Conduzi o Ford Puma 2024 e fiquei mais descansado

Não toquem mais no Ford Puma. Ficou quase perfeito.

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A notícia de que o Ford Puma ia ser atualizado este ano deixou-me receoso. Este é um crossover que sempre cativou pela dinâmica e, tive receio, confesso, que as alterações da Ford fossem no sentido de «cortar as garras» ao Puma. Felizmente não…

A Ford apenas tocou no que merecia ser tocado. Depois de alguns anos de presença no mercado, são sempre necessárias algumas atualizações para manter qualquer modelo a par da concorrência.

No exterior, é preciso muita atenção para reparar nas diferenças. Entre elas, o logótipo da marca desceu do topo da secção dianteira para o centro da grelha frontal, tal como em outros Ford. Os grupos óticos têm um novo desenho e as jantes de liga leve, neste caso, de 19”, também são novas. De resto, tudo parece estar igual. Pelo menos, por fora.

Diferente, mas pouco

No habitáculo, há mais novidades, começando pelo desenho do tabliê. Ficou tudo melhor e mais moderno. O painel de instrumentos continua a ser totalmente digital, mas está agora num ecrã de 12,8’’.

Da consola central desapareceram quase todos os botões, incluindo os da climatização, que foram integrados no novo ecrã de maiores dimensões (12’’). A resolução também é melhor e a interface de utilizador mais simples de utilizar, além de mais rápida. No topo do tabliê, nesta versão, marca presença a barra de som do sistema desenvolvido pela Bang & Olufsen para o Ford Puma.

Para quem está no lugar mais interessante, ao volante, o elemento que se destaca é precisamente… o volante. Tanto a base como o topo são agora mais planos e até reforça o caráter mais desportivo deste modelo. Mas entre os assentos da frente, mantém-se uma alavanca de travão de mão manual, à antiga. Curioso…

Em termos de materiais, tanto o tabliê como a consola central ou os painéis das portas incluem zonas forradas em pele e com costuras vermelhas. No entanto, nas zonas onde isso não acontece, o plástico é rígido e pouco agradável ao toque.

Para quem viaja atrás, os acabamentos dos painéis das portas já não tiveram direito a forros em pele e a costuras vermelhas — um pouco em linha com o que sucede noutras propostas deste segmento. Apenas os assentos seguem o mesmo padrão dos lugares da frente.

Espaço a bordo do Ford Puma

Por ser um crossover compacto, o Ford Puma poderia ter algumas limitações em termos de espaço. Mas entre os 4,2 m de comprimento e os quase 2,6 m de distância entre eixos, há um espaço razoável para, idealmente, quatro pessoas.

A segunda fila pode não ser a mais desejada por um quinto passageiro, mas com os meus 1,85 m de altura, ainda tenho uns centímetros de distância até ao tejadilho. Em comprimento, se quem viaja na frente não precisar de ter as pernas esticadas, é sempre possível encontrar um bom compromisso.

Para as bagagens estão disponíveis mais de 400 litros de volumetria na bagageira. E sob o piso está ainda um enorme «buraco» onde cabem inúmeros objetos e, por baixo deste, há espaço para o pneu de reserva.

Ritmo convidativo

A parte que mais nos «preocupava» teve resposta numa estrada cheia de curvas. Podemos ficar finalmente mais descansados. O Ford Puma 2024 continua a fazer as delícias de quem gosta de conduzir.

Graças à boa posição de condução, mas sobretudo à impecável afinação do binómio chassis/suspensão — a pender para o lado da firmeza, mas sem descartar o conforto —, este crossover continua a surpreender pela positiva.

Numa estrada de traçado mais sinuoso, a direção é direta e precisa. Tudo junto resulta numa elevada dose de confiança para quem vai ao volante.

Além disso, já num patamar próximo do «exagero», os movimentos da carroçaria são previsíveis e resulta em momentos mais divertidos do que seria expectável num modelo deste segmento.

Um pequeno super motor

Sob o capô está «escondido» o conhecido motor 1.0 EcoBoost de três cilindros. Aqui, na configuração com 155 cv de potência e 240 Nm de binário e sempre associado a uma caixa de velocidades automática de dupla embraiagem com sete relações. Só ficaram mesmo a faltar as hastes atrás do volante para as passagens de caixa nos momentos de condução mais «empenhada».

Para completar o ramalhete, contamos ainda com os préstimos de um sistema mild-hybrid de 48 V. Com este, todos os momentos de travagem e desaceleração são aproveitados para regenerar energia. Algo que em ambiente urbano até se nota bastante, chegando mesmo a diminuir a necessidade de utilização dos travões.

Economia ou diversão?

No capítulo dos gastos de energia, ou seja, nas médias de consumo, a Ford anuncia um valor de 5,7 l/100 km, mas apenas para quem se «porta bem». Não é impossível conseguir valores neste patamar, se o ritmo for tranquilo, em estrada ou autoestrada, por exemplo. O «problema» é que o Ford Puma convida a explorar o motor…

Com mais passagens pelo caminho mais sinuoso alternativo à autoestrada e com a utilização de ar condicionado, o motor de 155 cv torna-se mais guloso à medida que os três cilindros se fazem ouvir. E no final do nosso ensaio, o valor indicado pelo computador de bordo já estava nos 7,9 l/100 km.

Escolha perfeita, ou nem por isso?

De todas as versões disponíveis na gama atualizada do Ford Puma, a unidade que surge nas imagens é das mais desejadas. Tem tudo… menos um preço simpático.

Com o motor 1.0 EcoBoost de 155 cv e com o nível de equipamento ST Line X, o preço base da unidade ensaiada é de 34 889 euros. Mas depois, é necessário considerar todos os opcionais incluídos, que aumentam este valor para os 39 577 euros.

Não é barato e fica praticamente «colado» ao do Ford Puma ST, a versão mais desportiva e potente da gama, que tem um preço base de 40 112 euros. Para mais, a decisão fica mais difícil, quando percebemos que os opcionais desta unidade já fazem parte do equipamento de série da versão ST.

Além disso, neste Puma de garras mais afiadas, o motor 1.0 EcoBoost é mais potente, o sistema de travagem é melhor, a suspensão tem uma afinação específica, os assentos são mais desportivos e até o visual é mais agressivo. Tudo isto, a escassas centenas de euros da «nossa» unidade, ou cerca de 2000 euros, caso se opte pelo teto em preto.

Não nos esquecemos que estamos a falar de versões do Ford Puma com valores em torno dos 40 mil euros, mas todas estes equipamentos fazem-se pagar. Para quem deseja um Puma mais «domesticado» e simples, há opções por menos de 29 mil euros. Mas, com menos potência, caixa manual e uma lista de equipamento de série mais reduzida.

A diversão, essa, garanto-vos, é sempre de série em todas as versões. Nesta atualização do Ford Puma 2024, felizmente, não estragaram a festa.