Ensaio Dacia Jogger a GPL. A melhor relação custo-benefício do mercado? Provavelmente

Desde 18 292 euros

Dacia Jogger a GPL. A melhor relação custo-benefício do mercado? Provavelmente

Testámos o Dacia Jogger Eco-G e percebemos que aquilo que se pode poupar com o GPL faz deste crossover um grande negócio para as famílias.

Dacia Jogger Comfort Eco-G Bi-Fuel

8/10
Espaço, versatilidade e custos baixos de utilização a um preço imbatível

Prós

  • Versatilidade
  • Espaço
  • Custo/benefício

Contras

  • Plásticos duros (mas aceitáveis)

Já não é propriamente uma novidade, porque a Dacia a isso nos habitou, mas o Jogger é uma proposta refrescante, sem concorrência direta no mercado e, mais importante do que tudo, com um preço “canhão”.

Sucessor do Lodgy e do Logan MCV, o Dacia Jogger apresenta-se com versões de cinco ou sete lugares e tem três motorizações distintas: uma a gasolina, outra bi-fuel e uma inédita híbrida.

Por outras palavras, há um Jogger para praticamente todos os gostos e necessidades, mas olhando a preços, aos custos de utilização e aos combustíveis, a proposta que teoricamente combina melhor tudo isto é a bi-fuel (GPL+gasolina).

E foi precisamente essa que decidimos colocar à prova, na configuração de cinco lugares e numa das versões mais completas e equipadas do modelo, a Comfort.

Versatilidade é uma das palavras de ordem quando se fala do Jogger. E isso começa logo na sua denominação: não é propriamente um SUV, mas também é redutor chamar-lhe carrinha. Algo a meio, como um crossover?

Crossover será, por ventura, a designação que melhor lhe assenta, já que junta vários conceitos num «pacote» final que assenta que nem uma luva às famílias, sobretudo as que precisam de espaço. E espaço é algo que o Jogger tem com fartura.

Dacia Jogger perfil
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel O Dacia Jogger tem 4,55 m de comprimento, mais cerca de 46 cm do que o “irmão” Sandero

Construído sobre a base do Sandero (que por sua vez assenta na mesma plataforma dos Renault Clio e Captur), o Dacia Jogger tem 4,55 m de comprimento, mais cerca de 46 cm do que o «irmão» romeno, ao mesmo tempo que viu a distância entre eixos crescer até aos 2,90 m.

Dacia Jogger Hybrid 140 vista dianteira 3/4
Já disponível

Já conduzimos o Dacia Jogger Hybrid 140. Um híbrido familiar acessível e muito mais

8/10

Detentor do «título» de familiar híbrido mais acessível do mercado, o Dacia Jogger Hybrid 140 tem muito mais argumentos além do «preço canhão».

João Delfim Tomé

Seria, por isso, simples olhar para o Jogger e ver um Sandero de tamanho XXL. Mas esta proposta da Dacia é muito mais do que isso.

A NÃO PERDER: Testámos os Dacia Sandero Stepway GPL e gasolina. Qual a melhor opção?

Toda a secção traseira, do pilar B para trás, é completamente original e podemos dizer que está muito bem conseguida, já que mesmo com o comprimento extra o Jogger consegue apresentar linhas equilibradas e umas proporções que nunca parecem desajustadas.

Dacia Jogger perfil
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Destaque para o desnível positivo de 40 mm acrescentado no pilar central, um detalhe que pode passar despercebido, mas que ajuda a que o Jogger tenha uma imagem harmoniosa e mais espaço atrás (já lá vamos).

Interior simples, mas que cumpre com (quase) tudo

Dentro do habitáculo, reina simplicidade que já conhecemos da Dacia. E não digo isto com um tom crítico, muito pelo contrário: temos tudo o que é essencial e «obrigatório» num automóvel atual.

Dacia Jogger interior
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel O ecrã central multimédia tem grafismos simples, mas fáceis de “ler” e usar

E em alguns casos até algo mais, já que nesta versão o Jogger oferece um ecrã central multimédia com 8” que permite integração com smartphone através do Android Auto e do Apple CarPlay. Além disso, contamos com sensores de estacionamento e câmera traseira, um detalhe quase obrigatório neste Jogger, sobretudo se viajarem com pessoas na segunda fila de bancos.

O desenho do interior é em tudo idêntico ao do Sandero, pelo que este Jogger conta nas versões mais equipadas com uma faixa de tecido que se prolonga por toda a largura do tabliê e que é agradável à vista e ao toque.

Além destas aplicações em tecido, o que mais salta à vista são os plásticos que «forram» grande parte do habitáculo: são simples e algo duros, mas são mais do que aceitáveis para uma proposta desta gama de preço.

Vamos falar de espaço?

Agora sim, vamos falar de um dos maiores trunfos do Dacia Jogger: o espaço. Ao nível dos bancos dianteiros, o espaço é parecido ao que temos no Sandero, mas na segunda fila de bancos e na bagageira, é outro campeonato.

