Ensaio Nissan X-Trail. Testámos o SUV de sete lugares elétrico mas com motor a gasolina

Desde 59 210 euros

Nissan X-Trail. Testámos o SUV de sete lugares elétrico mas com motor a gasolina

Será que o Nissan X-Trail e o seu sistema híbrido e-Power tem argumentos para os concorrentes que se eletrificaram de forma mais «convencional»?

Nissan X-Trail 1.5 e-Power 213 cv A/T e-4orce Tekna+

7.5/10
O Nissan X-Trail comprova que há mais do que uma forma de eletrificar o automóvel.

Prós

  • Conforto e insonorização
  • Equipamento de série
  • Agradabilidade geral no interior
  • Utilização semelhante a um 100% elétrico

Contras

  • Consumos
  • Espaço e acesso aos bancos da terceira fila

O novo Nissan X-Trail está disponível no nosso mercado apenas como híbrido (a versão mild-hybrid não está de momento disponível), mas o seu sistema é bastante distinto dos usados pelos concorrentes.

E distingue-se pelo facto deste sistema híbrido, designado e-Power e estreado pelo Qashqai — que o Miguel Dias já testou —, não ter o motor de combustão ligado ao eixo motriz. Ou seja, apenas o motor elétrico serve para locomover o X-Trail.

O motor de combustão serve apenas e só como um gerador para carregar a bateria. E esta alimenta, neste caso em particular, dois motores elétricos (um por eixo).

Nissan X-Trail vista traseira 3/4
© THOM V. ESVELD / RAZÃO AUTOMÓVEL

O objetivo da Nissan é simplesmente oferecer o «melhor de dois mundos»: a facilidade de utilização de um modelo a combustão e a suavidade de funcionamento de um elétrico.

Contudo, entre a teoria e a prática costuma haver uma distância considerável. O que nos leva a perguntar: será que vale a pena optar por um «caminho» diferente?

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Mais do que um Qashqai XL

A anterior geração do X-Trail era uma espécie de «irmão mais velho do Qashqai», mas esta nova geração do SUV é muito mais que uma versão esticada do best seller da Nissan.

Visualmente continua a haver semelhanças entre ambos, mas estas devem-se mais à adoção da nova linguagem visual da marca do que a uma «colagem» ao Qashqai. No final o X-Trail consegue ter um caráter próprio.

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No interior houve uma (r)evolução

E quando acedi ao interior do X-Trail, essa diferenciação entre os dois modelos é ainda mais evidente e foi impossível não ficar surpreendido com a evolução face ao antecessor.

Temos um interior muito mais moderno e acolhedor que antes, tanto ao nível do desenho, como ao nível dos materiais, que também são mais agradáveis ao tato.

Nissan X-Trail interior
© THOM V. ESVELD / RAZÃO AUTOMÓVEL A decoração bicolor oferece um maior refinamento ao interior do X-Trail e evidencia as melhorias ao nível da agradabilidade geral.

Aliás, neste campo o X-Trail passou a estar entre as referências do segmento, comprovando a evolução da Nissan nesta área. Uma evolução que já se tinha feito sentir em propostas como o Qashqai ou o Ariya.

O melhor de tudo é que apesar da modernização, a ergonomia não foi prejudicada. A Nissan manteve os comandos físicos que permitem controlar a climatização ou o volume do som e mostrou que é possível conjugar uma aparência moderna sem prejudicar a facilidade de utilização.

Também o sistema de infoentretenimento mostrou ser rápido e completo, e o facto de permitir integração sem fios com Apple CarPlay é uma mais-valia.

Espaçoso para cinco, nem tanto para sete

Com os MPV a desaparecer gradualmente do mercado — veja-se o exemplo do Renault Espace —, os SUV de sete lugares como o X-Trail assumem-se, cada vez mais, como uma das poucas alternativas para as famílias numerosas.

Contudo, nem tudo são boas notícias. Apesar de ser muito espaçoso na configuração de cinco lugares (os bancos da segunda fila até são deslizantes), na configuração de sete lugares o X-Trail faz-nos ter saudades dos MPV.

Os dois lugares da terceira fila são limitados a pessoas com até 1,60 m de altura (quem for mais alto dificilmente lá cabe) e o acesso a estes também não é fácil.

No fundo, são lugares para um uso curto e esporádico. Se precisam dos sete lugares com frequência, há outras opções no mercado mais adequadas a isso, como o Volkswagen Multivan.

O som… do silêncio

Muito bem instalado aos comandos do Nissan X-Trail, logo nos primeiros quilómetros percorridos, sobressaiu uma das principais qualidades do sistema e-Power: o silêncio a bordo. Está (quase) ao nível de um 100% elétrico.

Melhor do que tenho experienciado noutros híbridos ou híbridos plug-in, devido ao facto de o funcionamento do motor de combustão quase passar despercebido.

