Ensaio O novo Peugeot E-3008 consegue mesmo fazer 527 km com apenas uma carga?

Desde 47 150 euros

O novo Peugeot E-3008 consegue mesmo fazer 527 km com apenas uma carga?

O novo Peugeot E-3008 explora da melhor forma a imagem da marca do leão, trazendo-a para um momento mais tecnológico e muito sofisticado.

Peugeot E-3008 GT

7.5/10

O novo Peugeot E-3008 é uma prova de coragem da marca francesa. Nesta nova geração mudou tudo.

Prós

  • Capacidade da bagageira
  • Rigor dos acabamentos
  • Médias de consumo
  • Visual exterior e interior

Contras

  • Preço na versão topo de gama
  • Suspensão firme na versão GT
  • Custo de alguns opcionais

Não há outra maneira de colocar as coisas. A Peugeot operou uma autêntica revolução no 3008 e mudou tudo o que havia para mudar, principalmente por fora. Também podemos ser dramáticos? Ao lado deste novo 3008 o antecessor parece ser bem mais antigo — apesar de não o ser.

Sei que o design é sempre um campo algo subjetivo, mas a aprovação dos olhares à nossa passagem, nos dias em que privei com este Peugeot E-3008, parecem ser um bom indicador.

Além do novo formato liftback da secção traseira, há ângulos ainda mais definidos e vincos mais pronunciados que, no conjunto, dão a este Peugeot um aspeto mais sofisticado. As habituais características que tentam lembrar a «garra do leão» nos grupos óticos também marcam presença. Achamos que a Peugeot não os sabe fazer de outra maneira…

No caso da unidade ensaiada tudo isto ganha ainda mais expressão, devido à presença do nível de equipamento GT — que é o mais completo, o mais desportivo e o mais caro.

Este nível de equipamento inclui jantes com 20” de diâmetro, com um desenho igualmente original e a metade superior da carroçaria está pintada de negro, dando mais contraste à cor principal da carroçaria.

Arrojo mantém-se a bordo

Assim que acedemos ao habitáculo, a imagem sofisticada que encontrámos no exterior está também presente. Neste caso, graças a assentos de formato igualmente original e ao desenho bastante sofisticado dos painéis das portas, da consola central e do tabliê. Este último, o protagonista do novo Panoramic i-Cockpit estreado nesta nova geração do Peugeot 3008.

Nota muito positiva para a qualidade de montagem. Todas as superfícies revelam uma solidez notável. Não é apenas um apontamento, é um sentimento geral muito presente neste modelo. Neste particular, é talvez o melhor Peugeot de sempre.

Em termos de materiais, esta versão também conta com uma configuração bastante vistosa, ao reunir assentos forrados em TEP e Alcantara, mas também zonas do tabliê e dos painéis das portas em tecido. É, sem dúvida alguma, visualmente muito agradável.

No lugar do condutor continua presente um volante muito mais compacto do que o habitual e que tem um formato que está longe de ser redondo. Requer habituação, tal como todos os modelos da Peugeot mais recentes. É uma solução polarizadora: há quem adore e quem não gosta nada.

No entanto, não podemos dizer que não nos sentimos bem ao volante. Atrás destes, estão as habituais hastes com diversas funções, mas agora com um desenho mais moderno.

Menos ergonómico, talvez, é o posicionamento do comando da caixa, no tabliê, mesmo ao lado do botão de start/stop e ao alcance da mão. Até aqui, tudo bem. O problema surge quando estamos a efetuar manobras, por exemplo, e acabamos por ter sempre de olhar para este mesmo comando, não só para o localizar, como para garantir que a mudança ficou selecionada.

Mais (e menos) ecrãs

Em frente ao lugar do condutor, a Peugeot optou por fundir a agora clássica solução dos dois ecrãs de 12” colocados na horizontal, substituindo-os por um único de 21”. Fica muito mais «em frente» ao condutor, mas mais afastado do passageiro dianteiro, que terá de esticar mais o braço.

No entanto, oferece uma boa resolução e conta com uma interface de utilizador com novas animações, que vão deliciar os maiores adeptos de novas tecnologias e gadgets. O facto de estar integrado num conjunto curvo, faz com que tenha uma boa leitura, pelo menos, para quem vai ao volante.

