Ensaio Ford Kuga PHEV. Testámos o híbrido plug-in que mais sucesso faz na Europa

Desde 52 051 euros

Ford Kuga PHEV. Testámos o híbrido plug-in que mais sucesso faz na Europa

Os argumentos do Kuga PHEV já não são novos, mas agora, com o pack ST-Line X Black, o SUV da Ford apresenta-se com um visual mais atraente.

Ford Kuga ST-LINE X 2.5 PHEV

7/10

O Ford Kuga é o híbrido plug-in mais vendido da Europa e isso, só por si, já diz muito. Certo?

Prós

  • Comportamento dinâmico
  • Consumos (quando carregamos a bateria)
  • Espaço no habitáculo

Contras

  • Volume da bagageira
  • Caixa CVT

Apresentado em 2020, o Ford Kuga PHEV tem tido uma carreira comercial excelente. Afinal, foi o híbrido plug-in mais vendido da Europa em 2021 e 2022, e no que vai de 2023, ainda o continua a ser.

Isto, só por si, mostra a importância do Kuga na gama europeia da Ford, que continua a ter na diversidade de motorizações — Diesel, gasolina, híbrido plug-in (PHEV) e full-hybrid (FHEV) — um dos argumentos para enfrentar outras propostas mais recentes no super-competitivo segmento (C-SUV).

Ford Kuga traseira
© Miguel Dias / Razão Automóvel — editado por Thomas V. Esveld Com o pack de equipamento ST-Line X Black o Kuga ganha um visual mais desportivo

A imagem exterior e interior poucas ou nenhumas alterações sofreram nos últimos quatro anos — nos EUA, o «gémeo» Escape já recebeu um restyling que lhe deu uma nova frente —, mas a versão testada, ST-Line X Black Package, dá ao Kuga um visual mais atrativo.

Os para-choques são específicos do ST-Line X e os elementos a preto do Black Package (sobretudo, em contraste com a cor branca da carroçaria) elevam o visual desportivo do Kuga a um novo patamar, nesta proposta com uma imagem que tem, quanto a mim, traços mais clássicos. Basta olhar para o «irmão» mais pequeno, o Puma, esse sim com um visual mais jovial e agressivo.

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As jantes de 20”, que enchem relativamente bem as cavas das rodas, o spoiler traseiro em preto e as pinças de travão em vermelho também ajudam ao ramalhete.

Grelha dianteira Kuga
© Miguel Dias / Razão Automóvel — editado por Thomas V. Esveld Gosto desta configuração: os detalhes em preto desta versão contrastam na perfeição com a pintura banca da carroçaria

Interior ainda está atual

No interior, destacam-se os materiais agradáveis ao toque e a qualidade geral do habitáculo, ainda que nas zonas inferiores se encontrem materiais menos refinados.

Nesta unidade em particular, os bancos mais desportivos, com pespontos a vermelho (presentes também no volante e na consola central), não passam despercebidos, até porque permitem em conjunto com o volante encontrar facilmente uma boa posição de condução.

Interior Ford Kuga
© Miguel Dias / Razão Automóvel — editado por Thomas V. Esveld O volante tem uma pega confortável e conta com ajustes muito amplos

Ainda ao nível da ergonomia, não faltam comandos independentes para a climatização, bem mais fáceis e rápidos de usar do que os «botões» táteis que muitas marcas teimam em «esconder» no infoentretenimento.

O infoentretenimento em si é acessível por um ecrã tátil central de 8″, que cumpre de forma satisfatória a sua função, mas já sentimos falta de um ecrã maior. Atrás do volante, há um painel de instrumentos digital com 12,3”, que é de série nas versões ST-Line e ST-Line X.

Bancos dianteiros Ford Kuga
© Miguel Dias / Razão Automóvel — editado por Thomas V. Esveld Os bancos dianteiros misturam dois materiais (pele e microfibra) e destacam-se por oferecerem um bom suporte lateral sem prejudicarem o conforto

Mas se perguntarem qual o elemento do interior deste Kuga que está a acusar mais a passagem do tempo, não tenho sequer de pensar muito para responder: o head-up display.

Já não se usam head-up display de lamela, muito menos no segmento em que o Kuga se encontra. Faz o trabalho, é certo, mas o Kuga já pede mais.

Consola central Kuga
© Miguel Dias / Razão Automóvel — editado por Thomas V. Esveld Botões físicos para a climatização: obrigado, Ford!

