Ensaio Maxus T90 testada. Pick-up elétrica chinesa vale o preço?

Desde 81 381 euros

Maxus T90 testada. Pick-up elétrica chinesa vale o preço?

A Maxus T90 é a primeira pick-up 100% elétrica disponível em Portugal. Uma alternativa a ter em conta? O nosso veredito.

Maxus T90 EV Pick-up

5/10

Mais um dia de trabalho para a pick-up elétrica Maxus T90. Não falta ao serviço, o problema está na produtividade.

Prós

  • Espaço no habitáculo
  • Facilidade de manobra
  • Robustez do conjunto

Contras

  • Conforto sem carga
  • Consumo de energia
  • Direção desmultiplicada
  • Preço

Ainda que a sua evolução ao longo dos últimos anos tenha sido considerável, a verdade é que a grande maioria das pick-up, ainda continuam a ser associadas a carros de trabalho. E neste caso, por norma, são as motorizações Diesel as mais procuradas.

No entanto, a Maxus T90 EV aposta numa solução um pouco diferente do habitual, sendo a primeira pick-up 100% elétrica a chegar ao nosso mercado. Fomos descobrir as vantagens e as desvantagens.

Vista por fora é uma pick-up como tantas outras, com uma cabine dupla e caixa de carga separada, assente num chassis que foi modificado para suportar a bateria de 89 kWh, destinada a alimentar o sistema elétrico e instalada sob o habitáculo.

No capítulo da estética, a secção dianteira é dominada por uma imagem de «Stormtrooper», que inclui um enorme grelha e as letras da marca no topo, numa posição central. Mais nas extremidades, os grupos óticos superiores incluem as luzes de condução diurna e os indicadores de mudança de direção, ambos em LED. No entanto, os principais estão posicionados mais abaixo, na vertical e já são em halogéneo.

A secção traseira conta com uma enorme tampa de acesso à caixa de carga, na qual está um painel negro horizontal com as letras Maxus — e que, infelizmente, não se pode trancar. Mais abaixo, mais ou menos despercebidos, estão integrados dois degraus que dão uma ajuda caso seja preciso subir para a caixa de carga.

Interior foi pensado para durar

O habitáculo da Maxus T90 EV parece ter sido desenvolvido em dois espaços temporais completamente diferentes. Num deles, o destaque foi para a escolha de componentes mais adequados «para durar», na sua maioria rígidos ao toque, mas robustos e sem ruídos parasitas.

Mesmo os assentos em pele, com comandos elétricos na fila da frente, seguem este contexto, sendo que, entre eles, ainda encontramos uma tradicional alavanca do travão de mão. E a chave, que inclui o comando à distância para trancar ou destrancar as portas, ainda é das que tem de ser inserida na ignição.

Depois, provenientes de uma era mais digital, encontramos um monitor central com um ecrã de comando tátil, com acesso a algumas funções de configuração, ou mesmo o acesso ao smartphone, através de Apple CarPlay ou Android Auto. Mais abaixo, há comandos táteis para o ar condicionado — ainda que este não seja automático — e o painel de instrumentos (analógico), inclui o computador de bordo numa posição central.

Maxus T90 EV em modo família

Uma pick-up não costuma ser o carro perfeito para transportar a família todos os dias, ainda que isso não se deva à falta de espaço. A bordo, a capacidade de transportar cinco pessoas não apresenta qualquer dificuldade, mesmo que seja necessário instalar cadeirinhas de bebé ou algo semelhante.

No entanto, o principal espaço destinado a bagagens é mesmo a caixa de carga traseira, ao «ar livre», sendo que, mesmo que esta seja coberta de alguma forma, o portão traseiro não se pode trancar. A alternativa, são mesmo os espaços de arrumação sob o piso do assento traseiro, ou o espaço disponível atrás das costas deste. Ou seja, suficientes para cabos de carregamento, mas limitados para objetos mais volumosos.

Movimento (quase) em silêncio

Passando para o lugar do condutor, a posição de condução é boa e relativamente fácil de encontrar. Estão presentes os comandos elétricos para o assento, mas falta a regulação do apoio lombar, por exemplo, ou a regulação em profundidade da coluna da direção — apenas está presente a regulação em altura.