Além disso, todo este conjunto foi posicionado de uma forma que parece estar a flutuar por cima do tabliê, dando ainda mais destaque ao sistema de iluminação ambiente. É certo que assim foi eliminado um dos ecrãs na parte superior do tabliê, mas agora há outro, mais pequeno, na consola central. Está destinado aos i-Toggles, que é o nome dado pela Peugeot a um conjunto de atalhos destinados às funções do sistema de infoentretenimento que mais se utilizam. E sim, podemos personalizá-los ao nosso gosto.

Versatilidade e espaço

Em termos de espaço, não existem problemas nos lugares da frente nem nos traseiros, muito menos na bagageira, com uma volumetria de 520 litros. Quem viaja na segunda fila, apesar do tejadilho descendente, este só desce verdadeiramente após os lugares traseiros, pelo que há espaço q.b. em altura.

Além disso, os mais novos vão adorar os inúmeros recantos que têm disponíveis para conseguir «perder» um número elevado de brinquedos e outras coisas. Ao mesmo tempo, há uma consola central com tomadas USB-C e saídas de ventilação. Tudo isto, além de um nível de acabamentos muito aproximado ao que está disponível nos lugares da frente.

Mais funcional, menos emocional

O desempenho dinâmico do Peugeot E-3008 não foi dos que mais nos apaixonou. Nota-se perfeitamente que este SUV foi desenvolvido para obedecer a compromissos. E que compromissos são esses? Oferecer conforto aos ocupantes mantendo algum rigor dinâmico.

Há modelos mais confortáveis no segmento — o «primo» Citroën C5 Aircross, por exemplo —, e outros mais dinâmicos — com o SEAT Ateca a servir de referência —, mas não desaponta em nenhum campo. Uma coisa é certa: lidar com 2200 kg de peso não foi tarefa fácil para os engenheiros da marca.

Do lado dos argumentos menos positivos está uma direção que podia ser mais informativa. Não é dramático, simplesmente há modelos que fazem melhor neste particular.

Na caixa, deixou de estar presente o modo “B”, com a regeneração máxima, mas agora, atrás do volante, há duas hastes que nos permitem alternar entre três patamares de regeneração. Ainda assim, sempre com um valor mínimo ativo e nunca em «roda livre».

Para equilibrar os pratos da balança, no entanto, é necessário destacar o posicionamento da bateria, sob o habitáculo e entre os dois eixos.

Uma arquitetura que não só deixa o centro de gravidade mais baixo, como consegue «plantar» o E-3008 em curva de uma forma mais determinada e sem movimentos excessivos da carroçaria. Neste ponto, podemos ainda contar com uma nova suspensão multibraços no eixo posterior, que também dá uma ajuda.

Apenas uma opção no E-3008

Para já, o único grupo propulsor disponível para o Peugeot E-3008 é a configuração da unidade que testámos: apenas um motor elétrico e tração dianteira. A potência máxima é de 157 kW (213 cv) e o binário é de 345 Nm.

Traduzido em prestações, a Peugeot anuncia 8,8s para a aceleração dos 0 aos 100 km/h e uma velocidade máxima limitada pela eletrónica a 170 km/h. Para alimentar o sistema, está presente uma bateria de 73 kWh (úteis), que permite anunciar uma autonomia máxima de 527 km.

É possível alcançar este valor? Em condições reais de utilização nem pensem nisso. A menos que circulem sempre em cidade e maioritariamente com o ar condicionado desligado, nunca se vão aproximar deste valor.

Isto significa que os consumos e a autonomia deste modelo são maus? Bem pelo contrário, por isso vamos então à realidade dos factos.

Peugeot E-3008 GT - motor
© André Mendes / Razão Automóvel

Se considerarmos a média de consumo declarada pela marca de 16,9 kWh/100 km (num percurso combinado), o valor máximo de autonomia vai rondar os 432 km. E aqui já nos estamos a aproximar da realidade.

É um valor que não é nada complicado de alcançar, mesmo com o modo de condução intermédio selecionado e sempre com o ar condicionado ligado. Registei uma média no final do ensaio de 17,4 kWh/100 km, o que significa que teria de percorrer uns longos 420 km para drenar totalmente a bateria.

Se por vezes abusei do acelerador? Claro que sim. Portanto, no vosso quotidiano podem mesmo contar com estes tais 420 km. Mas vamos detalhar mais os consumos de acordo com os vários tipos de utilização.

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Em ambiente urbano, o Peugeot E-3008 não se importou de consumir menos de 15 kWh/100 km na maioria das deslocações. E a uns singelos e tranquilos 90 km/h, o computador de bordo chegou a estabilizar em 14,1 kWh/100 km, o que já não é tão habitual num automóvel 100% elétrico.