Dacia Jogger bancos traseiros
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel O espaço nos bancos traseiros convence ao nível das pernas e, sobretudo, ao nível da cabeça

Nos lugares traseiros, que podem acomodar até três adultos (existem modelo de segmentos superiores que não o conseguem fazer), fiquei impressionado com o espaço para a cabeça e com a facilidade de acesso, graças às portas bastante amplas. E este é um detalhe que certamente vai agradar aos pais que têm de colocar as cadeirinhas dos filhos atrás.

Já ao nível da bagageira, e porque a unidade em testes só tem cinco lugares, há espaço para praticamente tudo. A Dacia reclama 708 litros de capacidade de carga para a bagageira, um valor que pode crescer até aos 1819 litros com os bancos da segunda fila rebatidos.

Para dar algum contexto a estes números, posso dizer-vos que consegui colocar a caixa de transporte da minha cadela (porte médio) da bagageira e ainda levar a minha bicicleta (com a roda dianteira desmontada), sendo que para isso apenas tive que tombar o banco traseiro individual, ficando com os outros dois operacionais. Impressionante.

Dacia Jogger bagageira
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel Mesmo com os bancos da segunda fila levantados, temos 708 litros de capacidade de carga

É uma questão de números

Na base deste Dacia Jogger Eco-G Bi-Fuel está um motor 1.0 turbo de três cilindros que produz 100 cv de potência (menos 10 cv do que o Jogger apenas a gasolina) e 170 Nm de binário máximo, que arranca sempre a gasolina.

Dacia Jogger motor
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Associado a uma caixa manual de seis velocidades, que envia todo o binário às duas rodas dianteiras, este motor só começa a acordar acima das 2000 rpm, sendo que abaixo disso revela pouca vivacidade.

Para contrariar isto, a primeira e a segunda velocidades têm um escalonamento mais curto, ao passo que a sexta relação foi alongada, sobretudo a pensar em tiradas mais longas, como em autoestrada. Pelo meio temos relações intermédias muito ajustadas e onde este motor se mostra sempre muito disponível.

A NÃO PERDER: É possível converter um motor Diesel para funcionar a GPL?

E isso é válido para todas as situações, independentemente de estar a circular a gasolina ou a GPL. Aliás, não senti alterações no rendimento alternando entre os dois combustíveis (podemos fazê-lo através de um botão à esquerda do volante), algo que é feito sempre de forma muito suave e quase imperceptível.

Em termos de ruídos e vibrações também não notei diferenças, ao contrário das performances: o motor pareceu-me responder ligeiramente melhor quando estamos a circular suportados pelo GPL, nomeadamente nos regimes mais baixos.

Dacia Jogger
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel Este botão, localizado à esquerda do volante, permite alternar entre gasolina e GPL

Mas a grande mais valia do GPL é a possibilidade de podermos ter custos de utilização bem mais reduzidos face a um modelo equivalente apenas a gasolina. E isso obriga-nos a falar de consumos.

O segredo está nos consumos

Nos dias que passei com o Dacia Jogger fiz 613 km, dos quais cerca de metade em modo GPL. No final, o painel de bordo assinalava um consumo médio de 7,0 l/100 km de gasolina e 9,1 l/100 km de GPL. E aqui, um parênteses para dizer que o Jogger tem duas páginas independentes no painel de bordo que permitem sempre controlar os dois consumos.

Fazendo uma condução mais cuidada e com o modo ECO selecionado (nunca desliguei o AC), o melhor que consegui foi 6,1 l/100 km a gasolina e 8,4 l/100 km a GPL.

Agora vamos a contas. É certo que os consumos de GPL são sempre superiores aos da gasolina — é sempre assim — mas se analisarmos os custos por quilómetro percebemos que é a vantagem está sempre do lado do GPL.

Dacia Jogger jantes
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel De série o Dacia Jogger está equipado com jantes de 16”

Tendo em conta as médias mais baixas que obtive com cada um dos combustíveis — 6,1 l/100 km para a gasolina e 8,4 l/100 km para o GPL — e considerando o preço médio (ao dia de hoje) da gasolina 95 simples (1,758 €/l) e do GPL (0,916 €/l), o custo de utilização deste Jogger iria traduzir-se num valor de 10,72 €/100 km a gasolina e 7,69 €/100 km a GPL.

É uma diferença significativa e que pode ser ainda maior se a utilização que fizerem deste Jogger não incluir autoestrada, onde as diferenças de consumo entre os dois combustíveis são menores.

Descubra o seu próximo carro:

Mas independentemente do cenário, é sempre mais barato andar a GPL. E sempre com a vantagem de que nunca estarmos limitados em utilização, porque se não tivermos um posto GPL «à mão», temos sempre um depósito com 50 l de gasolina disponível.

Com os dois depósitos atestados temos autonomia para mais de 1000 quilómetros.

Como se porta na estrada?