Por se tratar de um modelo 100% elétrico, era esperado um funcionamento totalmente silencioso, mas isso não acontece. O aviso acústico de movimento, típico dos automóveis elétricos, é demasiado audível, mesmo para quem se encontra no habitáculo.

De resto, o silêncio impera. Depois de entrarmos, rodarmos a chave para iniciar o sistema, soltar a alavanca do travão de mão e selecionar a mudança que queremos no comando rotativo existente na consola central, é um elétrico como qualquer outro.

No entanto, também é praticamente uma pick-up como qualquer outra. Ou seja, a presença de molas de lâmina no eixo posterior e a total ausência de carga — que pode alcançar uma tonelada — faz com que o saltitar da suspensão traseira seja uma constante, especialmente quando o piso não é totalmente liso.

Em contrapartida, o facto de existir quase meia tonelada de peso adicional por baixo do habitáculo, faz com que o centro de gravidade seja bastante inferior, o que se nota no comportamento dinâmico da Maxus T90 EV. É claro que nunca será o automóvel escolhido para uma estrada sinuosa, até porque a direção também é bastante desmultiplicada e pouco informativa, mas, ainda assim, a dose de confiança ao volante está longe de ser pejorativa.

Potência da Maxus T90 é suficiente?

Na Maxus T90 EV, está presente apenas um motor elétrico, destinado a alimentar as rodas do eixo posterior, onde está instalado em conjunto com o inversor. Segundo a marca, o valor máximo de potência é de 130 kW (177 cv) e o binário ronda os 310 Nm. No entanto, a tração é feita apenas nas rodas traseiras, não sendo aconselháveis grandes aventuras daquelas que costumam ficar mais afastadas do asfalto.

Por ser um automóvel mais direcionado a uma área empresarial, em busca de alternativa energética aos habituais motores Diesel, é de esperar que a «missão» de uma pick-up seja a de transportar (ou rebocar) cargas mais pesadas.

Maxus T90 EV - motor
© André Mendes / Razão Automóvel

A capacidade de carga não é brilhante, ficando limitada aos 1000 kg de peso. Para os que pensam em rebocar algo, também há más notícias: o peso máximo rebocável é de 1000 kg. Em comparação, uma Isuzu com tração apenas às rodas traseiras pode rebocar até 2500 kg.

No entanto, com apenas 177 cv de potência disponíveis, o desempenho da Maxus T90 poderá ser bastante diferente dos quilómetros que efetuámos sem carga. Sem peso, a resposta do motor é rápida e a T90 EV ganha velocidade rapidamente, não se tornando lenta, nem mesmo em autoestrada.

Fora de estrada e apesar do aspeto mais robusto típico de uma pick-up, não tem tração integral, o que vai dificultar a vida a quem precisa de enfrentar terrenos difíceis. A altura ao solo até pode ser superior à de um SUV (18,7 cm), mas em condições de fraca aderência, ter apenas tração traseira é um problema.

Consumos “secretos” e autonomia

Os valores de autonomia declarados pela Maxus são de 330km em percurso misto e de 471 km em ambiente urbano. Já no que diz respeito aos consumos, o valor anunciado pela marca é de 26,8 kWh/100 km, o que não é de estranhar tendo em conta que são «apenas» 177 cv para um peso acima das 2,3 toneladas.

Maxus T90 EV - painel de instrumentos
© André Mendes / Razão Automóvel

Para confirmar o valor recorremos ao computador de bordo, mas este não está «autorizado» a mostrar valores acima dos 18,6 kWh/100. Ou seja, se reiniciarmos os valores, bastam uns minutos de condução para que este valor fique marcado como definitivo. Não porque seja esse o valor medido, mas porque o computador de bordo não está programado para mostrar valores acima deste.

Em autoestrada, a velocidade máxima está limitada a 120 km/h e se fizermos novamente reset aos valores, algumas centenas de metros depois a média fica em… adivinhou, 18,6 kWh/100 km. Com o consumo instantâneo acontece o mesmo, mas com a fasquia nos 60 kWh/100 km.

Restam-nos os dados de autonomia e carregamentos, para se ter uma ideia do gasto de energia. No início do teste, com a bateria totalmente carregada — tal como visível no mostrador analógico — a autonomia era de 423 km. Passados 125 km, quase sempre em autoestrada, a autonomia passou para os 75% e depois de 242 km, já com alguma cidade à mistura, chegámos aos 45% de capacidade e 178 km de alcance.