Já a 120 km/h… Bem, a 120 km/h já não podemos dizer o mesmo, uma vez que a este ritmo, o E-3008 relembra porque é que os elétricos não são os maiores fãs de viagens em autoestrada. O Guilherme Costa, que também privou com este modelo, registou um consumo médio de 20,9 kWh/100 km numa viagem de 200 km em autoestrada, numa utilização nem sempre regrada.

Feitas as contas, contem com 350 km de autonomia em autoestrada.

Escolha simplificada

Com o novo E-3008, a Peugeot também decidiu simplificar a escolha durante a configuração. Além de (para já) existir apenas um grupo propulsor, os níveis de equipamento disponíveis são só dois: Allure e GT.

A unidade ensaiada era um GT, o nível mais completo, com um preço base de 52 150 euros. Em conjunto com a pintura metalizada (650 euros) e o “Pack Visão 360º & Drive Assist Plus” (1450 euros) que esta unidade trazia o preço sobe para os 54 250 euros.

De série, o Peugeot E-3008 traz a carroçaria pintada no brilhante Azul Obsession, que já vimos nos mais variados tipos de comunicação da marca francesa. As alternativas disponíveis são cinco, todas com um valor de 650 euros: preto, branco, cinzento e dois tons de azul, um mais claro e outro mais escuro, o Ingaro, igual ao do E-3008 que vê nas imagens.

Veredito

Peugeot E-3008 GT

7.5/10

A nova geração do Peugeot 3008 traz o visual arrojado da marca francesa para uma nova era, além de estrear uma versão 100% elétrica. A qualidade geral é notável, das melhores do segmento, mas não é tão confortável como a «escola francesa» nos habituou. Digamos que ganhou modos mais germânicos. O preço podia ser um pouco mais competitivo.

Prós

  • Capacidade da bagageira
  • Rigor dos acabamentos
  • Médias de consumo
  • Visual exterior e interior

Contras

  • Preço na versão topo de gama
  • Suspensão firme na versão GT
  • Custo de alguns opcionais

Especificações técnicas

Versão base:47.150€

Classificação Euro NCAP: 5/5

54.250€

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura: Um motor elétrico
  • Posição: Dianteira, transversal
  • Carregamento: Bateria: 73 kWh (úteis)
  • Potência: 157 kW (213 cv)
  • Binário: 345 Nm

  • Tracção: Dianteira
  • Caixa de velocidades:  Caixa redutora (uma relação)

  • Comprimento: 4542 mm
  • Largura: 1895 mm
  • Altura: 1641 mm
  • Distância entre os eixos: 2739 mm
  • Bagageira: 520 litros
  • Jantes / Pneus: 235/50 R20 104 V
  • Peso: 2183 kg

  • Média de consumo: 16,9 kWh/100 km; Autonomia: 527 km
  • Velocidade máxima: 170 km/h
  • Aceleração máxima: >8,8s

    Tem:

    • Acesso e ligação mãos-livres
    • Ar condicionado automático
    • Bancos dianteiros aquecidos
    • Carregamento do smartphone por indução
    • Drive Assist: Travagem de emergência, manutenção da posição na via, reconhecimento dos sinais de trânsito, limitador de velocidade e cruise control adaptativo com função Stop & Go
    • Espelho retrovisor interior eletrocromático sem moldura
    • Espelhos retrovisores exteriores elétricos com iluminação de acolhimento
    • Espelhos retrovisores exteriores em preto brilhante
    • Faróis Matrix LED
    • Faróis Peugeot Pixel LED
    • Luzes de circulação diurna em LED
    • Painel de bordo com decoração em tecido e alumínio
    • Pedais em alumínio
    • Peugeot i-Connect Advanced: Navegação conectada, EV routing, rádio, Bluetooth, mirror screen sem fios
    • Peugeot i-Toggles virtuais
    • Peugeot Panoramic i-Cockpit com ecrã curvo HD 21”
    • Piso da bagageira com 2 posições
    • Portão traseiro motorizado
    • Sensores de estacionamento dianteiro e traseiro + câmara traseira
    • Spoiler traseiro em preto brilhante
    • Tapetes com emblema GT
    • Tejadilho bi-tom preto Perla Nera
    • Volante aquecido
    • Volante em couro perfurado com emblema GT

Pintura metalizada: 650 €
Pack Visão 360º & Drive Assist Plus: 1450 €

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