Skoda Kodiaq RS agora é a gasolina. Tem melhores atributos desportivos?

É o mesmo motor/caixa do Golf GTI, mas num SUV para sete?

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O Skoda Kodiaq RS propõe uma combinação pouco usual de características. Por um lado é um SUV familiar, com sete lugares, com muito espaço e excelente versatilidade. Por outro lado, «puxa» pela veia desportiva, não só pelas roupagens mais vistosas, como por vir com a mesma combinação motor/caixa do Golf GTI.

Será esta uma combinação vencedora ou será que foi necessário comprometer, de alguma maneira, as credenciais de grande familiar, ou pelo contrário, comprometer o seu lado mais dinâmico e de performance?

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Todas estas dúvidas são válidas. Mas felizmente o Skoda Kodiaq RS trata de as esclarecer assim que assumimos o volante. E lamento estragar-vos já a surpresa: não foi necessário comprometer nada. E ainda bem.

Mas apesar de nada ter sido comprometido, é preciso ter uma coisa sempre presente: o Kodiaq é um SUV familiar, pensado para famílias numerosas — está disponível com uma configuração de cinco ou sete lugares.

E isso fica logo visível no seu tamanho, que é imponente: tem 4,69 m de comprimento, 1,88 m de largura e 1,68 m de altura. Naturalmente, estes números traduzem-se num habitáculo espaçoso. E a esse nível, o SUV checo continua a impressionar e impera abrir um parênteses:

Independentemente da motorização que está debaixo do capô, o Skoda Kodiaq é sempre uma opção muito sensata para quem procura muito espaço e lugar para sete.

Nos lugares traseiros, por exemplo, o espaço para as pernas é descomunal, mesmo no lugar central. E o espaço livre pode aumentar ou diminuir de acordo com as necessidades, já que os bancos da segunda fila podem deslizar até 18 cm (longitudinalmente) para ganhar, caso seja preciso, espaço para as pernas de quem viaja nos bancos da terceira fila.

E aí, mesmo que o espaço não seja comparável ao da segunda fila, chega para transportar dois adultos, ainda que apenas em trajetos curtos. Fica evidente que foram desenhados mais para emergências, ou para crianças.

E a bagageira?

Quanto à bagageira, é tão camaleónica quanto o habitáculo. Com as três filas de bancos disponíveis o volume mínimo da bagageira são 230 litros (mais do que num Fiat 500, por exemplo).

Já com os bancos da última fila rebatidos, este número pode variar entre os 520 l e os 715 l, de acordo com a posição dos bancos traseiros.

Por outro lado, com todos os bancos traseiros (da 2.ª e 3.ª fila) rebatidos, o volume de carga sobe para uns notáveis 1950 l.

Espaçoso, mas emocional… q.b.

Nem só de espaço se faz o interior do Kodiaq RS que, tal como se pede a uma proposta com estas ambições, tem elementos mais emotivos, típicos das propostas tipicamente desportivas.

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O exemplo mais claro disso são os bancos desportivos com apoios de cabeça integrados. São feitos em couro, têm costuras em vermelho e contam, no topo, com a inscrição RS, que também encontramos na base do volante de três braços.

A juntar a isso, salta à vista o acabamento com efeito em carbono que encontramos no tabliê, os pespontos em vermelho um pouco por toda a cabine e os pedais com acabamento em alumínio.

Todos estes detalhes contribuem para uma sensação geral de qualidade muito grande. A montagem é boa e a escolha dos materiais é cuidada.

Na atualização mais recente, que ficámos a conhecer em 2021, o Kodiaq RS abandonou a motorização Diesel biturbo de 2,0 l com 240 cv em detrimento do bloco 2.0 TSI EVO a gasolina com 245 cv de Grupo Volkswagen.

É exatamente o mesmo motor que encontramos, por exemplo, no Volkswagen Golf GTI. Mesmo assim, não é o Skoda mais potente. Esse título pertence ao elétrico Enyaq Coupé RS iV, com 299 cv.