Já falámos do motor, mas não podia terminar sem abordar o comportamento dinâmico do Jogger. Não esperava uma condução muito envolvente, por isso não tive qualquer desilusão a esse nível. Mas, por outro lado, fiquei surpreendido pela positiva com o «pisar» e com a estabilidade que este crossover revela.

Dacia Jogger perfil
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel Não tem uma dinâmica propriamente apurada (mas também ninguém esperava que assim fosse), mas convence pela estabilidade e pelo bom trabalho da suspensão

Nunca se «desliga» do facto de estar pensado para as utilizações mais normais do dia a dia, mas mesmo numa estrada em pior estado ou num estradão de terra, a suspensão faz um trabalho muito competente a conter todas as irregularidades.

Um excelente negócio

Já aqui o escrevi e volto a repetir: o Dacia Jogger não tem concorrência direta no mercado e isso, só por si, é um argumento mais do que suficiente para que este modelo tenha que ser considerado.

LEIAM TAMBÉM: Diesel sai de cena. Novo Dacia Duster terá híbrido plug-in

Tem espaço para quase tudo, é versátil, não tem medo de sujar os pneus e mantém uma simplicidade que me agrada: está ao dispor da família, para tudo o que seja preciso. Seja para transportar o cão, as bicicletas ou simplesmente para levar as bagagens de um fim de semana mais prolongado.

Dacia Jogger barras de tejadilho
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel As barras de tejadilho são modulares e podem suportar até 80 kg

Além de tudo isso, com esta motorização bi-fuel é uma das escolhas mais racionais que se pode fazer. Permite um custo de utilização que simplesmente não é possível ter numa proposta equivalente apenas a gasolina.

A versão que testei, já com bastante equipamento, estava avaliada em 20 597 euros. Mas o Jogger com motorização Eco-G, a gasolina e a GPL, está disponível desde os 17 650 euros. É um preço imbatível para aquilo que este modelo oferece.

Veredito

Dacia Jogger Comfort Eco-G Bi-Fuel

8/10

Espaço e versatilidade a um preço imbatível. É isto que o Dacia Jogger oferece. Não existe outro familiar com estas dimensões e com este equipamento por um preço semelhante. E se olharmos para os custos baixos do GPL, percebemos que o Dacia Jogger Eco-G é mesmo um grande negócio.

Prós

  • Versatilidade
  • Espaço
  • Custo/benefício

Contras

  • Plásticos duros (mas aceitáveis)

Especificações técnicas

Versão base:18.305€

IUC: 108€

Classificação Euro NCAP: 1/5

20.597€

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura:3 cilindros em linha
  • Capacidade: 999 cm³
  • Posição:Dianteira transversal
  • Carregamento: Injeção indireta + Turbo + Intercooler
  • Distribuição: 2 a.c.c., 4 válv./cil.
  • Potência: 100 cv entre 4600-5000 rpm
  • Binário: 170 Nm entre 2000-3500 rpm

  • Tracção: Dianteira
  • Caixa de velocidades:  Manual de 6 vel.

  • Comprimento: 4547 mm
  • Largura: 1784 mm
  • Altura: 1632 mm
  • Distância entre os eixos: 2897 mm
  • Bagageira: 607-1819 l
  • Jantes / Pneus: 205/60 R16
  • Peso: 1329 kg

  • Média de consumo: 6,0 l/100 km
  • Emissões CO2: 135 g/km
  • Velocidade máxima: 175 km/h
  • Aceleração máxima: >12,3s

    Tem:

    • Barras de tejadilho longitudinais modulares
    • Jantes em liga leve 16″
    • Retrovisores exteriores elétricos com sistema de desembaciamento
    • Sistema de fixação ISOFIX nos lugares laterais traseiros
    • Controlo eletrónico de estabilidade + Sistema de ajuda ao arranque em subida (ESP+HSA)
    • Trancamento automático das portas em andamento
    • Sensores de luminosidade e chuva
    • Chamada de emergência E-Call
    • Conduta de ar para os lugares traseiros
    • Assistência à travagem de urgência (AFU)
    • Sistema de ajuda ao estacionamento traseiro
    • Painel de instrumentos TFT 3,5″
    • Volante em couro e regulável em altura e profundidade
    • Regulador e limitador de velocidade
    • Sistema de controlo de pressão dos pneus
    • Ar condicionado automático
    • Banco traseiro rebatível 1/3-2/3
    • Estofos em tecido Comfort
    • Faróis LED
    • Vidros laterais e óculo traseiro escurecidos
    • Óculo traseiro com desembaciamento

Pack Hands-Free — 450 €
Ar condicionado automático — 300 €
Sistema multimédia Media Nav 8” — 380 €.

Sabe esta resposta?
Qual era a potência do Peugeot 106 Electric?
Oops, não acertou!

Pode encontrar a resposta aqui:

Este é o Peugeot 106 Electric, o antepassado do e-208
Parabéns, acertou!
Vai para a próxima pergunta

ou lê o artigo sobre este tema:

Este é o Peugeot 106 Electric, o antepassado do e-208