Nissan X-Trail bancos dianteiros
© THOM V. ESVELD / RAZÃO AUTOMÓVEL Confortáveis e com bom apoio lateral, os bancos dianteiros «convidam» a fazer longas viagens ao volante do X-Trail.

Desta forma, a palavra que melhor descreve a experiência de condução do X-Trail é… tranquilidade. E isso também fica patente noutras áreas de avaliação da experiência de condução.

O SUV da Nissan consegue impor bons ritmos em autoestrada e está longe de se «atrasar» no trânsito urbano, mas fica óbvio que não tem pretensões «de corrida», deixando esse papel para outras propostas como o Skoda Kodiaq RS que o Miguel Dias também testou.

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Foco no conforto

O foco do Nissan X-Trail está, sem dúvida, mais no conforto a bordo e no cumprimento das funções familiares. O seu comportamento dinâmico reflete, também, essa prioridade.

Não é um veículo que seja capaz de «entreter» o condutor, mas mostra-se estável e seguro, oferecendo agradáveis níveis de previsibilidade num traçado mais sinuoso, algo reforçado pelo sistema de tração integral e4orce.

Nissan X-Trail em movimento vista lateral
© THOM V. ESVELD / RAZÃO AUTOMÓVEL Estável e previsível, assim podemos descrever o comportamento do Nissan X-Trail.

A elevada estabilidade e conforto evidenciados dá ao Nissan X-Trail excelentes qualidades estradistas, sobretudo em autoestrada, convidando-nos a percorrer largos quilómetros sem esforço.

Apesar da tração integral (e modos de condução específicos para fora de estrada), tenho de deixar a ressalva que não aconselho a levar este SUV por «maus caminhos».

Nissan X-Trail pormenor painel de instrumentos
© THOM V. ESVELD / RAZÃO AUTOMÓVEL O modo “Eco” «castra» em demasia a resposta do acelerador e o modo “Sport” acaba por ir um pouco contra o carácter mais familiar do X-Trail. Desta forma, é no modo “Standard” que conseguimos extrair o que de melhor o SUV da Nissan tem para oferecer.

Sim, a tração integral dá-nos uma maior versatilidade, mas a reduzida altura ao solo e as jantes de 20” com pneus de perfil mais baixo, recordam-nos que não estamos aos comandos dos saudosos Terrano ou Patrol.

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Económico? Nem por isso

Se no capítulo da agradabilidade o sistema e-Power não deixa «créditos por mãos alheias», o mesmo não pode ser dito no campo dos consumos.

Ao longo deste teste foi particularmente difícil manter os consumos na casa dos 6,5 l/100 km oficiais.

Nissan X-Trail pormenor comando e-Pedal
© THOM V. ESVELD / RAZÃO AUTOMÓVEL O sistema e-Pedal quase permite abdicar do travão, mas exige alguma habituação.

No final deste teste ao X-Trail, registei uns pouco impressionantes 7,8 l/100 km, com muitos trajetos em autoestrada e algumas viagens com «lotação esgotada».

Foi neste capítulo que o sistema e-Power mais perdeu para os híbridos convencionais e plug-in. Face a ambos os consumos que registei são consideravelmente superiores e, claro, não consegue circular em modo 100% elétrico como os híbridos plug-in.

Topo de gama com preço a condizer

Posicionado no topo da gama de modelos com motor a combustão da Nissan, o X-Trail vê o seu preço refletir não só o seu posicionamento comercial como toda a tecnologia que incorpora.

A unidade que ensaiámos — Tekna+, a topo de gama — vê o seu preço arrancar nos 59 mil euros. É um valor elevado, mas em linha com o pedido pelos seus principais rivais híbridos e híbridos plug-in. E convém ressalvar que a oferta de equipamento de série é muito elevada. É difícil recordar algo que esteja em falta.

Olhando para os seus concorrentes, o Hyundai Santa Fe na versão híbrida está disponível a partir de 64 155 euros; o Kia Sorento HEV começa nos 60 475 euros, subindo para praticamente 67 mil euros na versão híbrida plug-in. O Skoda Kodiaq é o mais vendido no segmento, mas não oferece uma versão eletrificada.

Nissan X-Trail 1.5 e-Power 213 cv A/T e-4orce Tekna+

7.5/10

O novo X-Trail assume-se como o topo de gama da Nissan e faz muito sentido quando associado ao sistema híbrido e-Power. Os consumos não foram tão baixos como esperava, mas a suavidade de funcionamento impressiona e eleva as qualidades estradistas do SUV japonês. Acaba por ser «traído» por um preço elevado, apesar de muito bem equipado. Os X-Trail e-Power de tração dianteira e nível de equipamento mais baixo fazem mais sentido.

