O Mitsubishi Colt mais barato tem 65 cv de potência. É suficiente?

Não olhem para a ficha técnica. Os 65 cv deste Mitsubishi Colt são melhores que a encomenda.

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Este Mitsubishi Colt Kyoto é dos carros mais honestos que conduzi nos últimos tempos. Não faz grandes promessas e entrega mais do que estava à espera. Nas próximas linhas vou explicar porquê.

Trata-se da versão mais acessível e menos potente do Mitsubishi Colt — um modelo que na verdade é um clone do Renault Clio — e portou-se muito bem na semana que passou na minha companhia. E custa menos de 19 mil euros — 18 990 euros para ser mais preciso.

Portou-se tão bem que tive de verificar duas vezes se estava mesmo a testar a versão do Colt com apenas 65 cv. Mas primeiro vamos falar do interior.

Nem mais nem menos

Tudo o que já dissemos sobre o interior do Renault Clio aplica-se ao Mitsubishi Colt. Tendo em consideração o segmento em que se insere, é um veículo espaçoso e prático.

Isto significa que no banco traseiro há espaço suficiente para dois adultos ou, mais importante ainda, para duas cadeiras de crianças — condição em que o passageiro do «meio» ficará muitíssimo apertado. A bagageira é ampla e consegue acomodar até 340 litros de carga.

A escolha dos acabamentos não deslumbra. Principalmente nesta versão Kyoto, onde imperam os plásticos duros e os estofos cinzentos. Mas está longe de ser desagradável, bem pelo contrário. Temos tudo o que é necessário: ar condicionado automático, sistema de infoentretenimento com ecrã de 7” com Apple Car Play e Android Auto, câmara de estacionamento traseira, cruise control e sistema chave por cartão.

Tudo muito fácil de operar e simples. Os técnicos da Renault fizeram um excelente trabalho e a Mitsubishi não teve vergonha de copiar. Afinal de contas, a cópia é a melhor forma de elogio não é verdade?

Potência modesta, mas honesta

São «casos» como o deste Mitsubishi Colt Kyoto que justificam que mais de um milhão de portugueses visitem todos os meses a Razão Automóvel à procura de informação sobre o seu próximo carro. É que as fichas técnicas, onde encontramos informação detalhada dos modelos, às vezes não contam a história toda. E definitivamente a ficha técnica deste Mitsubishi Colt é um desses casos…

Não se assustem ao saber que este Colt Kyoto está equipado com um motor de 1,0 l de três cilindros com apenas 65 cv de potência. E que os 0-100 km/h cumprem-se em 17,1 segundos e a velocidade máxima é de 160 km/h. Não entusiasma, pois não?

A verdade é que não entusiasma, mas cumpre perfeitamente o propósito. O escalonamento da caixa de cinco velocidades deste Colt parece conseguir espremer tudo aquilo que este motor tem para oferecer. Usando menos figuras de estilo e mais palavras concretas: em condições normais nunca vão sentir falta de motor.

Falando de consumos, a marca anuncia 5,2 litros por cada 100 km (ciclo WLTP) mas em condições reais esperem um pouco mais: registei 6,2 l/100km de média após 400 km onde fiz um pouco de tudo: estrada, autoestrada e cidade (10/60/30). É que além da caixa estar muito bem escalonada, este motor 1.0 MPI não tem muito peso para puxar: são apenas 1125 kg. O que nos dias que correm é pouco e faz muito pela eficiência.

Comportamento certo e correto

Nota-se que esta plataforma aguentava mais potência. Está dimensionada para isso. Por isso dificilmente vão fazer disparar o controlo de tração deste Kyoto. Em compensação, têm um carro que se vai comportar de forma muito correta.

Talvez mais importante que isso — ou igualmente importante — a afinação da suspensão oferece um bom conforto de rolamento. Viagens mais longas? Não temam.

Naturalmente que se estiverem quatro ocupantes e a bagageira cheia não haverá milagres. O motor é voluntarioso, mas não tanto. Porém, para a regra daquela que é utilização da maioria das famílias, seja como primeiro ou segundo carro, este motor acaba por surpreender.

Compensa escolher esta versão?

Nesta versão Kyoto, como já referi, o Colt custa 18 990 euros. Por mais 500 euros podem comprar o Renault Clio Evolution com «mais motor», nomeadamente o bloco 1.0 TCe de 90 cv, que também está disponível no Colt.

Ficam com mais motor, mas com menos equipamento: o ar condicionado é manual e não têm câmara de estacionamento traseira, destacando apenas as principais diferenças. Qual é que compensa escolher? É uma decisão que dependerá do que valorizarem: mais equipamento ou mais potência.

Uma coisa é certa, seja uma pequena ou uma grande vantagem, o ponto essencial deste Mitsubishi Colt Kyoto é mesmo o preço e os custos de utilização.

Oferece um motor simples, sem turbo ou sistemas elétricos mais complexos, apenas com a potência necessária e com o equipamento essencial. Numa utilização a longo termo, isto poderá significar custos de reparação mais controlados.