Diesel, híbrida e off road. Testei a melhor carrinha da Mercedes

É difícil dizer não à Mercedes-Benz All-Terrain… Consegue fazer (praticamente) tudo muito bem.

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A Mercedes-Benz tem uma longa tradição no que diz respeito a carrinhas. Costumam ser designadas por T-Modelle ou Kombi no seu país natal e por Station no mercado nacional.

Mas depois deste ensaio, no entanto, acho que posso esquecer todas essas designações e resumir tudo a All-Terrain. É apenas uma das versões da Classe E Station, eu sei, mas fiquei com a ideia de que todas as outras deixam de ser precisas.

Quando a primeira Classe E All-Terrain foi apresentada, no final de 2016, a ausência de um sistema híbrido foi sentida, mas nesta nova geração parece que deixou de haver lacunas. Além deste sistema plug-in, que pode ser carregado com a ajuda da rede, também está disponível um mais simples mild-hybrid de 48 V.

Além disso, esta 300 de que conduzi durante alguns dias, é uma proposta única no mercado, pois inclui um motor Diesel. Combina o conhecido bloco de quatro cilindros e 2,0 l com 197 cv — que noutros modelos da marca, garante mais de 1000 km por depósito —, com um motor elétrico de 95 kW (129 cv). Este último, alimentado por uma bateria de 19,5 kWh.

No total, a Mercedes-Benz Classe E All-Terrain entrega 313 cv de potência máxima combinada e 700 Nm de binário, que passam para os mais variados tipos de piso com a ajuda de uma caixa de velocidades automática de nove relações e um sistema de tração integral 4Matic.

Uma estética inconfundível

Precisamente como na sua antecessora e como nas suas principais rivais (Audi Allroad e Volvo Cross Country), a Mercedes-Benz E 300 de All-Terrain combina a linha elegante do formato Station com «mangas e calças arregaçadas». Ou melhor, com uma altura máxima ao solo — proporcionada pela suspensão pneumática — próxima dos 18 cm.

Para proteger a carroçaria e tornar o visual da All-Terrain ainda mais robusto, estão presentes diversas proteções inferiores nos para-choques e nas saias laterais, bem como frisos plásticos a servir de moldura às cavas das rodas. Um olhar mais minucioso, vai ainda encontrar uma grelha frontal com um desenho específico, com duas linhas horizontais.

Bagageira diminuída

No interior da Mercedes-Benz E 300 de All-Terrain, nada muda em relação às outras Classe E Station. Mantém-se o ambiente cuidado, a elevada qualidade de materiais, a construção sólida e também o amplo espaço e o nível de conforto acima da média — mais ainda, devido à presença da suspensão pneumática no equipamento de série.

No entanto, por ter o sistema híbrido plug-in, a bagageira vê alguma da sua volumetria «subtraída». Ainda assim, estão disponíveis 460 litros de capacidade, alguns recantos laterais com redes para objetos mais pequenos e até uma chapeleira automática.

A posição de condução é excelente e com regulações (elétricas e com memória) bastante amplas, mas os comandos do volante com diversas funções táteis ainda requerem tempo de habituação.

Tecnologia de serviço

Tal como em outras versões da gama, tanto o painel de instrumentos totalmente digital como o ecrã central de comando tátil incluem dados de telemetria, que mostram (em tempo real) o que as rodas, suspensão, direção e o sistema de tração andam a fazer.

Na Mercedes-Benz All-Terrain, o número de funções é ainda mais completo e ativa-se assim que é selecionado o modo de condução “Offroad”, limitado a 110 km/h de velocidade máxima.

Com este, é possível verificar a posição de GPS em que nos encontramos e consultar a direção precisa através de uma bússola. Além disso, ainda é possível verificar a inclinação lateral e longitudinal da carroçaria, entre diversas outras funções.

Asfalto e não só

Este é, como é fácil de adivinhar, um dos maiores trunfos da Classe E All-Terrain. A possibilidade de sair do asfalto sem grandes preocupações com diversos imponderáveis transforma esta Station de visual mais radical num automóvel ainda mais desejável. Principalmente para quem já está farto dos SUV.

O sistema de tração integral garante uma condução mais divertida em estradas de terra batida. A combinação do motor Diesel com o motor elétrico parecem ter sido feitos para este tipo de percursos, graças à generosa disponibilidade dos 313 cv e 700 Nm.

Não sendo um desportivo, a direção é suficientemente precisa e o desempenho em estrada também transmite confiança a quem conduz. Mesmo com um conjunto que já fica perto das 2,4 toneladas.

Híbrido competente

Ainda assim, é um híbrido plug-in com motor Diesel e, por isso, aposto que está curioso com as médias de consumo e com a autonomia. É perfeitamente compreensível, também era uma das minhas maiores curiosidades.

Em modo 100% elétrico, a marca anuncia uma autonomia máxima em torno dos 95 km. No «mundo real» não fica muito longe disso. Cheguei a fazer perto de 90 km com uma carga de bateria, dando uma média de 20,2 kWh/100 km.

Em modo híbrido, com o motor de combustão a ser chamado ao serviço, foi muito raro ter deslocações com médias de consumo acima dos cinco litros. A melhor parte é que não há qualquer ansiedade de autonomia: após os primeiros 200 km percorridos, a autonomia máxima ainda estava acima dos 800 km.

No final deste ensaio, depois de todos os valores calculados, a média de consumo acabou por ficar em 17,7 kWh/100 km no que diz respeito à eletricidade e em 2,7 l/100 km no que diz respeito ao gasóleo.

No total — e com um carregamento de bateria pelo meio — 63% da distância percorrida foi efetuada com o motor de combustão desligado.

Era a conta, por favor…

Esta E 300 de All-Terrain é uma das propostas mais completas de sempre da Mercedes-Benz, mas como deve adivinhar, sendo uma Classe E Station, com um sistema híbrido plug-in, tração às quatro rodas, e todo o conforto e tecnologia a bordo, paga-se.

E depois de adicionarmos todos os extra presentes da unidade ensaiada, o valor final da carrinha que vê nas imagens é de 91 mil euros.

É um valor elevado? Sim, mas não parece totalmente disparatado face ao que a All-Terrain tem para oferecer. Sem opções, o valor base é de 85 300 euros, mas só senti falta do sistema de som da Burmester. Uma questão de gosto, claro.