Espaço que (quase) não acaba

É impossível falar do interior do Kuga sem falar do espaço amplo que oferece, sobretudo ao nível dos bancos traseiros, que podem deslizar ao longo de 15 cm, «abrindo» mais ou menos espaço, de acordo com as necessidades.

Bancos traseiros Ford Kuga
© Miguel Dias / Razão Automóvel — editado por Thomas V. Esveld A segunda fila de bancos permite acomodar três adultos de estatura média. Mas quem viajar ao centro não estarão tão confortável quanto nas extremidades

Os bancos da segunda fila tem espaço para três pessoas, desde que quem viaje ao centro não se importe de ter um assento ligeiramente mais duro e mais alto.

Já na bagageira, aplaude-se o facto de contarmos de série com um portão com abertura/fecho elétrico, ainda que a capacidade não seja uma referência no segmento, sobretudo nas versões híbridas plug-in, que perdem 64 litros face às restantes.

Mesmo assim, em função da posição dos bancos da segunda fila, a capacidade da bagageira varia entre os 411 l e os 581 l, números que podem crescer até aos 1481 l com os bancos traseiros rebatidos.

Dinâmica: Ford nunca desilude

Nesta versão híbrida plug-in o Ford Kuga junta um motor elétrico a um bloco de quatro cilindros em linha a gasolina com 2,5 l de capacidade, que sozinho entrega 152 cv e 200 Nm.

O resultado desta «união» são 225 cv de potência, que são enviados às rodas dianteiras através de uma caixa de variação contínua (CVT), que acaba por ser aquilo que menos aprecio neste SUV da Ford.

Isto porque é difícil sentir uma relação direta entre o regime do motor, o som e a sua resposta, o que nos leva quase sempre a ficar com a sensação de que falta alguma potência, sobretudo quando «pisamos» o acelerador a fundo e queremos uma reação imediata.

Por outras palavras, esta caixa CVT faz com que muitas vezes a experiência ao volante não seja tão progressiva quanto seria de esperar, além de vir sempre acompanhada de um ruído algo incomodativo tão típico deste tipo de soluções.

Motor Ford Kuga
© Miguel Dias / Razão Automóvel — editado por Thomas V. Esveld O motor de quatro cilindros e 2,5 l de capacidade funciona de acordo com o ciclo Atkinson, mais eficiente que o mais comum ciclo Otto.

Acima de tudo fica a percepção de que este sistema não foi pensado para grandes correrias, mas sim para ser o mais comedido possível em termos de consumos.

Chassis impressiona mais do que as performances

O Kuga PHEV é capaz de acelerar até aos 200 km/h de velocidade máxima e de cumprir o sprint dos 0 aos 100 km/h em 9,2s. Não são números que impressionem, mas estão em linha com aquilo que se espera e exige a um SUV familiar deste género.

Ford Kuga perfil
© Miguel Dias / Razão Automóvel — editado por Thomas V. Esveld Nada de inspirações coupé: o Kuga tem uma silhueta tipicamente SUV

Isto porque, sejamos sinceros, apesar de se apresentar aqui na versão ST-Line X, o Kuga não tem qualquer responsabilidade desportiva.

Mesmo assim, o seu comportamento dinâmico acaba por surpreender pela positiva. E não é difícil perceber o motivo: é a mesma base do Focus, que é «só» uma das referências do segmento no que à dinâmica diz respeito. Até o esquema de suspensões, com eixo traseiro independente multibraços, é o mesmo que encontramos no Focus (nas versões mais equipadas).

Por isso mesmo, o Ford Kuga sente-se bem plantado na estrada, é estável, sem nunca abdicar do conforto. Porém, esta versão ao estar equipada com jantes de 20”, podem esperar um pisar firme.

Em curva o Kuga continua a impressionar, com movimentos de carroçaria contidos e a direção, uma das mais precisas do segmento, faz com que a condução a ritmos mais elevados seja uma experiência mais interessante do que podia antecipar.

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Arranque faz-se sempre em modo elétrico

Porém, é em ritmos mais calmos que o Kuga parece sentir-se sempre mais confortável. O arranque é sempre feito em modo elétrico, e o motor a gasolina só entra em ação se a bateria estiver a ficar vazia ou carregamos de forma mais assertiva no acelerador (ou passamos os 135 km/h).