Versão base:59.210€

IUC: 180€

Classificação Euro NCAP: 5/5

60.210€

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura:4 cil. em linha
  • Capacidade: 1498 cm³
  • Posição:Motor combustão: Dianteiro Transversal; Motor elétrico 1: Dianteiro Transversal; Motor elétrico 2: Traseiro Transversal
  • Carregamento: Motor de combustão: Turbo + Intercooler; Motores elétricos: bateria de iões de lítio de 1,8 kWh
  • Potência:
    Motor combustão: 158 cv às 4600 rpm
    Motor elétrico 1: 150 kW (204 cv)
    Motor elétrico 2: 94 kW (128 cv)
    Potência máxima combinada: 157 kW (213 cv)
  • Binário:
    Motor combustão: 250 Nm entre 2400-4400 rpm
    Motor elétrico 1: 330 Nm
    Motor elétrico 2: 195 Nm
    Binário máximo combinado: 525 Nm

  • Tracção: Integral
  • Caixa de velocidades:  Caixa redutora (uma relação)

  • Comprimento: 4680 mm
  • Largura: 1840 mm
  • Altura: 1710 mm
  • Distância entre os eixos: 2705 mm
  • Bagageira: 120 l c/ 3 filas de bancos; 485 l c/ 2 filas de bancos (valor mínimo); 1298 l c/ duas filas traseiras rebatidas
  • Jantes / Pneus: 255/45 R20
  • Peso: 1961 kg

  • Média de consumo: 6,5 l/100 km
  • Emissões CO2: 148 g/km
  • Velocidade máxima: 180 km/h
  • Aceleração máxima: >7s

    Tem:

    • Sistema de anti-colisão frontal com assistência em cruzamentos e reconhecimento de peões e ciclistas
    • Cruise control inteligente com limitador de velocidade
    • Sistema de deteção de ângulo morto com intervenção
    • Sistema de travagem automática em marcha-atrás com deteção de movimento
    • Alerta de fadiga do condutor
    • Alerta inteligente de previsão de colisão frontal
    • Alerta de mudança involuntária de faixa
    • Sistema de deteção de sinais de trânsito
    • Assistente de condução autónoma ProPILOT conectado ao sistema de navegação com assistência em rotundas, saídas, cruzamentos e baixa velocidade
    • Sistema de estacionamento autónomo ProPILOT
    • Controlo dinâmico do veículo
    • Alarme
    • Monitorização da pressão dos pneus
    • Painel de instrumentos digital Full TFT de 12,3”
    • Sistema de infoentretenimento NissanConnect de alta definição com 12,3”
    • Apple Carplay sem fios e Android Auto
    • Mapas de Navegação Tom Tom com atualização remota
    • Nissan Connected Services: controlo Remoto das portas, luzes, buzina e localizador do veículo
    • Compatibilidade com assistente Pessoal Amazon Alexa e Google Assistant
    • Câmara 360º com deteção de objetos em movimento
    • Sensores de estacionamento
    • Head-Up Display de 10″ com projeção no para brisas
    • Carregador sem fios para Smartphone
    • Travão de mão elétrico e assistência de arranque em subida / Auto-Hold
    • Chave Inteligente Avançada com função de memória (Banco, retrovisores e audio)
    • Modos de condução (Eco, Normal, Sport, Offroad, Neve)
    • Sistema de som Bose com 10 colunas (2 colunas de agudos, 2 de médios, 2 de graves e 2 adicionais nos lugares traseiros) + Caixa de Baixos Bose Acoustimass e Amplificador Digital
    • Limpa pára-brisas anti-salpicos com sensor de chuva
    • Porta USB-A e USB-C à frente atrás
    • Faróis Full LED com ativação automática (de longo e curto alcance e função anti-encadeamento)
    • Faróis LED com Foco de Luz Adaptativo
    • Assistente inteligente de máximos
    • Faróis traseiros em LED
    • Faróis de nevoeiro LED
    • Retrovisores exteriores elétricos, aquecidos e rebatíveis eletricamente
    • Teto de abrir panorâmico
    • Vidros traseiros escurecidos
    • Barras de tejadilho
    • Porta da bagageira com sistema mãos livres
    • Climatizador automático triplo
    • Volante aquecido forrado a couro
    • Bancos dianteiros e traseiros aquecidos
    • Banco de passageiro com regulação lombar e em altura manual
    • Banco do condutor e do passageiro reguláveis eletricamente (deslizamento, reclinação, altura e regulação lombar)
    • Bancos traseiros deslizantes 60/40 e rebatíveis 40/20/40
    • Retrovisor interior com anti-encadeamento automático
    • Rede de proteção solar para vidros traseiros
    • Inserções de madeira preta na consola central

Pintura bi-tom “Tokyo Blue + Galaxy Black” — 1000 €.