A gasolina e com caixa manual. Testámos o KGM Torres mais barato

O KGM Torres é um SUV e vem do Oriente, mas não é elétrico nem chinês. Aliás, o nome até parece ser bem português.

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Tal como já tinha sido anunciado em setembro do ano passado, a KGM — ou KG Mobility — é uma das diversas marcas que chegou recentemente ao mercado nacional.

No entanto, a novidade está apenas no nome, pois esta KGM é uma espécie de reincarnação da Ssangyong, construtor sul-coreano que teve um período atribulado nos últimos anos e acabou por ser adquirido pelo KG Group.

Já realizo ensaios a automóveis há bastantes anos e ainda me lembro dos antigos modelos da marca e, confesso, não pelos melhores motivos. Depois de andar uns dias com este Torres, posso assegurar que esta nova KGM pouco ou nada tem a ver com a antiga Ssangyong.

Começo pelo visual. O Torres — não consigo deixar de achar piada ao nome, pois parece que me estou a referir a um amigo ou a um colega do trabalho — é um SUV (segmento C) de dimensões médias, quando comparado com a extensa oferta que existe neste segmento.

Para o capítulo da estética, marcam presença componentes com um visual mais robusto e aventureiro, com proteções plásticas em torno das cavas das rodas e na parte inferior dos para-choques.

A parte da frente tem um visual mais agressivo e a parte de trás tenta relembrar os todo o terreno de outrora, com uma «bossa» semelhante a um espaço destinado a arrumar uma roda sobressalente e um desenho assimétrico. Mesmo com o puxador do lado direito, no entanto, a abertura continua a ser feita na vertical.

Pela lateral, descobrimos linhas mais vincadas, com um pilar C bem definido e em contraste com o resto do conjunto. É estranho? Sim. Fica mal? Por acaso, nem acho. Menos proporcionais são as jantes de 18”, que ajudam no conforto, mas não são o detalhe mais bonito do Torres.

Um pouco de tudo

Uma vez no habitáculo é ainda mais sentida a ânsia da KGM em agradar aos consumidores. Não faltam dois ecrãs horizontais de 12,3” para a instrumentação e para o sistema de infoentretenimento, nem detalhes em preto brilhante ou no tom castanho que relembra o cobre. Uma escolha moderna muito em voga e que encontramos, por exemplo, na CUPRA.

Em termos de materiais, há duas soluções distintas. Nas áreas mais visíveis com as quais o condutor tem mais contacto — painéis das portas, topo do tabliê e volante —, há materiais suaves ao toque e costuras de tom contrastante. Na metade inferior do habitáculo os materiais são rígidos e pouco agradáveis, mas apenas ao toque e não ao olhar.

Os assentos são forrados em pele e não existem diferenças de acabamentos entre a primeira e a segunda fila. E depois, em termos de espaço, o KGM Torres mostra que está à altura da grande maioria de agregados familiares.

Na frente, há uma boa posição de condução, atrás, espaço mais que suficiente para pernas e em altura. Para a bagageira ainda sobra um volume com quase 500 litros de capacidade e com diversos recantos de arrumação sob o piso.

Quanto mais simples, melhor

O KGM Torres protagonista deste ensaio não inclui qualquer componente eletrificado no seu sistema de propulsão — algo cada vez mais incomum.

Apenas um «simples» motor a gasolina de 1,5 litros, sobrealimentado, e acoplado a uma caixa de velocidades manual com seis relações, e tração dianteira. A potência máxima ascende aos 163 cv e o binário máximo é de 280 Nm, disponível a partir das 1500 rpm.

Na prática, e com um peso total inferior a 1500 kg, as prestações não desiludem e o motor a gasolina vai respondendo da melhor maneira a todas as solicitações do pedal direito. No entanto, em determinados momentos de condução, pareceu algo «molengão» devido ao escalonamento da caixa e à disponibilidade do motor.

Acabou por ser preciso um período inicial de adaptação e, por causa disto, os 163 cv de potência também acabaram por se revelar mais gulosos do que seria ideal, registando uma média de consumo de 8,6 l/100 km no final deste ensaio. Um valor que fica ligeiramente acima dos 7,9 l/100 km oficiais.

Um dos pontos que surpreendeu pela positiva foi o desempenho dinâmico do Torres. Não numa sequência de curvas de uma estrada de montanha — não é para isso que foi pensado —, mas sim na relação entre conforto e eficácia da suspensão em pisos mais degradados.

Além disso, é também nestes momentos que se revela a elevada solidez ou robustez do habitáculo, sem se notar ruídos parasitas.

Preço e equipamento

Para o mercado nacional, a KGM tem apenas disponível uma única versão do Torres com motor a gasolina — só podemos escolher entre a caixa de velocidades manual ou a automática —, e com um único nível de equipamento (K4).

Além da caixa, resta apenas escolher a cor da carroçaria, com seis tons disponíveis. Sendo que quatro deles podem ser combinados com o tejadilho em negro.

O equipamento de série é bastante completo e não dispensa a presença de elementos como o sistema de navegação, a iluminação totalmente em LED e a conectividade através de Apple CarPlay e Android Auto — apesar de estas só poderem ser utilizadas com um cabo compatível.

Para o final, o preço. O KGM Torres é proposto por 36 900 euros, já com todo o equipamento de que falámos incluído neste valor. Além disso, a marca ainda tem prevista uma campanha de crédito, que deixa as prestações mensais nos 300 euros.