instrumentação com a metade superior do volante a fazer de moldura, para que tudo fique perfeito.

Neste caso, a imagem CUPRA inclui detalhes no característico tom cobre, que se prolonga para as costuras do volante e dos assentos. Tudo em conjunto com um ambiente mais escuro, proporcionado pelo facto de o revestimento interior do tejadilho também ser em preto.

Apesar de hoje os elétricos com plataforma dedicada serem os reis do espaço atrás, o Leon conta com uma distância entre eixos maior do que, por exemplo, a do «primo» Golf, trazendo-lhe claros benefícios a este nível.

Por causa disso, o espaço disponível para quem viaja nos lugares traseiros não só é muito generoso, como inclui uma boa ergonomia e capacidade para transportar três pessoas, ainda que o ideal sejam apenas duas.

Mild-hybrid como trunfo

O destaque neste CUPRA Leon é a adição de um sistema mild-hybrid ao motor 1.5 TSI que compõe a entrada na gama. A potência disponível continua a estar nos 150 cv, mas agora, o motor de combustão recebe uma pequena ajuda eletrificada.

Este substitui o alternador e o motor de arranque e até fornece alguma força adicional em acelerações fortes. Tem ainda a capacidade de regenerar energia nas travagens e desacelerações.

Para a armazenar está presente uma pequena bateria de 48 V. Afinal, o objetivo não é fazer com que o Leon circule em modo 100% elétrico e sim otimizar o funcionamento do motor de combustão. Com a vantagem de que tudo isto contribui, obviamente, para uma poupança de combustível.

Dois ou quatro cilindros

Para ajudar mais nessa poupança de combustível o bloco 1.5 TSI do Grupo Volkswagen tem a capacidade de desligar dois dos quatro cilindros quando o contexto de condução assim o permite. Na realidade, todos continuam em funcionamento, mas há dois que deixam de receber combustível.

Trata-se de uma mudança que apenas damos por ela porque surge uma indicação nesse sentido no painel de instrumentos. Caso contrário, não se nota.

Em termos práticos, é algo que acontece quando estamos a utilizar uma percentagem muito pequena do acelerador e estamos a circular a uma velocidade moderada constante e sem inclinações.

O Leon consegue até circular em roda livre, sem ser necessário carregar no acelerador para manter a velocidade. Algo que podemos verificar pelo conta-rotações, que «cai» para cerca das 1000 rpm, ou seja, fica ao ralenti.

O que nos permite fluir pelo asfalto até que o sistema «ache» que o motor é preciso. Numa descida, por exemplo, dificilmente o sistema entrará em roda livre, de forma a não deixar o carro «solto».

Atitude mais dinâmica

Pode ter CUPRA no nome, mas este Leon não é a versão de alta performance que a sua designação sugere. Contudo, o ADN está lá.

É algo que se nota facilmente sempre que as estradas começam a ficar mais retorcidas. Podemos contar com uma direção precisa e uma suspensão que não se importa de adotar um ritmo mais «empenhado».

A caixa de velocidades DSG também garante passagens rápidas de uma relação para outra. A rever ficam os comandos da mesma, que variam entre um seletor pequeno e pouco prático na consola central e os que se encontram atrás do volante. Também estes podiam passar para um ou dois tamanhos acima.

Em contrapartida, é também nestes momentos que os 150 cv começam a «saber a pouco», apesar da ajuda do sistema mild-hybrid e dos modos de condução disponíveis (Comfort, Sport e Individual). Nota-se facilmente que, neste caso, a afinação foi efetuada para privilegiar as emissões e as médias de consumo.

No final do dia, com toda a tecnologia incluída nesta versão, o CUPRA Leon mostrou que consegue registar médias de consumo comedidas, dificilmente passando dos sete litros, mesmo em cidade.

Claro que, para isso, nos temos de portar bem com o pedal direito. Em ritmos mais «atrasados» cheguei a registar 7,6 l/100 km, mas o final do ensaio ficou fechado com uma média de consumo de 6,3 litros.

Vale os 2345 euros de diferença?

A versão base do CUPRA Leon também inclui o motor 1.5 TSI com 150 cv de potência. No entanto, como referimos, não conta com o sistema mild-hybrid e a caixa DSG (automática de dupla embraiagem) que adicionam 2345 euros.

É um investimento em tecnologia e em conforto de utilização que, na minha opinião, faz todo o sentido. Mais até do que a escolha de um tom de carroçaria mais apelativo que este Preto Midnight (511 euros), como o tom original “Azul Petrol Mate” (2244 euros).

Na unidade ensaiada, estavam incluídos mais 3700 euros em opcionais, que deixam o preço deste CUPRA Leon acima dos 41 mil euros. Na sua maioria, são equipamentos que também escolheria, exceção feita aos mais de mil euros do sistema de navegação.

Por outro lado, alguns deles, tais como o carregador por indução ou o “Full Link USB & Wireless”, podiam perfeitamente estar integrados no equipamento de série. Talvez permitisse que o valor final do CUPRA Leon ficasse abaixo da fasquia dos 40 mil euros.