Recorrendo a um carregador rápido — a Maxus T90 EV aceita carregamentos em DC (corrente contínua) até 80 kW — conseguimos passar a autonomia de 178 km para 386 em cerca de 65 minutos, o que deixou o ponteiro da carga da bateria nos 90%. E no final, com mais 120 km somados, a autonomia desceu 154 km e o mostrador estava em 65%.

Tamanho da Maxus T90 não é um problema

Além dos 2300 kg de peso, a Maxus T90 EV é um «objeto» com quase 5,4 m de comprimento e 1,9 m de largura. A altura supera 1,80 m e a distância entre eixos tem 3,155 m. Estes números, em conjunto com a direção bastante desmultiplicada e pouco informativa, deixavam antever um pequeno «pesadelo» nos momentos das manobras e da condução em ambiente urbano. No entanto, apesar de tudo isso, a pick-up elétrica da Maxus revelou-se bastante prática e fácil de manobrar.

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Peso e preço a condizer

Se o peso é um daqueles valores elevados e que associamos facilmente aos automóveis elétricos, o preço não fica atrás. O preço de venda ao público da Maxus T90 EV é de 81 381 euros, sendo que mais de 15 mil euros são o IVA.

No entanto, como a presença deste modelo no mercado nacional está mais direcionada para empresas ou organismos públicos, este é um valor que poderá servir como um dos pesos da balança no momento de fazer contas.

No que diz respeito ao equipamento, bem, tudo o que está no modelo das imagens faz parte do equipamento de série. A única opção disponível é mesmo a pintura metalizada, com um valor de 400 euros.

Veredito

Maxus T90 EV Pick-up

5/10

A Maxus T90 tem uma imagem de carro de trabalho, mas com apenas tração traseira, é só mesmo estilo. Um capítulo onde até as opções de design, não me parecem as melhores. Para empresas, que queiram abandonar a utilização de combustíveis fósseis, poderá ser uma alternativa, ainda que de utilização limitada. A primeira impressão ao nível da condução e conforto também não foi a melhor.

Prós

  • Espaço no habitáculo
  • Facilidade de manobra
  • Robustez do conjunto

Contras

  • Conforto sem carga
  • Consumo de energia
  • Direção desmultiplicada
  • Preço

Especificações técnicas

Versão base:81.381€

Classificação Euro NCAP: 0/5

81.781€

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura: Um motor elétrico
  • Posição: Traseira, transversal
  • Carregamento: Bateria: 88,55 kWh
  • Potência: 130 kW (177 cv)
  • Binário: 310 Nm

  • Tracção: Traseira
  • Caixa de velocidades:  Relação única

  • Comprimento: 5365 mm
  • Largura: 1900 mm
  • Altura: 1809 mm
  • Distância entre os eixos: 3155 mm
  • Bagageira: 1000 kg de carga útil
  • Jantes / Pneus: 245/65 R17
  • Peso: 2300 kg

  • Média de consumo: 26,8 kWh/100 km; Autonomia: 330 km
  • Velocidade máxima: 120 km/h

    Tem:

    • Airbag dianteiros, laterais e de cortina
    • Ar condicionado manual
    • Bancos dianteiros com regulação elétrica
    • Camara traseira
    • Computador de bordo
    • Controlo de estabilidade (ESP)
    • Direção elétrica assistida
    • Estribos laterais
    • Função Mirror Link (Apple CarPlay® e Google Android AutoTM)
    • Jantes de liga leve de 17”
    • Luzes diurnas LED
    • Monitor central com ecrã tátil de 10,25”
    • Para-choques traseiro com degrau incorporado
    • Proteção interior da caixa de carga
    • Retrovisores exteriores aquecidos e de regulação elétrica
    • Rollbar em alumínio
    • Sensores de parqueamento traseiros (radar de aproximação)
    • Sistema de assistência de arranque em subida (HAS)
    • Sistema de aviso de colisão frontal (FCW)
    • Sistema de controlo de descida (HDC)
    • Sistema de monitorização de pressão dos pneus (TPMS)
    • Tomadas traseiras de 220V e 12V
    • Tomadas USB dianteiras

Pintura metalizada: 400 euros

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