Este bloco de quatro cilindros em linha surge associado a uma caixa DSG de sete velocidades e a um sistema de tração integral. Graças a isso o SUV checo é capaz de acelerar dos 0 aos 100 km/h em 6,6s e atingir os 233 km/h de velocidade máxima, números respeitáveis para uma proposta com este porte — pesa mais de 1800 kg.

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Mas mais importante do que os números na ficha técnica é perceber, quando o conduzimos, a excelente disponibilidade deste motor.

O binário máximo surge logo às 1600 rpm e isso sente-se, sobretudo quando selecionamos o modo Sport e autorizamos o motor — e toda a mecânica — a dar-nos o melhor que consegue. Isto porque no modo Eco, por exemplo, ou mesmo no modo Comfort (o modo por defeito), sentimos que o motor parece algo «preguiçoso».

No modo Sport, a resposta do acelerador é mais sensível, a direção fica mais pesada e os movimentos da carroçaria ficam ligeiramente mais firmes. Porém, a diferença que acabamos por notar de imediato é mesmo a nota do escape, que tem uma sonoridade algo artificial.

Skoda Kodiaq RS. Numa palavra: competente

O comportamento dinâmico do Skoda Kodiaq RS é satisfatório, sem ser excecional. O eixo dianteiro é mais preciso e direto do que seria de esperar numa proposta deste género, mas a direção não transmite muita informação e a carroçaria continua a ter alguma liberdade de movimentos.

Não me interpretem mal: se quiserem fazer um troço mais exigente com este Skoda Kodiaq RS vão conseguir fazê-lo a velocidades mais elevadas do que o esperado. Mas vão perceber rapidamente onde está o limite, porque os movimentos da carroçaria e o acerto algo suave da suspensão — sobretudo para este peso — vão manifestar-se.

Mas é eficaz e deixa-nos adotar ritmos bem rápidos. E até aproximar-se do limite, mantém uma compostura que chega a ser admirável para um SUV deste tamanho. A juntar a isso, a travagem é muito competente e revela sempre uma facilidade de utilização que nos faz esquecer que estamos aos comandos de um SUV com 1800 kg.

E os consumos?

Quanto aos consumos, nos cerca de 400 km que somei, fiz uma média de 11 l/100 km. Naturalmente, em autoestrada e a velocidades constantes, consegui médias inferiores a 8 l/100 km.

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Já em cidade o painel de bordo assinalou muitas vezes um valor acima dos 12 l/100 km. Correndo o risco de me repetir, é o preço a pagar por queremos ter um SUV com 245 cv e com lugar para toda a família.

Em Portugal o Skoda Kodiaq RS está disponível com preços desde os 65 095 euros, ainda que a unidade testada ascenda aos 70 485 euros, fruto dos muitos opcionais que «carrega».

Está longe de ser barato, mas importa, mais uma vez, recordar o que temos em «mãos»: um SUV com sete lugares, de ambições desportivas e com o mesmo motor do Volkswagen Golf GTI.

E por isso mesmo, o Skoda Kodiaq RS revela um nível de versatilidade que estou seguro que caía bem a muitas famílias: quem não quer ter um carro capaz de cumprir todas as responsabilidades familiares e ainda nos deixar desfrutar de uma estrada mais revirada?

Mas para mim o que mais salta à vista é a qualidade geral do Kodiaq enquanto modelo. Seja nesta versão mais apimentada ou noutra mais modesta, o maior SUV da Skoda dá sempre muito boa conta de si.

Não é o mais espetacular, o mais exuberante ou o mais divertido. Mas cumpre sempre com a primeira coisa que quem o compra lhe vai pedir: ser um familiar por excelência.

E nesta versão acrescenta coisas ao cardápio que certamente vão satisfazer os pais/mães de família que gostem de um carro com um tato mais desportivo.