Mas a razão de ser de um híbrido plug-in é mesmo o poder usufruir do modo 100% elétrico. E aqui o Ford Kuga não surpreende, mas também não desilude.

Porta de carregamento Ford Kuga
© Miguel Dias / Razão Automóvel — editado por Thomas V. Esveld Numa tomada doméstica convencional é possível repor a totalidade da carga da bateria em aproximadamente seis horas

A animar a máquina elétrica está uma bateria com 14,4 kWh de capacidade (10,6 kWh úteis), que permite que o Kuga PHEV reclame uma autonomia elétrica (ciclo WLTP) de até 64 km.

Nos dias de hoje, já não é um número que surpreenda, mas ao contrário do que muitas vezes acontece, os números declarados pela Ford estão muito próximos daqueles que é possível obter no chamado «mundo real». E isso são excelentes notícias.

Se os vossos percursos diários habituais não excederem os 50-60 km, o Ford Kuga vai permitir-vos fazer esse percurso em modo 100% elétrico. Desde que o carreguem numa base diária, claro. Só assim é que um híbrido plug-in faz sentido.

Mais de 700 km feitos

Podemos usar o motor a gasolina para carregar a bateria em caso de necessidade, sendo um dos quatro modos de operação do sistema híbrido.

Kuga traseira
© Miguel Dias / Razão Automóvel — editado por Thomas V. Esveld

Os outros são o modo 100% elétrico, o modo automático (o sistema faz a gestão entre o motor térmico e o elétrico, como se fosse um híbrido convencional), e ainda há um modo que permite preservar o nível de carga na bateria para usar mais tarde.

Durante os dias em que passei com o Ford Kuga PHEV fiz um total de 734 km e consegui fazer cerca de 55 km em modo 100% elétrico.

Proteções portas Kuga
© Miguel Dias / Razão Automóvel — editado por Thomas V. Esveld De forma opcional o Kuga pode contar com proteções de borracha nas portas, que dão outra segurança quando estacionamos em espaços mais apertados

Mesmo assim, alternando quase sempre entre o modo de recarga (motor a gasolina carrega a bateria) e o modo automático, e sem nunca ter parado num posto de carregamento, cheguei ao final deste ensaio com 170 km «elétricos» feitos. Nada mau.

Quanto aos consumos, eles variam de acordo com aquilo que pedimos a este sistema. Tanto é possível andar em torno dos 1,2 l/100 km oficiais, ou então ficar muito acima desse valor, quando não carregamos frequentemente. No meu caso acabei este teste com um consumo médio de 7,8 l/100 km.

Quanto custa?

Não existem fórmulas mágicas para os híbridos plug-in: é preciso carregar frequentemente para conseguir custos de utilização apelativos. No Kuga PHEV não é diferente.

Até porque este SUV não é propriamente barato. Na versão ST-Line X, o Ford Kuga PHEV arranca nos 52 066 euros. Com os opcionais da versão que testámos, esse valor sobe para pouco mais de 56 000 euros.

Por isso mesmo, existem rivais no mercado que não podem ser descurados, com potências e autonomias em modo elétrico semelhantes: Peugeot 3008, o Citroën C5 Aircross, Volkswagen Tiguan, entre outros.

Ainda que, verdade seja dita, nenhum dos três modelos que referi acima têm um comportamento dinâmico tão envolvente quanto este SUV da Ford.

Por outro lado, se aquilo que procuram num híbrido plug-in é autonomia elétrica, então o Toyota RAV4 pode ser uma opção a considerar. Não só oferece mais potência (309 cv), como mais autonomia elétrica (até 75 km) por um preço semelhante a esta versão do Kuga.

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Estivéssemos nós num país com uma fiscalidade automóvel menos penalizadora para motorizações com mais cilindrada, como é o caso deste Ford Kuga, e a conversa — e o preço! — poderia ser diferente.

É que basta ir aqui ao lado, a Espanha, para perceber que este mesmo Kuga PHEV ST-Line X é à volta de 7200 euros mais barato, o que torna este SUV bem mais competitivo quando o comparamos com a concorrência.

E isso poderá ajudar a explicar o sucesso que o Ford Kuga PHEV tem tido na Europa desde que foi lançado.

