Renault Symbioz é um Captur XL. Justifica pagar a diferença?

O Renault Symbioz custa mais 4000 euros do que o Captur e justifica a diferença apenas com uma característica.

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Sim, é mais um SUV familiar compacto. A Renault está a apostar forte no segmento C e depois do Austral e do Scenic, lançou o Symbioz, um modelo que tem no espaço e na versatilidade os seus principais trunfos.

Mas será que a Renault precisava de mais um SUV? Vamos a números: com 4,41 m de comprimento, o Renault Symbioz é 18 cm mais comprido do que o Captur e 10 cm mais curto do que o Austral.

Talvez faça algum sentido, mas mais sentido faz quando sabemos que o Symbioz vem tomar o lugar antes ocupado pela carrinha Mégane Sports Tourer, que foi descontinuada. Sendo os atuais Megane e Scenic totalmente elétricos, ficou a faltar uma opção a combustão para o segmento dos familiares compactos.

Espaço muda tudo

Para os que continuam com dúvidas, vamos falar do espaço. Porque esse acaba mesmo por ser o maior fator diferenciador em relação ao Captur.

O banco traseiro, por exemplo, surge montado sob uma calha que lhe permite deslizar até 16 cm, o que oferece uma maior versatilidade, como se pode ver neste vídeo:

A capacidade da bagageira varia entre os 492 litros e os 624 litros, dependendo da posição do banco traseiro. Quando o rebatemos a capacidade total de carga cresce até aos 1582 litros.

Em comparação com o Captur, a diferença é expressiva. Na versão Hybrid — como a que testei neste Symbioz — o Captur apresenta uma capacidade que varia entre os 326 litros e os 440 litros, que sobe para os 1149 litros com os bancos traseiros rebatidos.

Só híbrido

Construído sobre a plataforma CMF-B, a mesma que serve de base a modelos como o Clio, Captur e Arkana (sem esquecer os Dacia Sandero e Duster), o Symbioz apresenta-se apenas com uma motorização, pelo menos para já.

Trata-se do já conhecido sistema híbrido E-Tech que tivemos oportunidade de testar no Arkana e no Captur. Combina um motor a gasolina com quatro cilindros e 1,6 l, com dois motores elétricos (um de tração e um motor-gerador) e uma bateria com 1,2 kWh de capacidade, para uma potência combinada de 145 cv.

A gerir tudo isto está a caixa multi-modo do Grupo Renault, que não apresenta embraiagem e que tem quatro relações para o motor de combustão e duas para o motor elétrico de tração, que se combinam em 14 modos distintos.

E os consumos?

Este sistema destaca-se por ser muito suave e por recorrer apenas ao motor elétrico em muitas situações, sobretudo quando estamos a circular em ambientes urbanos. A Renault garante que o Symbioz consegue andar até 80% do tempo em modo elétrico em condução urbana.

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Por isso mesmo, é relativamente fácil fazer consumos médios em torno dos cinco litros, um número muito interessante para uma proposta com estas dimensões.

E por termos um depósito de combustível com 48 litros, isso significa que temos uma autonomia total a rondar os 1000 km. Por si só é um argumento fortíssimo a favor do Symbioz, ainda mais para aquelas pessoas que olham para as autonomias limitadas dos 100% elétricos como um entrave para um veículo com responsabilidades familiares.

Como é conduzi-lo?

A nota do funcionamento do conjunto híbrido é francamente positiva: o comportamento é suave (o sistema faz quase sempre tudo por nós) e não vem acompanhado da banda sonora mais ruidosa típica das caixas de variação contínua.

Ainda assim, por vezes, a caixa revela algumas hesitações, sobretudo quando subimos o ritmo. Por outro lado, a progressividade da dupla de motores é de elogiar, que mostra ter grande disponibilidade desde dos regimes mais baixos.

Sem surpresa, a velocidades mais elevadas, em autoestrada, o motor a gasolina faz-se ouvir mais. E verdade seja dita, não tem a sonoridade mais agradável do mundo. Mas no que toca à experiência de condução em si, há muito pouco a apontar a este C-SUV, que tem nas necessidades das famílias a sua maior prioridade.

Por isso não me incomoda que esta motorização não seja a mais entusiasmante ou célere — 0-100 km/h em 10,6s —, nem que o comportamento dinâmico não seja o mais divertido. O Symbioz não precisa disso e a Renault tem outras propostas para cobrir essas necessidades.

Dito isto, a direção é precisa e está longe de ser super-leve (ao contrário de outras propostas deste tipo), a suspensão denota um excelente controlo e o até o pedal do travão tem um bom tato, o que nem sempre acontece nas propostas com travagem regenerativa.

Sente-se que houve uma preocupação em encontrar um bom compromisso entre conforto e dinamismo, resultando num conjunto equilibrado. A carroçaria não adorna em demasia e a entrada em curva é precisa. A este nível não podemos exigir muito mais.

Igualmente importante é o facto do Symbioz nunca se mostrar desconfortável, mesmo quando passamos por pisos em pior estado e mesmo equipando jantes com 19″. Não existem ruídos parasitas e a construção do habitáculo revela um bom nível de execução.

Quanto custa o Renault Symbioz?

O Symbioz tem preços a começar nos 32 500 euros, mais 4000 euros do que o Captur com a mesma motorização e menos 5790 euros do que o Austral com a motorização E-Tech full-hybrid de 200 cv.

Contudo, a unidade que testei, com o nível iconic (o mais elevado) e com alguns opcionais selecionados, estava avaliada em 41 600 euros. É um valor que torna este SUV numa proposta menos apetecível, apesar de «carregar» muito equipamento.

Contas feitas, tenho sensações mistas face ao Symbioz. Por um lado é uma proposta interessante para quem procura um modelo com muito espaço; por outro tenho dificuldade em reconhecer a necessidade de ter um modelo entre o Captur e o Austral.

Se olhar para o Symbioz de forma isolada, é um modelo muito competente, na linha daquilo que a Renault nos tem vindo a habituar nos últimos anos. Na versão base, o preço é competitivo e já traz uma lista de equipamento compreensiva.

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Por outro lado, não deixo de pensar que para muitos clientes será difícil justificar o valor extra face a um Captur equivalente, que testámos recentemente:

Só mesmo quem tiver uma grande necessidade de espaço irá conseguir justificar o valor extra. Mas se estiver disposto a esticar o orçamento, o que faz sentido para mim é «piscar o olho» ao Austral, que é um modelo superior em todos os sentidos.