Veredito

Ford Kuga ST-LINE X 2.5 PHEV

7/10

Não tem o motor mais disponível do segmento nem a caixa mais agradável de utilizar, mas convence pelo comportamento dinâmico com que nos brinda em todas as situações. A autonomia em modo 100% elétrico não surpreende, mas também não desilude e se estivermos dispostos a carregar numa base diária, os consumos são, previsivelmente, muito baixos.

Prós

  • Comportamento dinâmico
  • Consumos (quando carregamos a bateria)
  • Espaço no habitáculo

Contras

  • Volume da bagageira
  • Caixa CVT

Especificações Técnicas

Versão base:52.066€

IUC: 215€

Classificação Euro NCAP: 5/5

56.321€

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura:4 cilindros em linha; motor elétrico
  • Capacidade: 2488 cm³
  • Posição:Motor combustão: Dianteira transversal; Motor elétrico: Dianteira transversal
  • Carregamento: Motor combustão: Injeção direta; Motor elétrico: bateria de iões de lítio de 14,4 kWh
  • Distribuição: 2 a.c.c., 4 válv./cil. (16 válv.)
  • Potência:
    Motor combustão: 152 cv às 5500 rpm
    Motor elétrico: 97 kW (132 cv)
    Potência máxima combinada: 225 cv
  • Binário:
    Motor de combustão: 200 Nm às 4500 rpm
    Motor elétrico: N.D.
    Binário máximo combinado: N.D.

  • Tracção: Dianteira
  • Caixa de velocidades:  Automática de variação contínua (CVT)

  • Comprimento: 4614 mm
  • Largura: 1883 mm
  • Altura: 1675 mm
  • Distância entre os eixos: 2710 mm
  • Bagageira: 411-581 litros (varia com posição dos bancos traseiros)
  • Jantes / Pneus: 245/45 R20
  • Peso: 1844 kg

  • Média de consumo: 1,2 l/100 km; Autonomia elétrica: 64 km
  • Emissões CO2: 23 g/km
  • Velocidade máxima: 200 km/h
  • Aceleração máxima: >9,2s

    Tem:

    • Abertura e fecho da bagageira mãos livres
    • Barras de tejadilho em preto
    • Capas dos retrovisores e tejadilho em preto (Pack Black)
    • Faróis Full LED automáticos, com luzes diurnas LED
    • Faróis LED traseiros
    • Faróis de nevoeiro dianteiros LED com função direcional
    • Grelha dianteira em preto gloss
    • Jantes de liga leve Performance de 20” em preto (Pack Black)
    • Limpa pára-brisas automático c/sensor de chuva
    • Pinças de travão vermelhas
    • Parte inferior do pára-choques dianteiro e spoiler desportivo em preto
    • Retrovisores ext. eléctricos e recolhíveis aquecidos
    • Saída de escape com acabamento ST-Line
    • Sistema auxiliar de estacionamento à frente e atrás
    • Ajuste eléctrico do banco do condutor em 10 posições
    • Ar condicionado Automático
    • Bancos traseiros deslizantes e rebatíveis 60/40
    • Carregador sem fios
    • Painel de instrumentos analógico de 12.3” a cores
    • Pedais em alumínio
    • Rádio com ecrã táctil de 8” e Sistema de som B&O com 10 altifalantes
    • Sistema de Navegação com SYNC3
    • Suspensão desportiva
    • Tomada de 12V na bagageira
    • Volante forrado a couro com pespontos a vermelho
    • Assistência pré-colisão
    • Controlo automático de velocidade com limitador de velocidade
    • Limitador de velocidade inteligente
    • Sistema de aviso de saída de estrada com manutenção em faixa

Pintura “Frozen White” — 273 €
Roda suplente mini — 142 €
Bancos da frente c/ajuste eléctrico de 12 posições — 620 €
Alarme de perímetro e volumétrico — 394 €
Porcas de segurança — 53 €
Carregador sem fios — 160 €
Pack Segurança (Faróis dianteiros LED e Head-Up Display) — 788 €
Pack Winter (Pára-brisas “Quickclear”, bancos dianteiros e traseiros aquecidos e volante aquecido) — 578 €
Pack Tech (Alerta ao condutor
Câmera de visão dianteira
Manutenção em faixa
Sistema de estacionamento automático
Proteção das portas
Assistente pré-colisão
Sistema de deteção do ângulo morto
Sistema de reconhecimento de sinais de trânsito
Limitador de velocidade inteligente) — 1261 €
Pack ST-Line X Black — 0 €

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